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Pensar Enfermagem / v.27 n.01 / julho 2023
DOI: 10.56732/pensarenf.v27i1.258
Artigo Original Quantitativo
Como citar este artigo: Figueiredo S, Brites M, Sousa J. Capacitação da pessoa hipertensa e família para a
gestão da doença: uma intervenção de enfermagem comunitária. Pensar Enf [Internet]. 2023 Jul; 27(1):64-75.
Available from: https://doi.org/10.56732/pensarenf.v27i1.258
Capacitação da pessoa hipertensa e família para a
gestão da doença: uma intervenção de enfermagem
comunitária
Introdução
A hipertensão arterial é uma doença crónica com elevada prevalência nacional, bem como,
é o principal fator de risco para a doença rebro cardiovascular. Deste modo, a capacitação
para a gestão da doença é essencial para o controlo e evicção de complicações. Através da
determinação do nível de conhecimento da pessoa e família sobre a hipertensão, foi
possível estruturar a intervenção visando a promoção da autonomia para a tomada de
decisão consciente, adoção de estilos de vida saudáveis e participação ativa no seu projeto
de saúde.
Objetivo
Capacitar para a gestão da doença a pessoa hipertensa na faixa etária compreendida entre
os 45 e os 65 anos e família, inscritos numa Unidade de Saúde Familiar (USF) na área de
intervenção do Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) Almada/Seixal.
Métodos
O estudo observacional transversal analítico, decorreu com base na metodologia de
Planeamento em Saúde, assente no referencial teórico de enfermagem do Modelo de
Autocuidado de Dorothea Orem. Para a realização do Diagnóstico de Situação foi
construído e aplicado um questionário para a obtenção da caracterização sociodemográfica
da amostra, identificação dos comportamentos para gestão da doença. A amostra foi
constituída através da técnica de amostragem intencional. Para a operacionalização foi
previamente obtido parecer favorável da comissão de ética para a saúde da Administração
Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) com a referência
5043/CES/INV2022.
Resultados
O diagnóstico de situação revelou défice de conhecimentos sobre a doença e sua gestão,
bem como, fice de autocuidado, o que compromete a qualidade de vida dos participantes.
Com a priorização dos problemas, foi selecionada a educação para a saúde enquanto
estratégia. Após a intervenção comunitária, 70% dos participantes avalia e regista os valores
de TA diariamente; 100% destes identifica corretamente os comportamentos de risco para
o agravamento da HTA; 63% dos participantes pratica atividade física regular; 87% dos
participantes refere ter reduzido a ingestão diária de sal; e, 100% dos familiares identificou
duas áreas em que o seu familiar necessita de maior suporte, sendo as mais frequentes, o
estímulo para a atividade física e restrição/substituição do sal na alimentação.
Conclusão
O presente projeto foi um importante contributo para a capacitação da pessoa hipertensa
e família para a gestão da doença, uma vez que, após o seu término verificou-se um aumento
de conhecimentos dos participantes, bem como, alterações comportamentais associadas a
estilos de vida saudáveis.
Palavras-chave
Capacitação; Gestão da Doença; Adesão Terapêutica; Hipertensão Arterial; Enfermeiro.
Soraia Nobre Figueiredo
1
orcid.org/0000-0001-7857-6614
Maria Jorge Brites
2
orcid.org/0000-0002-7650-0066
José Edmundo Sousa
3
orcid.org/0000-0003-2136-4471
1
Mestrado. Serviço de Hemato-oncologia, Centro
Hospitalar e Universitário de Lisboa Central, Lisboa,
Portugal.
2
Mestrado. Unidade de Saúde Familiar Ponte, ACeS
Almada-Seixal, Almada, Portugal.
3
Doutoramento. Professor Doutor da Escola Superior
de Enfermagem de Lisboa, Professor Adjunto
Departamento de Saúde Comunitária, Lisboa,
Portugal.
Autor de correspondência
Soraia Nobre Figueiredo
E-mail: soraia.nobre87@gmail.com
Recebido: 07.02.2023
Aceite: 19.05.2023
Pensar Enfermagem / v.27 n.01 / julho 2023 | 65
DOI: 10.56732/pensarenf.v27i1.258
Artigo Original Quantitativo
Introdução
A Hipertensão Arterial (HTA) afeta mil milhões de pessoas
em todo o mundo, sendo responsável por 7,6 milhões das
mortes prematuras a nível mundial. É o fator de risco mais
prevalente para as doenças cardiovasculares (DCV),
causando cerca de 14% do total de mortes a nível mundial,
e 143 milhões de anos de vida associados à incapacidade
[Disability Adjusted Life Years, (DALYs)].
1,2
Em Portugal,
segundo os dados do Instituto Nacional de Saúde Doutor
Ricardo Jorge (INSA)
3
, decorrentes do Inquérito Nacional
com Exame Físico (INSEF)
3
, a prevalência nacional de
HTA é de 36%. Constitui-se como um problema de saúde
pública, dada a sua elevada prevalência na população adulta,
os baixos níveis de adesão terapêutica e frequentemente o
diagnóstico tardio.
4
É uma doença crónica não transmissível, que consiste na
elevação mantida dos valores de pressão arterial sistólica
igual ou superior a 140mmhg e dos valores de pressão
diastólica igual ou superior a 90mmhg.
5,6
A sua instalação
progressiva, motivo pelo qual, inicialmente, os seus sinais e
sintomas não são percetíveis, contudo a sua elevação
contínua no tempo gera lesões nos vasos fragilizando-os,
podendo dar origem mais tarde a aneurismas, acidente
vascular cerebral (AVC), insuficiência cardíaca (IC), enfarte
agudo do miocárdio (EAM), insuficiência renal, entre
outras.
1
Os seus sintomas são inespecíficos e facilmente
associáveis a outras causas, levando a diagnósticos tardios.
4
É classificada em três níveis de gravidade: (1) Grau 1 -
hipertensão arterial ligeira (140-159/90-99 mmHg); (2)
Grau 2 - hipertensão arterial moderada (160-179/100-119
mmHg); e (3) Grau 3 - hipertensão arterial grave (180/110
mmHg), quanto etiologia é classificada como: HTA
essencial, primária ou idiopática, a mais frequente (causa
desconhecida); e HTA secundária, menos frequente, deriva
de uma patologia associada (potencialmente tratável ou
não), como, por exemplo, doença renal, síndrome de apneia
obstrutiva do sono; obesidade; entre outros.
4,5,6
A HTA é
uma condição multifatorial, segundo a Sociedade
Portuguesa de Hipertensão (SPH)
7
os fatores de risco para
o seu desenvolvimento são, essencialmente, fatores
genéticos não controláveis, relacionados com a etnia, idade,
história familiar; fatores comportamentais, vinculados aos
estilos de vida não saudáveis, passíveis de modificação; e
fatores socioeconómicos como o nível de escolaridade,
baixos rendimentos familiares e más condições
habitacionais. Quanto aos fatores de risco potencialmente
modificáveis, foram identificados pela World Health
Organization (WHO)
1
o excesso de peso e/ou obesidade,
o tabagismo, o sedentarismo, o excesso do consumo de
bebidas alcoólicas, ingestão excessiva de alimentos ricos em
gorduras e sal. Em Portugal cerca de dois terços dos
hipertensos não sabem que o são, e dos que estão
diagnosticados apenas 11% têm a sua HTA controlada.
3
Amorim et al.
8
sugerem que a gestão da HTA deve ser na
sua maioria responsabilidade dos cuidados de saúde
primários, assim neste sentido, urgindo a necessidade de
identificação de estratégias eficazes para a gestão da doença,
prevenindo situações de incapacidade e redução da
qualidade de vida, que acarretam uma elevada expressão no
consumo de serviços de saúde, medicamentos e episódios
de internamento.
1
As atuais normas da Direção-Geral da
Saúde (DGS)
9
ditam que “a pessoa com HTA deve ter a
oportunidade de tomar decisões informadas sobre o seu
tratamento”
(p.14)
e que para isso o tratamento deverá “ser
culturalmente adequado e acessível”
9(p.4)
, bem como deve
permitir aos familiares serem envolvidos nas decisões
sobre os cuidados ao doente e tratamento indicado”.
9(p.5)
Sendo fundamental envolver a pessoa e família no processo
terapêutico, regendo-nos pelo pressuposto que quanto
melhor informados estiverem sobre a doença, terapêutica e
estilos de vida saudáveis, maior será a autonomia na gestão
da doença, alcançando melhores resultados de saúde.
4
Alinhando os pressupostos referidos com o Plano Nacional
de Saúde (PNS) 2021-2030 “a complexidade dos problemas
de saúde e os seus determinantes, e suas dinâmicas de
interpenetração e dependência exigem que passemos (...)
para abordagens multidimensionais”,
10(p.36)
este elege como
uma das estratégias de intervenção dirigidas aos
determinantes de saúde a “Educação para a (Auto)Gestão
da doença crónica”.
10(p.182)
No domínio da gestão da doença crónica (DC), a
intervenção diferenciada do Enfermeiro Especialista em
Enfermagem Comunitária (EEEC), visa a capacitação
sistematizada e coesa da pessoa e família para a gestão da
doença crónica.
11
De forma a promover uma prática
baseada na evidência científica mais atual, tal como refere
Ferreira et al.
12
é fundamental promover a adesão ao regime
terapêutico, principalmente no que diz respeito à atividade
física e aos cuidados dietéticos, devendo o EEEC atuar
nestes determinantes por forma a aumentar a eficácia da
gestão da HTA. Assim, e segundo os estudos consultados,
quanto às intervenções de enfermagem com maior eficácia
para a capacitação da pessoa hipertensa e família, destaca-
se o potencial da Educação para a Saúde (EpS) em grupo
ou individualmente, com enfoque na alteração de
comportamentos no quotidiano, o acompanhamento, a
promoção da literacia em saúde, o cuidado centrado na
pessoa e, o envolvimento familiar.
Objetivo
Capacitar para a gestão da doea a pessoa hipertensa na
faixa etária compreendida entre os 45 e os 65 anos e família,
inscritos numa Unidade de Saúde Familiar (USF) na área de
intervenção do Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS)
Almada/Seixal.
Método
Realizou-se um estudo observacional transversal
analítico,
13
desenvolvido segundo a metodologia de
Planeamento em Saúde (Tavares, 1990)
14
, alicerçado no
Modelo de Autocuidado de Orem (2001)
15
, visando a
predeterminação de um conjunto de ações para atingir os
resultados esperados.
16,17
Planear, em saúde, um
processo contínuo de previsão de recursos e de serviços
66 | Figueiredo, S.
Artigo Original Quantitativo
necessários, para atingir objetivos determinados segundo a
ordem de prioridades estabelecida, permitindo escolher a(s)
solucão(es) ótima(s) em várias alternativas; essas escolhas
tomam em consideração os constrangimentos atuais ou
previsíveis no futuro”.
14(p.29)
Consiste, então, num processo
contínuo de dinâmico, com várias etapas que preveem o
rigor metodológico.
A intervenção comunitária foi desenvolvida na área de
influência do ACeS A-S. A população desta área geográfica,
apresenta grande diversidade cultural, baixo nível de
escolaridade e a maior taxa de desemprego e de morbilidade
do ACeS A-S.
17
Com uma taxa de analfabetismo de 5,21%
é a mais elevada a nível nacional. Apresenta uma taxa de
desemprego de 19%.
17(p.13)
Segundo o PLS A-S
17
quanto
aos grupos populacionais prioritários, “(...) a análise do
estado de saúde da população evidenciou o elevado risco
de morte prematura da população residente no concelho de
Almada, designadamente associada doença isquémica
cardíaca(...)”.
17(p.13)
Sendo as doenças do aparelho
circulatório a causa mais frequente de morbilidade e
mortalidade proporcional em todas as idades e sexo dentro
da área de influência do ACeS.
A população do projeto são todos os indivíduos inscritos
na USF, definiu-se como populacão-alvo, os utentes
inscritos na USF com diagnóstico de HTA sem
complicações na faixa etária compreendida entre os 45 e 65
anos, inscritos na USF, o que se traduz num total de 113
pessoas. Como critérios de inclusão foram definidos:
população com diagnóstico de HTA sem complicações
(codificados com o código K86 do ICPC-2 no sistema
informático MedicineOne); na faixa etária suprarreferida; e,
que aceitaram participar voluntariamente no estudo. A
amostra foi constituída com recurso à técnica de
amostragem por conveniência ou intencional, composta
pelas pessoas com diagnóstico e faixa etária referidos, que
realizaram consulta de vigilância com o médico de família
e/ou consulta de enfermagem no período compreendido
entre 8 e 30 de junho de 2022, e destas, as que se
disponibilizaram e deram o seu consentimento informado
para participar na recolha de informação. Integrada por
trinta participantes. Foi construído e aplicado um
questionário, que se estrutura em tres partes: 1.ª parte -
caracterizacão sociodemográfica; 2.ª parte - situacão clínica
e estilo de vida e 3.ª parte - Escala de Medida de Adesão
Terapeutica (MAT).
18
A escala composta por sete
questes estruturadas de forma a se conseguir sintetizar os
hábitos e crencas da adesão ao tratamento medicamentoso,
foi criada por Morisky, Green e Levine (1986) traduzida,
adaptada e validada para a população e cultura portuguesa,
por Delgado e Lima
18
, a quem foi solicitada e obtida a
autorização para a sua aplicação. Para garantir uma
intervenção eticamente sólida, foi solicitada a autorização
para a realização do projeto Coordenadora da USF e ao
Ex.mo Sr. Diretor do ACeS Almada/Seixal, tendo sido
concedida. Obteve parecer favorável (5043/CES/2022), da
Comissão de Ética para a Saúde (CES) da Administração
Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT).
Após o parecer favorável da CES ARSLVT, informaram-
se os participantes sobre a metodologia, finalidade e os
objetivos do projeto, e foram aplicados os questionários a
todos os participantes da amostra, assegurando que os
mesmos preencheram e assinaram o consentimento
informado. Assegurando que entenderam os riscos e os
benefícios da sua participão, os seus direitos, incluindo o
de não participar ou de abandonar a participação a qualquer
momento sem qualquer prejuízo. Foi entregue a cada
participante o duplicado do consentimento informado. Os
questionários foram autopreenchidos, exceção das
situações em que os participantes necessitaram de auxílio
para o seu preenchimento, por analfabetismo e/ou
alterações de visão, sendo substituídos nesta tarefa por um
dos investigadores do projeto. Contudo, visando a
minimização do enviesamento dos dados, os questionários
foram preenchidos no início da consulta de enfermagem,
sendo que os que foram preenchidos com auxílio, foram
lidas as perguntas conforme redigidas no questionário. Os
dados colhidos, foram codificados, assegurando o
anonimato e confidencialidade.
O material empírico, proveniente da aplicação do
instrumento de colheita de dados, foi tratado com recurso
análise de estatística descritiva, através do software SPSS
Statistical Package for the Social Sciences (versão 28.0.0.0).
Resultados
Os participantes têm uma média de idades de 56,27 (DP=
6,38) anos, 47% dos participantes são do sexo masculino.
Relativamente à constituição do agregado familiar da
amostra, 34% dos inquiridos habitam em família do tipo
díade nuclear após a saída dos filhos, 23% em família
nuclear com cônjuge e filhos, 13% família monoparental e
30% refere viver sozinho, sendo o motivo mais frequente,
o falecimento do cônjuge. Foi questionado se no agregado
familiar existe mais algum elemento com HTA, 47%
respondeu que sim, referindo ser o cônjuge, 60% dos
participantes encontram-se profissionalmente ativos, em
diferentes áreas profissionais. No referente à vigilância dos
valores de Tensão Arterial (TA) 66% dos inquiridos apenas
avalia em consulta semestral na USF. No que concerne à
prática exercício físico, 87% dos participantes revelam
elevados níveis de inatividade física e sedentarismo. Foi
questionado se após o diagnóstico de HTA alteraram os
seus hábitos de vida, 73% refere não ter alterado, e os 27%
que responderam afirmativamente, e quais os hábitos
alterados, tendo estes, respondido a redução de sal na
alimentação, não especificando qual a quantidade de sal
ingerida anteriormente, nem a atual redução, o questionário
não nos permite quantificar o número de gramas ingerido
por dia. Sobre as medidas de controlo que utiliza no
quotidiano, 80% dos participantes referem apenas cumprir
a medicação prescrita sem associar outras medidas de
controlo. Quanto à restrição de sal na sua dieta diária, 53%
refere não restringir. Sobre o apoio familiar para a
implementação das medidas para controlo da sua HTA,
70% refere não ter apoio do seu agregado familiar. Na sua
maioria os participantes não consideram a mudança de
hábitos de vida como um benefício no controlo da HTA.
Foi também aplicada a escala de MAT
18
para identificação
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Artigo Original Quantitativo
do comportamento de adesão medicamentosa, uma vez
que, 80% refere apenas cumprir a medicação como medida
de gestão da HTA. Tendo como referência a indicação dos
autores, 39% dos participantes não reúnem a totalidade dos
critérios de adesão ao tratamento. Foram analisadas
isoladamente as respostas às questões que compõem a
escala, e enumeradas as fragilidades nos critérios de adesão,
sendo estes: o esquecimento da toma, o atraso no horário
da toma, abandono do tratamento por sentir melhorias e
abandono por término da medicação. Em média, os
participantes do estudo apresentaram excesso de peso,
sendo a média de peso de 75,46 kg, relativamente aos
antecedentes pessoais, 60,0% Diabetes Mellitus não
insulino dependente e 80% dos participantes sofrem de
dislipidemia.
Após o levantamento dos problemas e consequentes
necessidades, foram elaborados os diagnósticos de
enfermagem segundo a Classificação Internacional para a
Prática de Enfermagem (CIPE)
19
: (1) vigilância de saúde
[sobre a HTA] comprometido; (2) conhecimento sobre
regime de exercício físico comprometido; (3)
conhecimento sobre o regime dietético comprometido; (4)
conhecimento sobre o processo de mudança de
comportamentos comprometido; (5) conhecimento [sobre
a HTA] comprometido; (6) conhecimento da família sobre
a doença comprometido; (7) adesão ao regime terapêutico
comprometida; (8) autocuidado comprometido; (9)
capacidade da família para gerir o regime comprometida;
(10) risco de função cardiovascular prejudicada. Definindo,
assim, o ponto de partida sobre o qual será avaliado o
benefício da intervenção.
14
A priorização das necessidades
reais de saúde foi realizada com o suporte dos peritos,
segundo o Método de Hanlon. O método foi aplicado de
forma adaptada à amostra, considerando os critérios
enunciados por Tavares
14
: (1) Amplitude/Magnitude do
Problema; (2) Gravidade; (3) Eficácia da Solução e (4)
Exequibilidade do Projeto classificada com o acrónimo
PEARL (P- Pertinência, Exequibilidade Económica,
Aceitação da Comunidade, Recursos e Legalidade).
Segundo os resultados obtidos, o objetivo e o limite
temporal do projeto, intervimos nos problemas que
obtiveram maior pontuação, nomeadamente, vigilância de
saúde comprometido; conhecimentos da família sobre a
doença comprometido; autocuidado comprometido;
conhecimento [sobre a HTA] comprometido;
conhecimento sobre o processo de mudança de
comportamentos comprometido; conhecimento sobre o
regime de exercício comprometido; e conhecimento sobre
o regime dietético comprometido. Prosseguimos com a
fixação de objetivos, formulando o objetivo geral
Capacitar para a gestão da doença a pessoa hipertensa e
família, inscritos na USF, de outubro de 2022 a janeiro de
2023 e os objetivos específicos para população-alvo no
mesmo período temporal: (1) capacitar a pessoa hipertensa
e família para a importância da vigilância em saúde; (2)
capacitar a pessoa hipertensa e família para a gestão do
regime de exercício; (3) capacitar a pessoa hipertensa e
família para a gestão do regime dietético; (4) capacitar a
pessoa hipertensa e família para a identificação de fatores
de risco; (5) capacitar a pessoa e família sobre os ganhos em
saúde da alteração de comportamentos no controlo da
HTA; e, (6) envolver a família no processo de gestão da
doença do familiar hipertenso. No que concerne à seleção
de estratégias, foi fundamental repensar o conceito de
gestão da DC. Segundo WHO
20
, os custos imputáveis à DC
para os sistemas de saúde mundialmente equivalem a 60%-
80% das despesas totais, revelando a sobrecarga e
problemas de sustentabilidade financeira para os sistemas
de saúde. Em Portugal, segundo os dados do INSA
3
, cerca
de 43,9% da população portuguesa sofre de DC. Factos que
destacam a importância de implementação de estratégias
promotoras da gestão da DC, enquanto garante de ganhos
evidentes em saúde com repercussões positivas a nível dos
custos em saúde e qualidade de vida.
20
Por definição, o
conceito de gestão da DC, consiste num sistema
coordenado de intervenções direcionadas ao indivíduo,
grupo ou população, através da implementação de
estratégias e/ou criação de programas que integrem as
normas e guidelines mais recentes, para a promoção da
autonomia para o autocuidado da pessoa com DC.
21
Considerando que, a intervenção comunitária desenvolvida
corresponde ao nível da prevenção secundária, visando
capacitar a pessoa e família, para a tomada de decisão
autónoma, aumentando a sua motivação para alterar
comportamentos e promover a capacidade para a gestão da
doença, conciliamos um conjunto de estratégias
promotoras de saúde, como a educação para a saúde,
envolvimento da pessoa e família e
acompanhamento. Neste processo foram acauteladas as
possíveis barreiras à aprendizagem existentes e assim
implementadas estratégias facilitadoras da aprendizagem e
de motivação e incentivo à participação dos indivíduos e
família. As atividades desenvolvidas permitiram a
consecução dos objetivos definidos, e tiveram como
objetivo proporcionar um acompanhamento adequado aos
participantes, criando um ambiente promotor da aceitação
da DC, motivando-os para a aquisição de conhecimentos,
mudança de comportamentos e gestão da doença. Como
métodos recorremos à discussão em grupo, analogias,
preleção, demonstração e prática, perguntas e respostas. As
sessões em grupo constituíram uma oportunidade de
estímulo dos participantes para a identificação de
estratégias, partilha de experiências e identificação.
Procedemos também ao acompanhamento de forma
individualizada à pessoa e família em contexto de consulta
de enfermagem e visitação domiciliária dos participantes
que revelaram algum grau de
dependência segundo a escala de Barthel avaliada em
Sclinic
®
, com recurso ao modelo de avaliação familiar de
Figueiredo
22
, mais especificamente no domínio funcional
(papel do cuidador). As atividades englobaram, uma
caminhada, jogos lúdicos- pedagógicos, exibição de vídeos,
treino da autoavaliação da TA, e a informação transmitida
foi compilada e distribuída em formato de folhetos
informativos. Para avaliar os objetivos, atividades e
indicadores da intervenção comunitária, foram
considerados os conhecimentos obtidos pelos participantes
68 | Figueiredo, S.
Artigo Original Quantitativo
referentes às temáticas abordadas, coadunando-se aos
objetivos e indicadores de resultado definidos. Através da
ponderação: das respostas dos participantes após término
de processo educativo individual em consulta de
enfermagem de HTA; respostas aos questionários
aplicados após término das sessões de EpS; e por fim, após
o término de todas as atividades, foi aplicado um
questionário final composto por algumas questões
extraídas do instrumento de colheita de dados e questões
que pretendem aferir a aquisição de conhecimentos e a
possível alteração de comportamentos para a gestão da
doença. A sua análise e comparação com valores obtidos na
fase de DS permite inferir que todos os objetivos foram
atingidos conforme representado no quadro 1. Quanto às
alterações obtidas com a intervenção, analisamos com
recurso à estatística descritiva, os dados obtidos com o
questionário final, que apresentamos nos quadros 2,3,4,5 e
6.
Quadro 1 Avaliação do indicador de resultado, referente aos objetivos operacionais definidos
Indicador de Resultado
Valor obtido
% de participantes que avalia e regista valores tensionais regularmente
70%
Indicador de Resultado
Valor obtido
% de participantes que identificou comportamentos de risco apos CE.
100%
Indicador de Resultado
Valor obtido
% de participantes que considera importante realizar atividade física regular
100%
Indicador de Resultado
Valor obtido
% de participantes que restringe a ingestão de sal
87%
Indicador de Resultado
Valor obtido
% de participantes que identifica corretamente opções de substituição de sal na
alimentação, atravs do questionário de avaliação da 2º EpS “controle o seu coração,
reduza o sal na alimentação”
100%
Foram também analisados os dados referentes à
alteração de comportamentos, que apresentamos
em quadro, contrastando os dados iniciais e os
obtidos com a intervenção.
Pensar Enfermagem / v.27 n.01 / julho 2023 | 69
DOI: 10.56732/pensarenf.v27i1.258
Artigo Original Quantitativo
Quadro 2 Comparação da variável frequência de avaliação e registo da TA no 1º momento e 2º momento
Com que frequência avalia e
regista a sua Tensão Arterial?
1º Momento (Julho 2022)
Diagnóstico de situação
f=30
2º Momento (Janeiro 2023)
Avaliação final
f= 30
f
%
f
%
Sempre
0
0%
21
70%
Quase sempre
0
0%
9
30%
Quadro 3 Comparação da variável medidas de controlo da HTA no 1º momento e 2º momento
Que tipo de medidas toma para
controlar a HTA
1º Momento (Julho 2022)
Diagnóstico de situação
f=30
2º Momento (Janeiro 2023)
Avaliação final
f= 30
f
%
f
%
Apenas medicação
24
80%
0
0%
Diminuição da ingestão de
gorduras
1
3%
7
23%
Medicação e redução da
ingestão de sal
5
17%
23
77%
Quadro 4 Comparação da variável prática de atividade física no 1º momento e 2º momento
Pratica atividade física
1º Momento (Julho 2022)
Diagnóstico de situação
f=30
2º Momento (Janeiro 2023)
Avaliação final
f= 30
f
%
f
%
Sim
4
13%
19
63%
Não
26
87%
11
37%
Quadro 5 Comparação da variável restrição de sal na alimentação no 1º momento e 2º momento
Restrição de sal na alimentação
1º Momento (Julho 2022)
Diagnóstico de situação
f=30
2º Momento (Janeiro 2023)
Avaliação final
f= 30
f
%
f
%
Sim
14
47%
26
87%
Não
16
53%
4
13%
70 | Figueiredo, S.
Artigo Original Quantitativo
Quadro 6 Comparação do variável apoio familiar no 1º momento e 2º momento
Apoio familiar para seguir as
recomendações de controlo da
HTA
1º Momento (Julho 2022)
Diagnóstico de situação
f=30
2º Momento (Janeiro 2023)
Avaliação final
f= 30
f
%
f
%
Sim
9
30%
24
80%
Não
21
70%
6
20%
Após análise e avaliação, todos os objetivos foram
atingidos, bem como, os valores pré-estabelecidos,
relativamente aos indicadores de processo e de atividade.
Os resultados refletem a aquisição de conhecimentos por
parte dos participantes, bem como, a aquisição de
competências promotoras da alteração dos
comportamentos, adotando estilos de vida mais saudáveis.
Discussão
O aumento da DC a nível mundial, é um fenómeno
multifatorial, contudo relaciona-se essencialmente com os
estilos de vida e os padrões de consumo da sociedade
atual. Aproximadamente metade das pessoas portadoras
de DC desenvolve comorbilidades associadas à
dificuldade de gestão da doença.
1,23
Facto que remete para
a importância da adoção de estratégias de promoção de
saúde numa abordagem promotora da gestão da doença.
A HTA é uma DC com elevada prevalência nacional
3,25
,
associada à não adesão ao regime terapêutico.
1,25,26,
Os
comportamentos e estilos de vida inadequados são
geradores de comorbilidades que levam à perda de
qualidade de vida e elevado impacto económico, social e
familiar, bem como o aumento de mortes
prematuras.
27,28,30
Emergindo assim, a fulcral importância
do EEEC no processo de capacitação da pessoa e família
para o desenvolvimento de competências que facilitem a
tomada de decisão e implementação de comportamentos
de autocuidado, tal como refere Silva et al.
29
Na intervenção comunitária desenvolvida as principais
necessidades identificadas na etapa de DS corroboram o
verificado em outros estudos desenvolvidos em
Portugal
30,31,32,33
, onde se salientam, a necessidade de
promover intervenções de enfermagem para a orientação,
aquisição de conhecimentos, desenvolvimento de
competências e instrumentação no autocuidado. Assim,
segundo os objetivos definidos, foi utilizada como
estratégia a EpS, visando a capacitação para a gestão da
doença da pessoa hipertensa e família. Conforme referido
por Oliveira et al.,
35
no seu estudo, a EpS enquanto
estratégia promotora da adesão a estilos de vida saudáveis
para controlo e gestão da HTA é a estratégia com maior
eficácia, no que concerne às alterações dos estilos de vida,
tendo encontrado uma mudança significativa
relativamente ao consumo de sal, prática de atividade
física, e no controlo dos valores tensionais. O mesmo é
reafirmado por Gama et al.
36
na revisão bibliográfica,
onde se destaca a EpS como intervenção com maior
eficácia para o aumento dos níveis de conhecimentos,
adesão às recomendações e estilos de vida saudáveis da
pessoa hipertensa.
Assim, relativamente à amostra, a variável sexo, merece
uma especial atenção, pois apesar de não se verificar
diferenças significativas de prevalência entre sexos dentro
da amostra, existem comportamentos de autocuidado
distintos, sendo os participantes do sexo feminino mais
participativos nas atividades desenvolvidas, facto que
relacionamos com a diferente perceção da sua condição
de saúde, maior procura dos serviços de saúde, bem
como, maior cumprimento das recomendações dos
profissionais de saúde, conforme verificado no estudo
desenvolvido por Motter et al.
37
Quanto ao nível de escolaridade, maioritariamente os
participantes apresentam baixos níveis de escolaridade, tal
como, no estudo realizado por Ribeiro
32
, corroborando
os dados expressos no INSEF
3
, onde se verifica uma
maior prevalência de HTA nos indivíduos com menor
grau de escolaridade. Relativamente à fase de DS aferiu-
se uma vigilância dos valores de Tensão Arterial (TA),
a maioria dos participantes apenas avaliava a tensão em
contexto de consulta na USF ou pontualmente na
farmácia quando sintomatologia associada (tonturas,
cefaleias ou zumbidos), revelando os diminutos
conhecimentos sobre a doença, bem como competências
para a vigilância e avaliação de TA no domicílio. Estudos
recentes destacam a importância da monitorização da TA
na gestão da doença.
27,30,36
Um elevado índice de
sedentarismo e inatividade física, com 87% dos
participantes a não praticar atividade física regular, valor
superior aos valores descritos no Relatório sobre o ponto
de situação global da atividade física
33
, 27,5% dos adultos
não cumprem os níveis de atividade física recomendados
pela OMS.
34
Relativamente à restrição de sal na sua dieta
diária, 53% refere o restringir, valor coincidente com
estudos nacionais, tal como no programa prioritário para
a alimentação saudável.
39,41,25
No que concerne à alteração dos hábitos de vida após o
diagnóstico de HTA, a maioria dos participantes não
procedeu a nenhuma alteração, facto similar os resultados
de estudos recentes, onde os participantes previamente à
intervenção não tinham autonomamente na sequência do
Pensar Enfermagem / v.27 n.01 / julho 2023 | 71
DOI: 10.56732/pensarenf.v27i1.258
Artigo Original Quantitativo
diagnóstico alterado hábitos de vida
35,40
, o que
relacionamos com o fice de conhecimentos sobre a
doença, curso e gestão da mesma. Relativamente às
medidas de controlo que utiliza no quotidiano para a
gestão da HTA, à data do DS a maioria dos participantes
apenas cumpria a medicação prescrita pelo médico, não
aderindo às medidas não farmacológicas de controlo da
HTA
25
, dados coincidentes com o estudo de Ferreira et
al.
12
; Pereira
38
; Dantas et al.
44
, onde a taxa de adesão às
medidas de controlo varia entre os 16,9% e os 49,8%.
Quanto ao apoio do agregado familiar para a
implementação das medidas para controlo da sua HTA,
70% dos participantes nega ter apoio familiar para o
controlo da HTA, revelando o o envolvimento da
família no processo de gestão da doença. Destacando
assim, mais uma vez a necessidade de promover a adesão
ao regime terapêutico, incrementando a qualidade dos
cuidados prestados à pessoa e à família, e assim
consequentemente os ganhos em saúde.
32,44,46,46
Os resultados obtidos após a intervenção revelam o
sucesso na consecução dos objetivos definidos,
corroborando a evidência científica consultada, que
destaca a EpS como recurso fundamental na intervenção
terapêutica do enfermeiro, para o aumento de
conhecimentos e alteração de
comportamentos.
36,38,42,43,44,45
A implementação do processo educacional, em contexto
de consulta de enfermagem, sessões de EpS em grupo e
visitas domiciliárias revelaram um elevado potencial na
aquisição de conhecimentos e consequente motivação
para a alteração de comportamentos.
30
Tendo sido
possível promover o estreitamento do vínculo entre o
profissional de saúde, a pessoa e família, fomentando o
desenvolvimento de processos educacionais direcionados
à pessoa e às especificidades de cada família, que enquanto
suporte social da pessoa hipertensa, são cruciais para a
implementação e manutenção de hábitos
saudáveis.
29,30,43,45
Na USF onde decorreu a intervenção comunitária, não
existe implementada uma consulta de enfermagem de
HTA (CEHTA), assim foi elaborado e aplicado em
consulta de enfermagem o guião de boas práticas para a
CEHTA, que integra protocolos e guidelines mais recentes
de atuação para gestão da HTA, que possibilitou orientar
a intervenção de forma adaptada à pessoa e família,
guiando o processo educacional em cada consulta para as
necessidades sentidas evitando, ensinos
redundantes,
29,35,43
estimulando a adesão às
recomendações para a gestão da HTA, através do
aconselhamento e acompanhamento.
22,30,42
Consideramos assim, que as atividades desenvolvidas, a
distribuição de material informativo, o treino in loco de
autoavaliação de TA, o fornecimento de instrumentos
(descodificador de tulos) que facilitem a interpretação
da quantidade de sal de cada alimento no momento da sua
compra e os jogos lúdicos, permitiram estabelecer uma
correlação positiva entre o processo educacional
desenvolvido, a adesão às recomendações referentes aos
estilo vida e a diminuição dos fatores de risco relacionados
à doença, como exemplo disso temos o aumento dos
participantes que avaliam e registam os valores tensionais
frequentemente, que diminuíram o consumo de sal diário
e aumentaram a prática de atividade física regular.
Em
suma, o EEEC através das competências específicas
48
promove o processo de capacitação da pessoa e família
para a gestão da doença, aumentando o envolvimento
destes no projeto de saúde, fomentando uma atitude
promotora de autonomia para a tomada de decisão
informada. A estratégia de EpS contribuiu para a melhoria
das condições de saúde do grupo, aumento da literacia em
saúde, envolvimento e identificação, fortalecimento da
relação terapêutica, melhoria da qualidade dos
cuidados.
36,45,49
Os resultados obtidos permitem afirmar
que o planeamento da intervenção adequada à população,
a consulta de enfermagem de HTA, o aconselhamento no
domicílio e as parcerias que reforçaram a transmissão de
informação sobre o regime dietético, atividade física,
vigilância em saúde, autocuidado e envolvimento da
família, promoveram uma maior adesão ao regime
terapêutico, bem como, incrementaram a alteração no
padrão comportamental.
No decurso da intervenção comunitária foram
identificadas algumas limitações, atrasando o seu início e
desenvolvimento, dada a demora nas respostas aos
diversos pedidos necessários para assegurar os
procedimentos éticos. Numa fase inicial foram várias as
solicitações de autorizações e pareceres que não poderiam
ser solicitados em simultâneo, foi primeiramente
submetido o pedido de parecer ao NIF do ACES A-S e
após a resposta com parecer positivo, foi possível
submeter à CES da ARSLVT), o que condicionou o início
da aplicação do instrumento de recolha de dados. Após
os pareceres foram convocados os participantes que dada
a faixa etária são profissionalmente ativos, o que
dificultou a sua disponibilidade em comparecer na USF,
levando a uma amostra de trinta participantes num
universo de cento e treze. Contudo, foi possível e de
extrema importância o levantamento das necessidades
reais da população, tal como, o seu contributo para o
desenvolvimento adequado da intervenção comunitária.
Conclusões
O aumento da esperança de vida, aliado às modificações
dos estilos de vida da população, gera um aumento da
DC.
39
A elevada prevalência de HTA a nível nacional
conduz a elevados custos, a nível económico, social e
individual
40
, pelo que se torna urgente intervir. A HTA
deve ser abordada considerando as intervenções de
enfermagem que apresentam maior efetividade, através da
prática baseada na evidência, considerando o curso
evolutivo da doença, para a obtenção de ganhos em saúde.
Por esta razão é fundamental a intervenção do EEEC
48
que recorre na sua prática diária a parcerias quer com
outros profissionais, quer com a pessoa e família,
promovendo a participação ativa dos mesmos em todo o
processo.
72 | Figueiredo, S.
Artigo Original Quantitativo
A pessoa com DC e família carecem de um
acompanhamento sistemático dada a especificidade das
suas necessidades
29,42,45,46
, por meio de uma abordagem
integrada, considerando as alterações que conseguem
realizar, a adaptações necessárias, os recursos internos,
redes de apoio e situação de vida. A intervenção
comunitária desenvolvida, sustentada pela metodologia
de Planeamento em Saúde e no referencial teórico de
Orem
15
, contribuiu para a capacitação da pessoa
hipertensa e família para a gestão da doença de uma USF
do ACeS A-S, constituindo-se como um contributo para
a prática evidenciando o benefício da intervenção do
EEEC no processo de capacitação da pessoa hipertensa
para a gestão da DC, conduzindo a uma abordagem
centrada na pessoa e família com foco na evicção de
complicações, manutenção da qualidade de vida e
envolvimento da família. Destaca o contributo da
intervenção do EEEC na melhoria da saúde da população
por via de intervenções alicerçadas na Promoção e
Educação para a Saúde. Revela que as estratégias de EpS
no âmbito da gestão da DC mobilizada pelos enfermeiros
potenciam a tomada de decisão autónoma e informada da
pessoa hipertensa no seu quotidiano com o apoio familiar
adequado. Consiste também num contributo para a
formação no sentido que, fomenta o desenvolvimento da
competência educativa integrada nos currículos do curso
de enfermagem, com a mobilização de recursos
individuais na prática clínica. Considerando que para tal,
a formação deverá ser iniciada no curso de licenciatura,
tendo aprofundamento nos cursos de especialização, com
a transmissão de pressupostos teóricos e resultados de
investigação, que permitam o desenvolvimento de
competências específicas de relação interpessoal e
conhecimento, orientadoras de condutas e disseminação
de informação pertinente para o público-alvo.
Por fim, constitui-se a mesma como contributo para a
investigação, enquanto evidência científica, sobre o
benefício das intervenções em contexto de consulta de
enfermagem, sessões de EpS e visita domiciliária, no
processo de capacitação da pessoa e família para a gestão
da DC. Com o término da intervenção de enfermagem
comunitária, na sua maioria os participantes do projeto
aumentaram os conhecimentos relativos ao curso da
doença, medidas de controlo e vigilância da HTA e estilo
de vida saudável adaptado à sua condição, revelando
alterações comportamentais no seu quotidiano.
Relativamente ao referencial teórico optou-se pela
utilização do sistema apoio-educação, preconizado na
Teoria do Défice de Autocuidado de Orem
1
, que se
revelou adequado e essencial para a aquisição de
conhecimentos e capacitação da pessoa e família para a
tomada de decisão consciente e informada a gestão da
doença. Este sistema pressupõem a associação de técnicas
de ajuda efetiva com a com o apoio, provisão, guia e
ensino, onde os requisitos da pessoa estão relacionados
com a tomada de decisão, controlo de comportamento,
aquisição de conhecimentos e estratégias, através da
aprendizagem de comportamentos, tornando-se o
próprio um agente de autocuidado. Quanto às
necessidades de ajuda da pessoa e família, relacionaram-
se com a tomada de decisão, controlo do comportamento
e aquisição de conhecimentos e desenvolvimento de
competências, onde se estimulou a capacitação para a
gestão da doença dos intervenientes. Sendo que, Orem
1
encara o autocuidado como uma habilidade, que pode ser
treinada e assim melhorar o estado de saúde da pessoa,
grupo ou comunidade.
Com a execução da intervenção comunitária, foi possível
promover a capacitação dos participantes, as sessões de
EpS foram uma estratégia fundamental de promoção do
autocuidado da pessoa e família, favorecendo a
identificação dos pares, partilha de conhecimentos,
vivências e a aquisição de conhecimentos. A avaliação,
enquanto etapa da metodologia, indicou o sucesso da
intervenção através dos indicadores de processo,
atividade e resultado, permitindo identificar os ganhos
efetivos em saúde. Verificou-se um aumento de
conhecimentos e alteração de comportamentos de
autocuidado, contudo, existe uma discrepância entre os
conhecimentos e a sua operacionalização consistente no
quotidiano, que pretendemos reduzir com a
implementação da consulta de enfermagem de HTA,
promovendo a efetividade dos momentos de ensino, de
comprometimento com o processo de mudança,
capacidade de autocuidado e literacia em saúde. Tal como,
a visitação domiciliária, que conforme constatamos, foi
uma estratégia com bastante sucesso, enquanto
instrumento de assistência, assente no plano de cuidados
para capacitação relativa à gestão da doença,
possibilitando o processo educacional, treino in loco e de
interação familiar, a família é a primeira unidade social
onde o indivíduo se insere e tem um papel fundamental
na manutenção e incentivo para a gestão da doença
crónica. A promoção dos comportamentos e estilos de
vida saudáveis não pode ser descontextualizada do
ambiente socioeconómico e político onde a pessoa e
família está inserida, destacando assim a importância da
intervenção do EEEC
47
, dado a proximidade com a
comunidade identifica os problemas de saúde, tendo um
papel primordial no apoio e acompanhamento da
comunidade, através das suas intervenções específicas que
levam à melhoria da prestação de cuidados, com a
implementação de projetos que respondam às
necessidades identificadas.
Deste modo, assegurando a continuidade do presente
projeto, os resultados obtidos foram apresentados à
equipa multidisciplinar da USF, o material pedagógico
desenvolvido foi cedido à equipa de enfermagem,
possibilitando a continuidade da sua aplicação. Durante o
projeto a consulta de enfermagem, alicerçada no guião de
boas práticas que compila todas as normas e políticas
nacionais referentes à gestão da doença e os processos de
capacitação no domicílio, revelaram uma mais-valia para
os resultados obtidos, foi também cedido todo o material
que permite implementação e operacionalização,
permitindo para além da continuidade a melhoria com
introdução de novas estratégias e intervenções, que
permitam o acompanhamento, aconselhamento e ensino.
Pensar Enfermagem / v.27 n.01 / julho 2023 | 73
DOI: 10.56732/pensarenf.v27i1.258
Artigo Original Quantitativo
E quanto à visita domiciliária, o treino in loco da pessoa
hipertensa e família, centrando a atenção na interação
familiar.
Apesar da evidência que comprova a gestão da HTA
através de medidas não farmacológicas e/ou
farmacológicas eficazes, as taxas de controlo desta doença
permanecem baixas
41
, constituindo-se como um dos
maiores desafios globais, destacando a relevância do
estudo desenvolvido, visto que, o processo de educação
para a saúde, as parcerias estabelecidas e o envolvimento
da equipa multidisciplinar possibilitou o aumento de
conhecimentos quer dos profissionais onde foi possível
validar a pertinência das estratégias e atividades
implementadas, quer dos participantes no que toca à
literacia em saúde e desenvolvimento de competências
para a gestão da doença.
Posto isto, reforçamos a necessidade de prosseguir a
investigação neste âmbito, com a implementação de
projetos de intervenção na comunidade, fomentando a
capacitação da pessoa e família para a gestão da doença
crónica, identificando as estratégias promotoras da
capacitação para a gestão da doença crónica e de medidas
capazes de incrementar a mesma reduzindo os custos para
a pessoa, família e sociedade. Em estudos futuros
julgamos pertinente, alcançar mais participantes,
principalmente os menos frequentadores dos serviços de
saúde.
Contribuições autorais
SF: Conceção e desenho do estudo; Recolha de dados;
Análise e interpretação dos dados; Análise estatística;
Redação do manuscrito.
MB: Análise e interpretação dos dados; Revisão crítica do
manuscrito.
ES: Conceção e desenho do estudo; Análise e
interpretação dos dados; Análise estatística; Revisão
crítica do manuscrito.
Conflito de interesses
Nenhum conflito de interesse a declarar pelos autores.
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