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Pensar Enfermagem / v.27 n.01 / agosto 2023
DOI: 10.56732/pensarenf.v27i1.218
Artigo Teórico
Como citar este artigo: Santos J. Enfermagem avançada: recordar o passado, apreciar o presente e
perspetivar o futuro. Pensar Enf [Internet]. 2023 Ago; 27(1)87-94. Available from:
https://doi.org/10.56732/pensarenf.v27i1.218
Enfermagem avançada: recordar o passado,
apreciar o presente e perspetivar o futuro
Resumo
Introdução
O presente artigo surge da análise da prática de cuidados como Enfermeiro, num sentido de
melhoria contínua. Deste modo, compreendendo a história profissional, os paradigmas da
profissão e o posicionamento da Enfermagem em termos sociais no mundo atual, pode-se
perspetivar possibilidades de caminhos para a profissão.
Objetivos
Com o presente artigo pretende-se refletir sobre a evolução histórica da Enfermagem em
Portugal e perspetivar o futuro da Enfermagem portuguesa à luz das influências
internacionais.
Desenvolvimento
Foi abordada a perspetiva histórica e as implicações na prática de cuidados de Enfermagem,
o Cuidado Centrado na Pessoa/cliente e a individualização da intervenção e, por fim, a
Enfermagem Avançada e a Prática Avançada de Enfermagem. Analisando a perspetiva
histórica da Enfermagem ao longo dos séculos, desde o seu período abnegado, passando
pela época romântica pela medicina e pela fase tecnicista, compreende-se algumas práticas
atuais e dúvidas na perspetiva de futuro. O desenvolvimento do conhecimento e da prática
em Enfermagem deverá passar pelo reconhecimento e avanço das competências centrais da
disciplina.
Conclusão
É fundamental para o desenvolvimento da Enfermagem uma aproximação entre a produção
científica e a prática de cuidados. Facilitador deste processo é o desenvolvimento das
especialidades em Enfermagem como curso de mestrado, promovendo não práticas
diferenciadas, mas também um olhar e pensamento críticos dos profissionais. Neste
processo, não se deverá remeter para segundo plano a existência de outras ciências da
saúde, sociais e humanas, entre outras que fomentarão o desenvolvimento do corpo da
Enfermagem, mas também, torna-se fundamental a divulgação da produção científica em
Enfermagem, de forma a dar visibilidade à ciência e à prática da disciplina.
Palavras-chave
Enfermagem; História da Enfermagem; Enfermagem Centrada na Pessoa; Prática Avançada
de Enfermagem.
João Santos
1
orcid.org/0000-0003-0070-2451
1
Mestre. Centro de Medicina de Reabilitação de
Alcoitão, Lisboa, Portugal.
Autor de correspondência
João Santos
E-mail: joao.santos.rn@gmail.com
Recebido: 02.12.2022
Aceite: 10.05.2023
88 | Santos, J.
Artigo Teórico
Introdução
Desde que surge a vida, os cuidados existem: é necessário
“cuidar” da vida para que ela possa permanecer.
1 ( p.117)
A Enfermagem não se pode desligar no seu foco nem na
sua história das pessoas. Olhando para o passado, pode-se
afirmar que a Enfermagem e o seu desenvolvimento como
arte e ciência está intrincada na atenção da Mulher. Desde
sempre, que a Mulher assume o papel de cuidadora no seio
familiar, promovendo o desenvolvimento harmonioso dos
filhos, garantindo a higiene e a manutenção do
lar/domicílio, auxiliando na recolha de alimentos e na sua
preparação, para nomear algumas. Estas responsabilidades
inseridas no papel da Mulher-Mãe estão presentes até ao dia
de hoje, apesar das significativas mudanças sociais que a
família e a sua representação atualmente apresentam.
Historicamente, a Mulher teve um papel social menos ativo
até ao século XX O Século das Guerras. Apesar desse
apagamento social, a Mulher não deixou de ser uma pedra
basilar na sociedade ao longo dos séculos, não só pelo seu
crítico desempenho na família unidade estrutural e
fundamental da sociedade mas também pelo seu
envolvimento nas causas sociais, solidárias e
misericordiosas.
2,3
Adicionalmente, não se pode negar a relação histórica da
Enfermagem com a religião. No caso de Portugal, o
Cristianismo, com o seu fundamento altruísta e fraternal,
está associado ao cuidado ao próximo. Olhando para as
obras de misericórdia difundidas pelas Igreja Católica,
salienta-se as sete obras de misericórdia corporais (alimentar
os famintos, dar de beber aos quem m sede, vestir os
despidos, abrigar os sem abrigo, visitar os doentes, visitar os
presos e sepultar os mortos) e as sete obras de misericórdia
espirituais (ensinar os ignorantes, aconselhar os duvidosos,
advertir os pecadores, suportar os erros pacientemente,
perdoar as ofensas, confortar os tristes, rezar pelos vivos e
pelos mortos)
4
. Pelo descritivo das obras de misericórdia,
pode-se afirmar que os valores ou princípios fundamentais
da Enfermagem se encontram imiscuídos nestes princípios
religiosos. Esta relação íntima entre a Enfermagem e a
Religião foi exponenciada durante a Idade Média, devido às
epidemias, aos confrontos bélicos e à fome que vieram
agravar as condições sociais e de saúde. Neste sentido, a
religião surgiu como porto de abrigo para a sociedade
medieval, providenciando os cuidados de saúde necessários
através da intervenção das ordens religiosas.
5
Apesar deste papel da religião na sociedade, a expressão
desta atenção na maioria dos casos era feita pela Mulher,
envolvida na ação das ordens religiosas da época. Deste
modo, pode-se constatar a tríade Enfermagem Mulher
Religião, cujo pináculo assume-se em Florence Nightingale
a mãe da Enfermagem moderna. No século XIX, durante
a guerra da Crimeia, a falta de condições assistenciais aos
militares levou Nightingale a reformular e restruturar as
condições existentes higiene e limpeza, alimentação,
ventilação, luminosidade, organização e separação de
circuitos e espaços, entre outras. Este laboratório serviu de
catapulta para o seu contributo nos cuidados de saúde
modernos.
57
Esta reflexão surge no seguimento da análise da prática
diária como Enfermeiro, num sentido de melhoria contínua.
Deste modo, compreendendo a história profissional, os
paradigmas da profissão e o posicionamento da
Enfermagem em termos sociais no mundo atual, pode-se
perspetivar possibilidades de caminhos para a profissão.
Com o presente artigo pretende-se refletir sobre a evolução
histórica da Enfermagem em Portugal e perspetivar o futuro
da Enfermagem portuguesa à luz das influências
internacionais. Para o seu desenvolvimento será abordado o
percurso histórico abreviado: de Nightingale ao modelo
biomédico até aos modelos de Enfermagem implicações
na prática de cuidados de Enfermagem; o Cuidado
Centrado na Pessoa/cliente e a individualização da
intervenção; e a Enfermagem Avançada e a Prática
Avançada de Enfermagem.
Formatado para um cuidado holístico desde o início da
formação, criando um distanciamento do modelo
biomédico, centrado em sinais e sintomas, a prática
profissional pautou-se pela individualização dos cuidados.
Neste sentido e no de desenvolvimento de competências,
tornou-se evidente repensar as práticas profissionais para
avançar os cuidados de Enfermagem prestados na fase de
transição de enfermeiro generalista para enfermeiro
especialista.
Percurso Histórico Abreviado: de Nightingale aos
Modelos de Enfermagem Implicações na Prática de
Cuidados de Enfermagem
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde
como “não apenas como a ausência de doença, mas como a
situação de perfeito bem-estar físico, mental e social”.
8
Esta
definição de saúde de meados do século XX tenta abarcar
mais que o domínio físico da saúde, i.e., a ausência de
doença, de origem na física clássica, mecanicista. Pode-se
considerar que esta visão dualista entre saúde e doença está
na base do modelo biomédico, centrado em sinais e
sintomas aspetos objetivos, mensuráveis e no processo
de cura.
9
O modelo biomédico guiou a formação em Enfermagem
devido às relações profissional e formativa íntimas entre o
Médico e o Enfermeiro. Segundo o este modelo, os
cuidados de Enfermagem são centrados em rotinas ou
tarefas que deem resposta às necessidades físicas da pessoa
doente. Nesta linha de pensamento, surge a imagem da
Enfermagem como subalterna da Medicina, tendo como
objetivo a cura ou o controlo da doença, sendo o médico o
principal responsável pelos cuidados de saúde.
9
Retomando a influência da religião o Cristianismo na
Enfermagem, o modelo biomédico veio acrescentar à
Enfermagem os valores do romanticismo e do
pragmatismo. Embebida desde a sua génese em asceticismo,
a Enfermagem sempre teve um foco de doação e dedicação
total ao outro. Com a evolução científica e a consolidação
do modelo biomédico, a subjugação ao dico e a
tecnicidade da profissão tornaram-se também
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Artigo Teórico
predominantes na Enfermagem. Com estas conceções
subjacentes, pode-se afirmar que Enfermagem se encontra
entre os cuidados ao corpo, influência da Medicina, e os
cuidados ao espírito ou à alma, resultado do peso religioso.
9
Com a revolução de Nightingale, a Enfermagem
acrescentou Ciência à sua Arte
. O desenvolvimento do
corpo de conhecimento próprio da Enfermagem, pode-se
afirmar que foi iniciado pelo trabalho de Nightingale.
10
No
contexto multidisciplinar da saúde, não se pode ignorar a
influência que as diversas disciplinas m entre si. Em
constante desenvolvimento, o corpo de conhecimento
próprio da Enfermagem, requisito para a definição da
profissão e da disciplina, sofre mutações que desenvolvem
a prática da Enfermagem.
10,11
Para Florence Nightingale, a
Enfermagem centra-se no cuidado à pessoa, ao invés de no
processo de Enfermagem, na relação terapêutica ou no
Enfermeiro. Assim, a Enfermagem molda-se para dar
resposta às necessidades de cada pessoa. O Enfermeiro e a
pessoa cuidada são influenciados pelos fatores ambientais
que devem ser abordados para que sejam modificados no
sentido de um melhor cuidado à pessoa de acordo com as
suas necessidades. Foi com o trabalho de Nightingale que
se desenvolveu a formação em Enfermagem, pois na sua
perspetiva os Enfermeiros deveriam ter treino e formação
específica para o seu trabalho, permitindo a melhoria dos
cuidados prestados.
10,11
Durante o século XX, foram diversos os modelos
conceptuais da Enfermagem desenvolvidos. Pepin et al.
10
classificam as teóricas de Enfermagem em cinco escolas de
pensamento:
Escola das Necessidades: centrada nas situações de
dependência, a Enfermagem suplementa ou
complementa a pessoa para satisfazer as
necessidades fundamentais, promovendo a
independência (Roper, Henderson);
Escola da Interação: centrada no processo
terapêutico interpessoal entre o Enfermeiro, a
pessoa e o contexto de forma a facilitar os
processos de transição e maximizar a
funcionalidade em saúde (Peplau, King);
Escola dos Resultados: centrada na adaptação da
pessoa ao meio (interno ou externo), promovendo
respostas adaptativas adequadas (Roy, Neuman);
Escola do Ser Humano Unitário: centrada no bem-
estar da pessoa, maximizando o potencial
individual de saúde, em cada momento e lugar
(Newman, Rogers);
Para Hesbeen
43
, cuidar é uma arte, é uma arte terapêutica, (…)
que lhe vão permitir ajudar alguém, na sua situação singular
(p.37)
.
Escola do Cuidar: centrada no processo
fenomenológico de partilha entre o Enfermeiro e
a pessoa cuidada (Leinninger, Watson).
Os modelos teóricos em Enfermagem servem de lente para
olhar e compreender a realidade dos cuidados de
Enfermagem. Na sua conceção, existem quatro conceitos
metaparadigmáticos que fundamentam o modelo teórico
Enfermagem, Pessoa, Saúde e Ambiente. Resultante da
influência dos paradigmas vigentes as diversas escolas de
pensamento em Enfermagem deram corpo à Ciência
produzida.
10
Na atualidade dos cuidados de Enfermagem prestados,
pode-se afirmar que o paradigma holístico e a Enfermagem
holística estão a nortear a realidade profissional. Assim, a
Enfermagem abrange o cuidado de indivíduos, famílias, grupos e
comunidades, doentes ou saudáveis e em todos os ambientes. […] Inclui
a promoção da saúde, a prevenção da doença e o cuidado de pessoas
doentes, com deficiência e em processo de morte. Proteção, promoção de
um ambiente seguro, investigação, participação na formulação de
políticas de saúde e na gestão de doentes e de sistemas de saúde e
educação são também papéis importantes da Enfermagem.
12
Neste
sentido, a pessoa é muito mais que uma fonte de sinais e
sintomas, tem uma história e uma vivência prévias (cultura,
religião, espiritualidade, relacionamentos, entre outros) que
influenciam a forma de estar e de interagir com o outro
(neste caso com o Enfermeiro). É nesta interação que o
Enfermeiro reforça a existência e singularidade da pessoa
em processo de doença.
13,14
O Cuidado Centrado na Pessoa/Cliente e a
Individualização da Intervenção
O Modelo de Enfermagem Centrada na Pessoa reflete os
ideais de cuidado humanístico, onde existe uma
componente moral e a prática de Enfermagem tem na sua
base uma intencionalidade terapêutica, que se traduz em
relações construídas a partir de relações interpessoais
eficazes.
15
Segundo o modelo, a Enfermagem é uma
abordagem à prática estabelecida através da formação e
promoção de relações terapêuticas, tendo como base o
respeito pela pessoa; o direito individual à
autodeterminação; e o respeito e compreensão mútuos,
através de culturas de empoderamento promotoras de
desenvolvimento humanista.
15
Segundo McCormack &
McCance
15
a Enfermagem Centrada na Pessoa é focada em
3 grandes aspetos:
Competências do enfermeiro (competências
profissionais, competências pessoais,
compromisso com o trabalho e características
pessoais);
90 | Santos, J.
Artigo Teórico
Aspetos organizacionais (tempo, combinação de
habilidades e o papel do enfermeiro);
Atributos do cliente.
Além do foco na competência técnica é extremamente
importante o desenvolvimento de práticas de cuidado
humanísticas e holísticas para abraçar todas as formas de
conhecer e agir para promover a escolha e parceria na
tomada de decisão no cuidado.
15
A teoria de médio-alcance de Enfermagem Centrada na
Pessoa caracteriza-se por quatro aspetos fundamentais:
15,16
Pré-Requisitos: focam-se nos atributos do
enfermeiro e incluem ser profissionalmente
competente, desenvolver habilidades
interpessoais, autoconhecimento, estar
comprometido com o trabalho, ser capaz de
demonstrar clareza de crenças e valores e conhecer
a si mesmo;
Ambiente de Cuidado: concentra-se no contexto
onde os cuidados são prestados e incluem uma
combinação apropriada de habilidades; sistemas
que facilitam a tomada de decisão partilhada;
relações entre os elementos da equipa eficazes;
partilha responsável do poder; ambiente físico;
sistemas organizacionais de apoio; potencial para
inovação e tomada de riscos.
Processos Centrados na Pessoa: focam-se na
prestação de cuidados por meio de atividades que
operacionalizam centrada na pessoa Enfermagem
e incluem trabalhar com as crenças e valores do
cliente; partilha de decisões; envolvimento
autêntico; presença empática; prestação de
cuidados holísticos;
Resultados Esperados: incluem uma experiência
positiva com o cuidado prestado; envolvimento no
cuidado/prestação de cuidados; sentimento de
bem-estar; a existência de uma cultura saudável.
Os Cuidados Centrados na Pessoa desenvolvem-se a partir
da comunicação entre a pessoa e o profissional. Assim, as
intervenções do enfermeiro devem enfocar a escuta das
narrativas das pessoas sobre a sua experiência de adoecer, o
significado pessoal que atribui à doença e as restrições
sociais causadas pelo sofrimento e dos sintomas. Através da
compreensão destas experiências, o enfermeiro pode
fortalecer o envolvimento da pessoa nas decisões de
cuidados.
17
Quando é estabelecida uma comunicação eficaz,
demonstra-se interesse em escutar e o profissional
disponibiliza-se para compreender a perspetiva da pessoa,
Tradução livre do termo Engagement descrito por
McCormack & McCance
15
.
isso faz com que ganhe mais confiança na pessoa, é criado
um ambiente de cuidados em que existe uma maior partilha
sobre os seus sentimentos e maior envolvência no
processo de tomada de decisão.
17
O modelo centrado na pessoa realça a interação significativa
entre o enfermeiro e a pessoa. Nesse aspeto, McCormack &
McCance
15
ao descrever os processos centrados na pessoa
enuncia o Envolvimento
como espelho da qualidade da
relação enfermeiro-pessoa. De acordo com a capacidade de
resolução conjunta de problemas e/ou de trabalhar em
conjunto, os autores descrevem três níveis: envolvimento
total, não-envolvimento parcial e não-envolvimento total.
Na revisão de 2017, McCormack & McCance
16
renomeiam
o processo para Envolvimento Autêntico
. Na sua descrição,
Envolvimento Autêntico é considerado como a conexão do
Enfermeiro com o doente/pessoa e família (ou outras
pessoas significativas), determinada pelo conhecimento da
pessoa, clareza de crenças e valores, conhecimento de si
mesmo e experiência profissional. Esta interação entre
enfermeiro e pessoa é única, quer pelos indivíduos que a
compõem, quer pelo momento em que é estabelecida.
Apesar desta mudança, os autores mantêm os níveis de
envolvimento descritos anteriormente.
Pela análise da prática de cuidados, denota-se nos registos
de Enfermagem a presença do modelo biomédico. Apesar
do modelo teórico de Enfermagem adaptado pela
instituição ser o de Roper, Logan e Tierney sobre as
Atividades de Vida Diária, os registos de Enfermagem
elaborados na maioria das situações dão
resposta/visibilidade às tarefas efetuadas, ao controlo
sintomático, aos programas de melhoria contínua e/ou às
necessidades ou obrigações da componente diretiva/gestão.
A sua forma de organização e de estrutura, os registos têm
como base a satisfação das necessidades/atividades de vida
diária, porém denota-se o registo na funcionalidade.
Considera-se que os registos de Enfermagem documentam
os cuidados prestados, dando visibilidade aos mesmos.
Apesar da sua importância, são remetidos para segundo
plano em situações mais complexas ou de sobrecarga de
trabalho.
1820
Com efeito, o descrito anteriormente vai de encontro ao
descrito por Kärkkäinen et al.
21
. Os registos parecem
refletir, com frequência, as tarefas desempenhadas pelos
enfermeiros, em vez dos cuidados personalizados.
Adicionalmente, fazem referência à forma de se fazer
registos, que é preconizada pelas instituições o que pode ser
impeditiva da realização de registos centrados nos cuidados
individualizados. Assim, o conteúdo dos registos de
Tradução livre do termo Engagement Authentically
descrito por McCormack & McCance
16
.
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DOI: 10.56732/pensarenf.v27i1.218
Artigo Teórico
Enfermagem não atende a critérios abrangentes e centrados
na pessoa.
Adicionalmente, Kärkkäinen et al.
21
consideram que a
visibilidade do cuidado individualizado nos registos de
Enfermagem deve ter em consideração a vivência, as
necessidades e os desejos das pessoas cuidadas e que os
planos de cuidados devem ser elaborados com a
pessoa/doente e família. Ainda que deva existir esta
cooperação entre enfermeiro/pessoa, a documentação dos
cuidados não deve ser excluir o conhecimento cnico do
profissional, a tecnologia, a prática do cuidar nem os
princípios éticos.
A Enfermagem Avançada e a Prática Avançada de
Enfermagem na realidade portuguesa
A Enfermagem em Portugal sofreu um grande
desenvolvimento no último século. Esta explosão verificou-
se não só na sua prática efetiva de cuidados, associada à
evolução do conhecimento médico e à exigência das pessoas
cuidadas face aos cuidados prestados, mas também na sua
formação, através da integração da Enfermagem como
curso superior (bacharelato e posteriormente licenciatura) e
o desenvolvimento dos cursos de mestrado e de
doutoramento em Ciências de Enfermagem.
22
Com a evolução na prática de cuidados, houve a necessidade
de regular a profissão desenvolveu-se o Regulamento do
Exercício Profissional dos Enfermeiros e deu-se a criação
da Ordem dos Enfermeiros. No Regulamento do Exercício
Profissional dos Enfermeiros
23
, o enfermeiro desenvolve
dois tipos de intervenções, por um lado, as autónomas,
iniciadas pela prescrição do enfermeiro, por outro as
interdependentes, iniciadas na prescrição de outro
profissional de saúde.
Em alguns países, por dificuldades na assistência médica,
desenvolveu-se as competências técnicas de alguns
enfermeiros, ficando legalmente habilitados para o
diagnóstico, prescrição terapêutica e prescrição de exames
complementares de diagnóstico e sua interpretação. Este
acréscimo de competências médicas no enfermeiro veio
fomentar a criação do Nurse Practitioner
.
22,24,25
Na concepção do International Council of Nurses (ICN),
os Nurse Practitioners “são enfermeiros generalistas que, após
formação adicional (mestrado para o nível de entrada), são clínicos
autónomos”.
26
Pode-se equiparar, na realidade nacional, este
avanço na prática de Enfermagem, ao desenvolvimento de
competências interdependentes do enfermeiro. Também
Gardner et al.
27
e Silva
22
equiparam na sua conceção o Nurse
Optou-se por manter a designação original/internacional,
por não haver correspondência na prática portuguesa.
Practitioner como um modelo híbrido entre médico e
enfermeiro, assente no modelo biomédico.
Face a este avanço na prática de Enfermagem, tornou-se
premente definir o caminho para onde se queria
desenvolver o corpo, a prática e a ciência de Enfermagem.
A Canadian Nurses Association definiu enfermeiros de
Prática Avançada como:
Termo abrangente para Enfermeiros e Nurse Practitioners
que integram a preparação educacional de enfermagem de
pós-graduação com conhecimentos de enfermagem clínica
especializados e aprofundados na tomada de decisões
complexas para atender às necessidades de saúde de
indivíduos, famílias, grupos, comunidades e populações.
28
Estes enfermeiros de prática avançada m competências:
abrangentes/alargadas na prestação de cuidados diretos;
para a otimização dos sistemas de saúde;
educacionais/formativas; de investigação; liderança; e de
consulta e colaboração.
28
Mais recentemente, o ICN definiu a Enfermagem de Prática
Avançada como:
Cuidados de saúde aprimorados e ampliados e intervenções
desenvolvidas por enfermeiros que, numa capacidade
avançada, influenciam os resultados em saúde e fornecem
serviços de saúde diretos a indivíduos, famílias e
comunidades.
26
No mesmo documento, o ICN compreende o Clinical Nurse
Specialist
como um profissional com conhecimentos
avançados em Enfermagem, além dos desenvolvidos na
formação generalista ou de especialidade, para a tomada de
decisões complexas num determinado contexto específico,
promovendo a qualidade e impactando positivamente os
serviços de saúde.
26
Esta designação profissional, surge em
resposta ao desenvolvimento do contexto da prática de
cuidados especializados, exigindo formação acrescida além
da Especialidade em Enfermagem. Comparando com a
realidade portuguesa, a aquisição da Especialidade em
Enfermagem pelo grau académico de mestrado nível de
referência para a atribuição do título de Clinical Nurse
Specialist
26
pode ser considerado um caminho para o
desenvolvimento, ou melhor, para o avanço da prática da
Enfermagem portuguesa.
Nesta linha de pensamento e na realidade nacional, Silva
22
delineou a Enfermagem Avançada como um
desenvolvimento das competências na área do cuidar e de
tomada de decisão. Deste modo, o desenvolvimento dos
cursos de mestrado e de doutoramento em Enfermagem
vêm aprofundar o conhecimento das respostas humanas
Optou-se por manter a designação original/internacional,
por não haver correspondência na prática portuguesa.
92 | Santos, J.
Artigo Teórico
aos cuidados prestados, mas também desenvolver as
competências dos enfermeiros para a prestação efetiva de
cuidados.
29
No contexto do enfermeiro especialista, a
Ordem dos Enfermeiros definiu quatro domínios das
competências comuns: Responsabilidade profissional, ética
e legal; Melhoria contínua da qualidade; Gestão dos
cuidados; e Desenvolvimento das aprendizagens
profissionais.
30
No sentido do desenvolvimento das competências em
Enfermagem, Benner
31
conceptualizou-o em cinco níveis
ou fases, podendo as fases de Proficiente e de Perito ser
enquadradas com as competências do enfermeiro
especialista. No seu descritivo, o enfermeiro proficiente
apreende e compreende as situações de cuidados como
parte de um processo de vida, tomando decisões baseadas
no modelo holístico e aprendendo e modelando a
prática/tomada de decisão com a experiência.
Relativamente ao enfermeiro perito, este suporta a sua ação
a partir da intuição, sendo o seu desempenho elevado.
31
Comparando com o Strong Model of Advanced
Practice
27,32
, pode-se afirmar que as competências comuns
do enfermeiro especialista vão ao encontro das cinco áreas
de prática avançada, sendo a prestação dos cuidados de
especialidade
correspondentes aos Cuidados diretos
integrais
, e aos processos subjacentes da prática avançada.
Conclusão
Na Lei de Bases de Saúde
33
está subjacente os princípios da
qualidade e da segurança em saúde. A Enfermagem, como
ciência da saúde, procura dar resposta a Qualidade e
Segurança em saúde.
25
A OMS entende Qualidade em saúde como um elevado
grau de excelência profissional, com riscos mínimos,
resultados de saúde positivos para os utentes e com
eficiência na utilização dos recursos disponíveis
34
.
Adicionalmente, considera-se a qualidade em saúde como
uma relação entre os profissionais e os utentes/populações
que visa os melhores resultados em saúde desejáveis, de
acordo com o conhecimento atual.
35
Por outro lado, Segurança em saúde é mais do que “a
prevenção de danos aos pacientes”.
35
Para Mitchell
36
, patient
safety significa a ausência de danos evitáveis e a redução do
risco de danos desnecessários associados aos cuidados de
saúde a um mínimo aceitável, tendo como base o
conhecimento atual, os recursos disponíveis e o contexto
onde o cuidado foi prestado, em comparação com o risco
De acordo com os diversos Regulamentos das
Competências Específicas do Enfermeiro Especialista.
Tradução livre de Direct comprehensive care utilizado no
modelo de Mick & Ackerman
32
.
de não tratamento ou de outro tratamento. Desta forma,
qualidade e segurança em saúde surgem interligadas.
No sentido de excelência profissional e no desenvolvimento
do seu corpo de conhecimento como ciência, torna-se
fundamental para a Enfermagem
focar-se no incremento
de competências para o desempenho centrado na pessoa
alvo primordial dos cuidados de Enfermagem.
22
Olhando
para a evolução histórica da Enfermagem e para o
paradigma vigente, faz sentido compreender a teoria de
médio alcance dos Cuidados Centrados na Pessoa. No
contexto específico da Reabilitação, a abordagem centrada
na pessoa torna-se uma prática de excelência: abordar a
pessoa de forma holística, para resolver as suas dificuldades
do dia-a-dia, considerando-a como um especialista na sua
vivência/experiência vivencial; e colocar ênfase na
participação e capacitação, respeitando a pessoa além da
deficiência ou doença.
37
Na realidade de cuidados, as principais barreiras aos
cuidados centrados na pessoa vão ao encontro das descritas
por Moore et al.
38
, nomeadamente práticas e estruturas
tradicionais, a restrição de tempo e a documentação e
organização da instituição. Adicionalmente, a falta de
documentação de suporte aos cuidados centrados na pessoa
e a pouca visibilidade dos reais dos cuidados prestados nos
registos, acentuam as dificuldades na implementação desta
tipologia de cuidados.
A intervenção multidisciplinar em saúde, não só de diversas
especialidades médicas, mas também de diversos
profissionais de saúde, torna os cuidados em saúde um mar
de intervenções, no qual a pessoa se poderá naufragar.
Portanto, apreendendo o paradigma holístico para a sua
prática, a Enfermagem poderá ser considerada uma base
segura, ou melhor um porto de abrigo, a partir da qual, em
conjunto com a pessoa, se desenvolvem estratégias,
processos, entre outros, de melhoria da sua saúde e de
redução do impacto da sua situação de doença no seu
percurso vivencial.
39
Apesar das necessidades sentidas noutros países para a
inclusão de competências do foro médico no enfermeiro
40
,
em Portugal a média de enfermeiros encontra-se abaixo da
média da OCDE.
41
Neste sentido, pode-se afirmar que,
havendo dificuldade na prestação de cuidados de
Enfermagem à população, não fará sentido a aquisição de
competências extraprofissionais. Contudo, na bibliografia
salienta-se que os enfermeiros com competências acrescidas
Nurse Practitioners acrescentam valor na visão e na
prestação de cuidados de Enfermagem à população.
24,27
Enfermagem, entenda-se por enfermeiros na prestação de
cuidados, docentes das Escolas Superiores de Enfermagem
e investigadores em Enfermagem.
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DOI: 10.56732/pensarenf.v27i1.218
Artigo Teórico
Em suma, analisando a perspetiva histórica da Enfermagem
ao longo dos séculos, desde o seu período abnegado,
passando pela época romântica
pela medicina e pela fase
tecnicista, compreende-se algumas práticas atuais e dúvidas
na perspetiva de futuro.
9
Assim, o desenvolvimento do
conhecimento e da prática em Enfermagem deverá passar
pelo reconhecimento e avanço das competências centrais da
disciplina.
22
É fundamental para o desenvolvimento da
Enfermagem uma aproximação entre a produção científica
de domínio escolar e a prática de cuidados de domínio
comunitário e hospitalar. Facilitador deste processo é o
desenvolvimento da especialidade em Enfermagem como
curso de mestrado, promovendo não práticas
diferenciadas, mas também um olhar e pensamento críticos
dos profissionais.
29
Neste processo, não se deverá remeter
para segundo plano a existência de outras ciências da
saúde, sociais e humanas, entre outras que fomentarão o
desenvolvimento do corpo da Enfermagem, mas também,
torna-se fundamental a divulgação da produção científica
em Enfermagem, de forma a dar visibilidade à ciência e à
prática da disciplina.
22,40,42
Contribuições autorais
JS: Redação do manuscrito; Revisão crítica do manuscrito.
Conflito de interesses
O autor declara que não há conflito de interesses.
Referências
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