O uso de produtos tópicos para a pele, como hidratantes
hipoalergénicos à base de ácido lático ou ureia, duas vezes
ao dia, pode reduzir pela metade a incidência de lesões
cutâneas, e o uso de sabonetes alcalinos, antibacterianos ou
perfumados pode alterar o microclima da pele, por isso
recomenda-se substituí-los por sabonetes com pH neutro,
uso de água morna e diminuição da duração e periodicidade
do banho, (recomendado banho a cada dois dias), defendido
por Spin et al..14
Esta conclusão também é alcançada no artigo de Palmer,15
ao referir que a terapia emoliente promove a saúde geral da
pele e a aplicação bidiária reduz a incidência de quebras
cutâneas em 50%. A frequência do banho deve ser
minimizada e realizada somente quando necessário, com
uso de produtos emolientes e com pH neutro. A
temperatura da água não deve ser muito quente para não
destruir a epiderme, tendo o cuidado de secar a pele do
utente (não esfregar), com o uso de panos macios e toalhas
que não sejam abrasivos para a pele.
Segundo Palmer,15 a prevenção das quebras cutâneas deve
envolver elementos holísticos, que considerem a saúde geral
do utente, a nutrição e a hidratação adequadas.
Aconselhar o utente sobre quebras de pele e as medidas
preventivas pode ser benéfico para que os utentes possam
monitorizar alterações da sua própria pele e evitar autolesão
da pele frágil.
O risco de trauma potencial pode ser mitigado com algumas
considerações, tais como: evitar atrito e cisalhamento, boas
técnicas de manuseio manual, recorrendo a dispositivos
como guinchos e transferes; deve-se almofadar os
equipamentos e móveis; e garantir um ambiente seguro (por
exemplo, com iluminação adequada e sem obstáculos).
O estudo de Nomoto & Iizaka,13 conclui que a
administração de suplementos nutricionais orais contendo
peptídeos de colagénio durante 8 semanas podem reduzir a
vulnerabilidade da pele em idosos e, assim, prevenir as
quebras de pele. Os mecanismos de tais melhorias são
desconhecidos, mas a ingestão dos peptídeos de colagénio
contidos nos suplementos nutricionais orais podem
estimular o crescimento de fibroblastos da pele e a síntese
de ácido hialurónico.
Spin et al.,14 referem que os utentes que apresentam
desnutrição, desidratação, e baixos níveis de albumina sérica,
estão mais propensos ao aparecimento de lesões, pois o
índice de massa corporal contribui para o envelhecimento
precoce da pele.
Assim, e segundo Spin et al.,14 para a prevenção das quebras
de pele em idosos emergiram quatro pilares do cuidado:
• manutenção da homeostase orgânica e tissular com foco
na nutrição e hidratação apropriadas;
• evitar traumas na pele envelhecida, proporcionando um
ambiente seguro com dispositivos adequados;
• sistematização da assistência e educação para a saúde do
cuidado com a pele do idoso;
mecanismos de prevenção, que englobem um plano de
cuidados singular e atividades de educação para a saúde,
focadas nos fatores de risco e nas vulnerabilidades,
minimizando danos e complicações.
A educação e a conscientização são vitais tanto para o
utente, como para o profissional de saúde poder minimizar
o risco de lesões na pele.
Conclusão
A elaboração desta revisão integrativa da literatura permitiu-
nos obter algumas respostas à questão PEO inicialmente
proposta.
Com a análise dos artigos, que integraram a amostra,
concluímos que existe uma relação entre a aplicação tópica
de produtos de cuidados à pele, como cremes hidrantes e
emolientes, e a redução da prevalência de desenvolvimento
de quebras de pele, em cerca de 50%.
Apesar do estudo ter uma amostra pequena, demonstrou
que a administração de suplementos nutricionais orais com
10g de peptídeos de colagénio podem reduzir a
vulnerabilidade da pele dos idosos e, assim, prevenir as
quebras de pele.
A prevenção primária e a promoção da educação para a
saúde nos cuidados à pele do idoso têm um papel crucial na
prevenção das quebras de pele nesta faixa etária. A visão
holística da pessoa portadora de quebra de pele, a promoção
dos cuidados da pele, a gestão dos cuidados de higiene, um
ambiente seguro e uma dieta equilibrada são fulcrais para a
prevenção de quebras de pele no idoso independentemente
de estar em contexto domiciliar ou em contexto
institucional.
Após a revisão sistemática da literatura foi percetível a
escassez de estudos para fundamentar os cuidados de
enfermagem na prevenção de quebras de pele no idoso.
Tendo em conta que as quebras de pele são dolorosas,
afetam a qualidade de vida da pessoa portadora da lesão e
dos cuidadores, podem ser um foco de infeção e provocam
encargos para a pessoa/família e para o sistema de saúde, é
imprescindível a realização de mais estudos sobre esta
problemática no futuro.
Este estudo, para as profissionais de saúde que o
elaboraram, foi enriquecedor na medida em que foram
obtidos conhecimentos sobre os benefícios da aplicação de
produtos de cuidados da pele como cremes hidratantes e
emolientes (principalmente com a sua aplicação duas vezes
ao dia), servindo de base para a elaboração de uma
orientação técnica nas suas instituições de saúde.
Como enfermeiros, temos responsabilidade de instruir as
famílias e cuidadores, bem como os técnicos operacionais
de saúde, para a prevenção das quebras de pele. Este estudo
servirá de fundamentação para a elaboração de futuras
formações em serviço sobre a temática, direcionadas aos
profissionais de saúde da equipa multidisciplinar e/ou os
cuidadores informais.
Com cuidados de baixo custo e de fácil aplicabilidade,
podemos reduzir a incidência de quebras de pele em cerca
de 50%, aumentar a qualidade de vida da pessoa, e diminuir
os encargos deste tipo de lesão tecidular ao sistema de saúde
e aos utentes/famílias.