intervenção que as famílias participantes se encontram, na
última etapa do ciclo vital, como refere Figueiredo.6 Esta é
uma etapa transformativa, no sentido de compreender as
fragilidades de quem necessita de apoio bem como daquele
que o presta. Torna-se assim, preponderante, o papel da
enfermagem, no acompanhamento das famílias,
identificando as transformações ao longo do ciclo vital,
prestando informação, apoiando-as na tomada de decisão,
colaborando nas estratégias com o intuito de as manter
capacitadas no seu autocuidado, gerindo os seus papeis
familiares através de uma comunicação positiva, eficaz e
efetiva.
O presente artigo pretende expor, de forma sucinta, o
projeto de intervenção comunitária desenvolvido ao longo
do estágio, realizado no âmbito do Mestrado em
Enfermagem, na área da especialização em Enfermagem
Comunitária.
Métodos
“O Planeamento em saúde tem de ser adequado à realidade,
respondendo de forma assertiva e pragmática às
necessidades e/ou problemas sentidos na comunidade ou
em qualquer organização de saúde, supostamente ao
serviço dessa comunidade”.7(p.67) Foi através da
metodologia do planeamento em saúde que foi
desenvolvida a intervenção do projeto, descrevendo,
analisando e avaliando todo o percurso formativo e
interventivo na comunidade em acompanhamento,
seguindo as várias etapas de desenvolvimento: diagnóstico
da situação, definição de prioridades, fixação de objetivos,
seleção de estratégias, elaboração de programas e projetos,
preparação de execução e avaliação. Estas etapas
permitiram traçar um caminho sustentado e sistematizado
pois “exige uma metodologia lógica e racional” .7(p.29)
É um estudo descritivo exploratório desenvolvido após o
parecer favorável da comissão de ética para a saúde com a
referência 6272/CES/2021.
População-alvo e amostra
A população-alvo do projeto foi constituída pelos utentes
inscritos na USF, num total de 52 utentes, com os critérios
de inclusão: utentes hipocoagulados com necessidade de
controlo de INR, acompanhados em consulta no período
de estágio, que tenham capacidade de compreensão, leitura
e escrita, para responder ao questionário e que aceitem
participar no projeto. Desses, um total de 18 utentes
integraram a amostra, sendo esta não probabilística e por
conveniência.
Instrumento de recolha de dados
Para se iniciar a primeira etapa da metodologia do
planeamento em saúde – Diagnóstico de situação, foi
construído um questionário, validado por peritos e
realizado pré-teste , no sentido de compreender o
conhecimento dos utentes hipocoagulados e família,
constituído por: Parte A variáveis sociodemográficas que
nos permite conhecer a amostra em estudo; Parte B -
variáveis motivacionais, no qual vai permitir compreender
o envolvimento/conhecimento dos utentes na gestão da
sua doença e Parte C, variáveis sociorrelacionais, que nos
poderá permitir analisar a relação utente/enfermeiro. Para
compreender o papel da família do utente hipocoagulado
foi aplicado o Modelo Dinâmico de Avaliação e
Intervenção Familiar (MDAIF), matriz operativa, na
dimensão funcional aos familiares que acompanharam os
utentes à consulta de enfermagem de hipocoagulação, no
sentido de identificar as áreas de intervenção que a família,
como prestador de cuidados executa. A dimensão funcional
avalia a dependência dos diversos tipos de autocuidado
descritos pelo ICN (2002b): vestuário, comer, beber, ir ao
sanitário, comportamento sono-repouso, atividade de lazer
e atividade física, bem como o conhecimento sobre a
dependência da gestão do regime terapêutico, da
autovigilância e da autoadministração de medicamentos,
referido por Figueiredo.6(p.92) O que nos permitiu, tanto
avaliar as necessidades do membro da família como as do
familiar cuidador. A colheita de dados foi realizada entre
outubro e novembro de 2021, após autorização da
comissão de ética para a saúde.
Resultados
A idade dos utentes da amostra varia entre os 55 e 88 anos
de idade, sendo a média 73,61 anos. Verifica-se que 67%
são do sexo masculino e 44% feminino, dos quais 67%
completaram o ensino básico. Em relação ao agregado
familiar, verifica-se que 72% dos inquiridos vive com o
conjugue, 22% com um familiar e 6% sozinhos.
Quanto ao conhecimento sobre a doença, 100% dos
inquiridos identifica o nome do medicamento prescrito,
dos quais 72% identifica o intervalo terapêutico adequado
para si. No entanto, 28% dos inquiridos não sabe o motivo
por que toma a medicação anticoagulante. Quanto às
interações medicamentosas com o ACO, 89% não
identifica medicamentos que possam interferir, mas em
relação aos alimentos e situações de saúde 50% conseguem
dar alguns exemplos que possam alterar o valor terapêutico
ou mesmo alimentos que terão de suspender. E, por último,
a importância da consulta de enfermagem, em que 100%
dos inquiridos referem que é uma consulta acessível e
importante para a monitorização e vigilância do estado de
saúde.
Quanto ao questionário dirigido à família, responderam três
familiares e um cuidador não familiar. Verificou-se que os
utentes hipocoagulados apresentam dependência em várias
áreas do autocuidado: Gestão do Regime Terapêutico,
Autocuidado Atividade Física, Autocuidado Atividade de
lazer e Autocuidado Higiene, como mostra o Gráfico1, no
qual o prestador de cuidados, maioritariamente familiar,
assume essas funções como suas. Com base na aplicação da