A pessoa com DC e família carecem de um
acompanhamento sistemático dada a especificidade das
suas necessidades
29,42,45,46
, por meio de uma abordagem
integrada, considerando as alterações que conseguem
realizar, a adaptações necessárias, os recursos internos,
redes de apoio e situação de vida. A intervenção
comunitária desenvolvida, sustentada pela metodologia
de Planeamento em Saúde e no referencial teórico de
Orem
15
, contribuiu para a capacitação da pessoa
hipertensa e família para a gestão da doença de uma USF
do ACeS A-S, constituindo-se como um contributo para
a prática evidenciando o benefício da intervenção do
EEEC no processo de capacitação da pessoa hipertensa
para a gestão da DC, conduzindo a uma abordagem
centrada na pessoa e família com foco na evicção de
complicações, manutenção da qualidade de vida e
envolvimento da família. Destaca o contributo da
intervenção do EEEC na melhoria da saúde da população
por via de intervenções alicerçadas na Promoção e
Educação para a Saúde. Revela que as estratégias de EpS
no âmbito da gestão da DC mobilizada pelos enfermeiros
potenciam a tomada de decisão autónoma e informada da
pessoa hipertensa no seu quotidiano com o apoio familiar
adequado. Consiste também num contributo para a
formação no sentido que, fomenta o desenvolvimento da
competência educativa integrada nos currículos do curso
de enfermagem, com a mobilização de recursos
individuais na prática clínica. Considerando que para tal,
a formação deverá ser iniciada no curso de licenciatura,
tendo aprofundamento nos cursos de especialização, com
a transmissão de pressupostos teóricos e resultados de
investigação, que permitam o desenvolvimento de
competências específicas de relação interpessoal e
conhecimento, orientadoras de condutas e disseminação
de informação pertinente para o público-alvo.
Por fim, constitui-se a mesma como contributo para a
investigação, enquanto evidência científica, sobre o
benefício das intervenções em contexto de consulta de
enfermagem, sessões de EpS e visita domiciliária, no
processo de capacitação da pessoa e família para a gestão
da DC. Com o término da intervenção de enfermagem
comunitária, na sua maioria os participantes do projeto
aumentaram os conhecimentos relativos ao curso da
doença, medidas de controlo e vigilância da HTA e estilo
de vida saudável adaptado à sua condição, revelando
alterações comportamentais no seu quotidiano.
Relativamente ao referencial teórico optou-se pela
utilização do sistema apoio-educação, preconizado na
Teoria do Défice de Autocuidado de Orem
1
, que se
revelou adequado e essencial para a aquisição de
conhecimentos e capacitação da pessoa e família para a
tomada de decisão consciente e informada a gestão da
doença. Este sistema pressupõem a associação de técnicas
de ajuda efetiva com a com o apoio, provisão, guia e
ensino, onde os requisitos da pessoa estão relacionados
com a tomada de decisão, controlo de comportamento,
aquisição de conhecimentos e estratégias, através da
aprendizagem de comportamentos, tornando-se o
próprio um agente de autocuidado. Quanto às
necessidades de ajuda da pessoa e família, relacionaram-
se com a tomada de decisão, controlo do comportamento
e aquisição de conhecimentos e desenvolvimento de
competências, onde se estimulou a capacitação para a
gestão da doença dos intervenientes. Sendo que, Orem
1
encara o autocuidado como uma habilidade, que pode ser
treinada e assim melhorar o estado de saúde da pessoa,
grupo ou comunidade.
Com a execução da intervenção comunitária, foi possível
promover a capacitação dos participantes, as sessões de
EpS foram uma estratégia fundamental de promoção do
autocuidado da pessoa e família, favorecendo a
identificação dos pares, partilha de conhecimentos,
vivências e a aquisição de conhecimentos. A avaliação,
enquanto etapa da metodologia, indicou o sucesso da
intervenção através dos indicadores de processo,
atividade e resultado, permitindo identificar os ganhos
efetivos em saúde. Verificou-se um aumento de
conhecimentos e alteração de comportamentos de
autocuidado, contudo, existe uma discrepância entre os
conhecimentos e a sua operacionalização consistente no
quotidiano, que pretendemos reduzir com a
implementação da consulta de enfermagem de HTA,
promovendo a efetividade dos momentos de ensino, de
comprometimento com o processo de mudança,
capacidade de autocuidado e literacia em saúde. Tal como,
a visitação domiciliária, que conforme constatamos, foi
uma estratégia com bastante sucesso, enquanto
instrumento de assistência, assente no plano de cuidados
para capacitação relativa à gestão da doença,
possibilitando o processo educacional, treino in loco e de
interação familiar, a família é a primeira unidade social
onde o indivíduo se insere e tem um papel fundamental
na manutenção e incentivo para a gestão da doença
crónica. A promoção dos comportamentos e estilos de
vida saudáveis não pode ser descontextualizada do
ambiente socioeconómico e político onde a pessoa e
família está inserida, destacando assim a importância da
intervenção do EEEC
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, dado a proximidade com a
comunidade identifica os problemas de saúde, tendo um
papel primordial no apoio e acompanhamento da
comunidade, através das suas intervenções específicas que
levam à melhoria da prestação de cuidados, com a
implementação de projetos que respondam às
necessidades identificadas.
Deste modo, assegurando a continuidade do presente
projeto, os resultados obtidos foram apresentados à
equipa multidisciplinar da USF, o material pedagógico
desenvolvido foi cedido à equipa de enfermagem,
possibilitando a continuidade da sua aplicação. Durante o
projeto a consulta de enfermagem, alicerçada no guião de
boas práticas que compila todas as normas e políticas
nacionais referentes à gestão da doença e os processos de
capacitação no domicílio, revelaram uma mais-valia para
os resultados obtidos, foi também cedido todo o material
que permite implementação e operacionalização,
permitindo para além da continuidade a melhoria com
introdução de novas estratégias e intervenções, que
permitam o acompanhamento, aconselhamento e ensino.