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Pensar Enfermagem / v.28 n.01 / fevereiro 2024
DOI: 10.56732/pensarenf.v28i1.285
Artigo Original Qualitativo
Como citar este artigo: Almeida OM, Baratieri T, Krulikowski IBO, Natal S, Cavalcante MDMA, Malaquias
TSM. Avaliação da assistência em saúde mental à puérpera em Cuidados de Saúde Primários: estudo avaliativo.
Pensar Enf [Internet]. 2024 Fev; 28(1): 28-35. Available from: https://doi.org/10.56732/pensarenf.v28i1.285
Avaliação da assistência em saúde mental à
prpera em Cuidados de Saúde Primários: estudo
avaliativo
Evaluation of mental health care for postpartum
women in primary care: an evaluative study
Resumo
Introdução
A gravidez é um fenômeno carregado de emoções na vida de uma mulher, pois traz consigo,
inúmeras alterações hormonais, físicas e psicológicas, culminando em uma rie de
transformações em seu organismo.
Objetivo
Avaliar a assistência em saúde mental prestada por profissionais de Cuidados Primários
em Saúde, a mulheres no puerpério.
Métodos
Estudo avaliativo do tipo análise de implantação com abordagem quantitativa e qualitativa,
desenvolvida por meio de um estudo de casos múltiplos. A coleta foi por meio da análise de
registros clínicos e entrevistas semiestruturadas com 31 puérperas e 24 profissionais da
saúde. Na análise quantitativa avaliou-se o grau de implantação (classificação: satisfatório,
parcial, incipiente e crítico) determinado pela Matriz de Análise e Julgamento composta pelas
dimensões gestão e execução, e respetivas subdimensões, e a qualitativa ocorreu por meio
da análise de conteúdo.
Resultados
Constatou-se mediante os dados quantitativos, grau incipiente nos casos 1 e 3, e no caso 2,
grau de implantação crítica. No critério de aplicação da escala para diagnóstico de depressão
pós-parto, todos os casos obtiveram pontuação zero. A partir do conteúdo das falas, pode-
se agrupá-las em duas categorias: a presença de sentimentos de abandono e tristeza nas
puérperas e a falta de assistência dos profissionais da saúde às puérperas após o parto.
Conclusão
Conclui-se que as mulheres apresentam necessidades de saúde no pós-parto, relacionadas à
saúde mental, entretanto há uma falta de assistência por parte dos profissionais da atenção
primária.
Palavras-chave
Atenção Primária à Saúde; Assistência à Saúde Mental; Avaliação de Transtornos Mentais
em Atenção Primária; Depressão Pós-Parto.
Abstract
Introduction
Pregnancy is a phenomenon laden with emotions in a woman's life, bringing with it
numerous hormonal, physical, and psychological changes, culminating in a series of
transformations in her body.
Objective
To evaluate the mental health care provided by primary care professionals to women in the
postpartum period.
Milena Oliveira de Almeida1
https://orcid.org/0000-0003-1234-4356
Tatiane Baratieri2
https://orcid.org/0000-0002-0270-6395
Iria Barbara de Oliveira Krulikowski3
https://orcid.org/0000-0002-4783-3523
Sonia Natal4
https://orcid.org/0000-0001-6155-4785
Marília Daniella Machado Araújo5
https://orcid.org/0000-0002-7685-6679
Tatiana da Silva Melo Malaquias6
https://orcid.org/0000-0001-5541-441X
1 Acadêmica de Enfermagem. Universidade Estadual
do Centro-Oeste, Guarapuava, Brasil.
2 Doutora em Saúde Coletiva. Universidade Estadual
do Centro-Oeste, Guarapuava, Brasil.
3 Mestre em Enfermagem. Universidade Estadual do
Centro-Oeste, Guarapuava, Brasil.
4 Doutora em Saúde Coletiva. Universidade Federal de
Santa Catarina, Santa Catarina, Brasil.
5 Doutora em Enfermagem. Universidade Estadual do
Centro-Oeste, Guarapuava, Brasil.
6 Doutora em Enfermagem. Universidade Estadual do
Centro-Oeste, Guarapuava, Brasil.
Autor de correspondência
Milena Oliveira de Almeida
E-mail: themmoliveira@gmail.com
Recebido: 28.06.2023
Aceite: 24.11.2023
Pensar Enfermagem / v.28 n.01 / fevereiro 2024 | 29
DOI: 10.56732/pensarenf.v28i1.285
Artigo Original Qualitativo
Methods
An evaluative study of implementation analysis with a
quantitative and qualitative approach, conducted through a
multiple case study. Data collection involved the analysis of
medical records and semi-structured interviews with 31
postpartum women and 24 healthcare professionals. In the
quantitative analysis, the degree of implementation was
assessed (classification: satisfactory, partial, incipient, and
critical) determined by the Analysis and Judgment Matrix
composed of the dimensions “management” and
“execution”, and their respective sub-dimensions.
Qualitative analysis occurred through content analysis.
Results
Through quantitative data, an incipient degree was observed
in cases 1 and 3, and a critical implementation degree in case
2. In the application criterion of the scale for postpartum
depression diagnosis, all cases scored zero. Considering the
content of the statements, they can be grouped into two
categories: the presence of feelings of abandonment and
sadness in postpartum women, and the lack of assistance
from healthcare professionals to postpartum women.
Conclusion
It is concluded that women have postpartum health needs
related to mental health; however, there is a lack of
assistance from primary care professionals.
Keywords
Primary Health Care; Mental Health Care; Primary Care
Evaluation of Mental Disorders; Postpartum Depression.
Introdução
A gravidez é uma fase carregado de emoções na vida de uma
mulher, pois traz consigo, inúmeras alterações hormonais,
físicas e psicológicas, culminando em uma série de
transformações em seu organismo, fazendo com que
comece a criar expectativas em relação a sua gestação.1
No puerpério (período após o parto), há modificações nesse
cenário, e essas expectativas vão dando lugar às sensações
de medo, angústia e receio, pois as novas mães começarão a
temer que seus desejos não sejam correspondidos, gerando
frustrações e inseguranças.1
Dentre os agravos comuns no período pós-parto, destacam-
se as alterações emocionais, sendo a depressão pós-parto
(DPP), uma condição relativamente comum, no primeiro
mês após o parto, podendo estender-se por períodos mais
longos3 e sua prevalência é maior em mães adolescentes,
variando de 14 a 53%, e de 6,9 a 16,7% em mulheres
adultas.1,4
Todas as mudanças ocorridas na fase puerperal, carecem de
atenção especial, pois podem ser ainda mais recorrentes nos
casos de gravidez não desejada, não planejada, repudiada
por familiares, carência social ou outros fatores capazes de
desestruturar emocionalmente a mulher, juntamente com
fatores hormonais.1
Desse modo, torna-se fundamental o apoio às puérperas, de
seus familiares e da própria comunidade, onde os serviços
de saúde garantam uma assistência de qualidade para que
possam superar seus obstáculos, pois caso contrário, poderá
culminar em agravos, que trarão consequências temporárias
e/ou permanentes, podendo em alguns casos, levar à
morte.2
Logo, a maternidade e suas nuances devem ser reconhecidas
como fatores que incidem diretamente na saúde mental de
mulheres.5 Assim, necessitam de cuidados, especialmente no
âmbito dos Cuidados Primários em Saúde por ser o ponto
de atenção mais próximo dessa população e a ordenadora
dos cuidados, no qual a assistência prestada impacta
positivamente em sua saúde, como a redução da
morbimortalidade, a contribuição para com o cuidado e o
direito a autonomia, faz com que a assistência pós-parto se
torne necessária, desde que ocorra de maneira organizada,
coerente e aplicável.2
Portanto, é de suma importância, que todas as puérperas
recebam apoio dos profissionais da APS para além de seu
bem-estar físico e biológico momentâneo, mas para a
prevenção de futuros agravos. Outro aspeto que
relevância a esse estudo é o fato de haver poucas abordagens
voltadas ao olhar do profissional para a mulher no puerpério
durante os atendimentos. Assim, o presente estudo tem por
objetivo avaliar as ações de assistência à saúde mental
desenvolvidas pelos profissionais da APS às mulheres no
pós-parto.
Métodos
Trata-se de um estudo avaliativo do tipo análise de
implantação,6 com abordagem quantitativa e qualitativa,
desenvolvida por meio de um estudo de casos múltiplos7
norteada pelos preceitos do Standards for QUality
Improvement Reporting Excellence (SQUIRE 2.0).
Os casos selecionados foram três municípios, um de cada
estado da Região Sul do Brasil, denominados Caso 1, Caso
2 e Caso 3, conforme os seguintes critérios de inclusão: mais
de 100.000 habitantes por, em sua maioria, apresentarem
características favoráveis para a gestão em saúde;8 cobertura
de APS maior do que 80%; mais de 80% das equipes de
saúde inscritas no Programa Nacional de Melhoria do
Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ); mais de
80% das equipes com avaliação “ótimo”, “muito bom” e
“bom” no PMAQ. Quando mais de um município atingiu
os critérios de inclusão, solicitou-se aos profissionais da área
técnica de APS e saúde das mulheres, das respetivas
Secretarias Estaduais de Saúde, para escolha do melhor caso.
Foi investigada uma equipe de saúde da família de cada
município com avaliação ótimo” ou “muito bom” no
PMAQ. Os informantes foram profissionais das equipes de
APS e puérperas atendidas por essas equipes. Selecionaram-
se profissionais da equipe mínima de saúde da família
30 | Almeida, M.
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(médico, enfermeiro, técnico/auxiliar em enfermagem e
agente comunitário de saúde), com mais de um ano de
atuação no mesmo local de trabalho. Excluíram-se
profissionais de férias ou licença. Sobre as puérperas,
selecionaram-se mulheres que realizaram pelo menos uma
consulta puerperal até 42 dias, e que estivessem com no
máximo seis meses de s-parto, para reduzir o viés de
memória sobre a assistência recebida. Como critérios de
exclusão foram aquelas que não foi possível contato, ou por
alguma condição de saúde não poderiam participar do
estudo. Realizou-se o levantamento das mulheres elegíveis,
e posterior sorteio aleatório, sendo entrevistadas até a
saturação dos dados. Participaram do estudo 4 enfermeiros
(um do Caso 1; um do Caso 2; dois do Caso 3), dois cnicos
em enfermagem (um do Caso 1, um do Caso 2), 18 agentes
comunitários de saúde (seis do Caso 1; nove do Caso 2; três
do Caso 3) e 31 puérperas (dez do Caso 1, onze do Caso 2
e dez do Caso 3). Foi excluído um técnico em enfermagem
do Caso 3 que estava de férias, seis puérperas se recusaram
a participar e três puérperas não foi possível contato.
A coleta dos dados se deu em duas etapas: na primeira etapa
foram realizadas entrevistas com os profissionais e
puérperas, com roteiro semiestruturado específico, com
adaptação de linguagem, para cada categoria de participante.
Os roteiros abordaram questões direcionadas ao
levantamento da investigação pelos profissionais sobre
história de agravo/doença mental, estado emocional,
suporte familiar e social durante o pré-natal e no pós-parto,
orientações sobre alterações emocionais comuns no pós-
parto (direcionadas a profissionais e puérperas) e sobre o
uso de escala para diagnóstico de DPP ao identificar sinais
de alerta (para profissionais). As entrevistas foram
agendadas junto aos profissionais em seus respetivos
ambientes de trabalho e as mulheres, após contato via
telefone ou via visita domiciliar pelos ACSs, escolheram a
unidade de saúde ou o domicílio para a realização de
entrevistas gravadas e transcritas na íntegra. Na segunda
etapa os dados foram coletados por meio de análise de
registros clínicos das puérperas selecionadas. Para o
instrumento de captação elaborou-se a Matriz de Análise e
Julgamento (MAJ), orientada pela Teoria do Programa 2 e
validada pela cnica de conferência de consenso9 junto a
especialistas da área e stakeholders (interessados na avaliação)
sendo: quatro mulheres representantes de movimento de
mulheres, cinco profissionais da área de APS e saúde das
mulheres da gestão dos estados do Paraná, Santa Catarina e
Rio Grande do Sul e três profissionais com experiência na
assistência em Cuidados Primários à Saúde. A MAJ foi
utilizada para avaliar e determinar o grau de implantação da
assistência prestada no s-parto, a qual foi composta por
sete subdimensões (longitudinalidade; acesso; saúde física;
saúde mental; violência doméstica; aleitamento materno; e
planejamento reprodutivo), sendo que no presente estudo
foi analisada a subdimensão saúde mental.
Realizou-se o julgamento de valor de cada critério/indicador
da MAJ por meio da triangulação das diferentes fontes de
evidências, atribuindo-se uma pontuação. A proporção do
somatório dos pontos observados (PO) nas subdimensões
em relação à pontuação esperada (PE), determinou o
julgamento de valor para o grau de implantação: GI (grau de
implantação) = (Σ PO ∕ Σ PE) x 100. As proporções foram
estratificadas em quartis para a classificação do Grau de
Implantação, a saber: implantação satisfatória (76% a
100%); implantação parcial (51% a 75%); implantação
incipiente (26% a 50%); e implantação crítica (abaixo de
26%).10 Realizou-se um estudo de Caso piloto junto a um
município que não fez parte do estudo.
Após a análise de implantação, realizou-se a análise de
conteúdo categorial, para compreender em profundidade os
resultados da análise de implantação encontrados.
Posteriormente foi realizado leituras dos dados obtidos para
que dessa forma houvesse a possibilidade de identificar e
interpretar as necessidades, fragilidades e potencialidade da
assistência em saúde. Seguiu-se a leitura do material, sua
codificação, enumeração, classificação e agregação. Para que
por fim chegasse a possibilidade de compreensão e proceder
à interpretação e categorização dos resultados obtidos,
diante da identificação das unidades de interesse, dos
aspetos comuns entre elas e das inferências.11
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa
Catarina (parecer 3.036.173/2018, CAAE:
02774918.80000.0121).
Todos os participantes da pesquisa assinaram Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, ressaltando o
comprometimento quanto à preservação dos dados
coletados e da identidade dos participantes. Deste modo, os
participantes serão representados por acrônimos.
Para preservar a identidade dos participantes, estes foram
codificados conforme o Caso (Caso) e a letra referente ao
grupo participante (P = profissional; M = mulher) seguido
do número referente a sequência da entrevista.
Resultados
Os resultados demonstram que a assistência à saúde mental
no pós-parto, no período avaliado, apresentou-se com
implantação incipiente para os Casos 1 e 3, sendo que o
Caso 2 apresentou grau de implantação crítica, ao obter
pontuação abaixo de 26%. No critério/indicador
“investigação sobre história de agravo/doença mental
durante o pré-natal e no pós-parto” o Caso 1 teve a maior
pontuação. No critério/indicador “orientações sobre
alterações emocionais comuns no pós-parto” o Caso 1 e
Caso 2 obtiveram pontuação zero. E em relação ao
critério/indicador “aplicação de escala para diagnóstico de
DPP ao identificar sinais de alerta” todos os casos
obtiveram pontuação zero, ou seja, não atenderam aos
parâmetros. Conforme apresentado na Tabela 1.
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DOI: 10.56732/pensarenf.v28i1.285
Artigo Original Qualitativo
Tabela 1: Matriz de Análise de Julgamento da assistência à saúde mental de puérperas na APS. Região Sul, Brasil, 2019.
Rationale
PE*
*
PO**
Caso 1
PO**
Caso 2
PO**
Caso 3
Conhecer e envolver os membros da rede de apoio de uma mulher em
seu cuidado, desde o início da gestação, oferece oportunidades para
todos os envolvidos obterem uma compreensão do impacto da
maternidade na saúde emocional e no bem-estar das mulheres, e os
fatores psicossociais que afetam relacionamentos familiares. Em cada
contato pós-parto essa rede deve ser investigada.12
1
0,4
0,2
0,7
Todas as mulheres grávidas devem ser perguntadas sobre história
familiar de transtorno bipolar ou psicose pós-parto, se a mulher tem
ou teve alguma doença mental, e existência de tratamentos prévios
para problemas mentais.12
1
0,8
0,4
0,6
O profissional deve fazer perguntas breves focadas e com resposta
simples (“sim” ou não”) abordando o humor das mulheres, para
detetar sinais de DPP: “Durante o último mês, você se incomodou
com frequência por se sentir deprimida ou sem esperança?” e
“Durante o último mês, você se incomodou por ter pouco interesse
ou prazer em fazer as coisas?”. Se sim, perguntar: "Isso é algo com o
qual você gostaria de ajuda?".13
1
0,2
0,2
0,5
Entre 10 e 14 dias após o parto o profissional de saúde deve perguntar
sobre a resolução de sintomas de depressão pós-parto transitória
(maternal blues). Nas primeiras duas semanas deve orientar sobre as
principais alterações emocionais (fragilidade, hiperemotividade,
alterações do humor, falta de confiança em si própria, sentimentos de
incapacidade), indicando que são sintomas transitórios e decorrentes
das alterações físicas, emocionais e sociais próprias do período.13
1
0
0
0,5
Os sintomas de DPP podem ser identificados por profissional não
especialista da APS por meio da aplicação de instrumentos validados.
A Escala de Edinburgh é a mais utilizada.12-13
1
0
0
0
5
1,4
0,6
2,3
GI = (ΣPO∕ΣPE*100)
100
%
28%
16%
46%
*Fonte de evidências: Entrevistas (profissionais e usuárias); registros clínicos.
*Parâmetro: Atende plenamente (1) Atende parcialmente (0,9 a 0,1) Não atende
(0).
**PE: Pontuação esperada; PO: Pontuação observada.
Posterior a análise de implantação realizou-se a análise das
entrevistas em profundidade, de modo que as categorias de
análise que emergiram se referem aos aspetos que mais
chamaram a atenção das pesquisadoras no que se refere à
assistência em saúde mental no pós-parto, o qual
possibilitou identificar as principais lacunas assistenciais.
Sentimentos de abandono e tristeza no pós-parto e o
desconhecimento sobre alterações emocionais
Os sentimentos relacionados ao abandono e à tristeza, são
temas que se destacam nas entrevistas, pelo grande número
de vezes em que aparecem nas falas das puérperas. Nos três
Casos, das 31 entrevistadas, 13 relataram sentir tristeza pelo
menos uma vez após o parto, onde sentiram muita vontade
de chorar, ou choraram ao menos uma vez durante o
período.
Eu me senti triste, assim que ele veio para casa, não sei por que, mas
era toda hora querendo chorar, sim. (C1M4)
32 | Almeida, M.
Artigo Original Qualitativo
tive sintomas sim. É uma coisa no peito né, eu tenho que mudar
meu pensamento, começar a fazer alguma coisa, vontade de chorar.
(C1M1)
Ao passo que tais sentimentos estão presentes no s-
parto, as puérperas possuem um déficit no conhecimento
sobre o tema, fazendo com que não procurem ajuda para
esse momento de suas vidas.
Eu não sei se é a depressão pós-parto, mas eu acho que era, porque
vontade de chorar, dor no peito, angústia e eu não podia fazer nada
por causa dos pontos, e dava mais angústia porque minha mãe fazia
as coisas e eu o podia fazer, no caso dar banho nela, querendo ou
não primeira filha a gente quer fazer tudo. E eu fiquei meio assim,
pra baixo, triste, chorona. (C1M10)
Eu segurei sozinha isso, não conversei com ninguém, nem com meu
marido. Foi doloroso não ter conseguido conversar, nem com a médica
não conversei. Não falei porque eu achei que era uma coisa minha,
achei que era uma frescura, tem gente que não vai entender, então tem
que deixar guardado. (C1M4)
Observa-se a ausência de uma rede de apoio para as
mulheres durante a fase de alterações emocionais,
especialmente pela falta de conhecimento sobre os
processos vivenciados no pós-parto. a necessidade de
envolvimento de familiares, amigos e profissionais de saúde
para que as mulheres se sintam acolhidas e consigam
superar esse período, podendo diferenciar o que são
alterações comuns do período e quando há sinais de alerta.
Desassistência de profissionais da saúde às puérperas
após o parto
A primeira categoria identificou que as mulheres
apresentaram alterações emocionais no pós-parto e, em
geral, desconhecem sobre o assunto. Apesar disso, das 31
puérperas entrevistadas, 21 nem sequer foram perguntadas
sobre saúde mental, nem explicadas sobre o que seria a
DPP. Dessas, oito relataram que foram questionadas sobre
seus sentimentos quando apresentaram algum histórico de
alteração emocional, como óbito recente de familiar, ou
diagnóstico prévio de transtorno mental.
Nunca ninguém falou que era normal. (C1M4)
Não. Dor no peito não, mas chorei. Ah eu acho que uns três dias que
a gente tinha chegado em casa. Nem no hospital não me orientaram
sobre isso. (C1M1)
De vez em quando fico triste. Em geral as pessoas não perguntam
muito de você, mais é nenê. (C1M10)
A partir dessa análise, evidencia-se que as alterações
emocionais não foram percebidas pelos profissionais de
saúde entrevistados de acordo com o relato das puérperas,
mas que, ao serem questionados, relataram que sim o
fornecimento de tais informações, havendo contradições
entre relatos.
Mulheres no pós-parto depende da necessidade, eu vou ver se ela está
bem, recebe orientação, fica com poucas dúvidas ou nenhuma, não vê
necessidade de nada, eu não encaminho. Agora aquela que eu sinto
que tem uma coisa a mais eu mesma proponho. (C2P5)
Costumo orientar. Eu tenho uma tendência de ver o que vem de
demanda dela, até para não induzir a um comportamento. Mas esse
cuidado da parte emocional eu costumo ter, desde o início da gestação.
E reforçar a questão da culpa, de não se sentir culpada. Tentar
explicar a diferença dessa angústia, que é normal certa melancolia no
pós-parto, que é normal, pode ficar mais chorosa, mas tentar
diferenciar da depressão pós-parto. (C3P4)
Os profissionais da saúde utilizam nos atendimentos, uma
maneira não verbalizada, ou seja, não realizam perguntas
diretamente relacionadas aos sentimentos de tristeza e
abandono. E isso fez com que as puérperas, nem mesmo
soubessem que estavam sendo avaliadas,que não houve
questionamentos sobre esses assuntos. Relatando fazer
uma análise prévia, onde é avaliado visualmente o estado da
puérpera, ou seja, se ela aparentemente demonstra tristeza,
desânimo ou choro, para que apenas, se notarem esses
sinais, às questionarem sobre seus sentimentos e
fornecerem orientações, fazendo com que não haja uma
abertura de espaço para todas falarem, independente da
situação.
Ressalta-se, que essa forma de análise utilizada, conforme
os relatos acima apresentados, faz com que muitas
mulheres com alterações emocionais o recebam olhar
integral do profissional, pois informações importantes
acabam sendo negligenciadas.
Para auxiliar nessa avaliação, os profissionais de saúde
foram questionados sobre seus conhecimentos prévios
e/ou uso de algum tipo de instrumento para identificar a
DPP. Ao analisar as entrevistas fica explícito que o uso de
escalas o é aplicado em nenhum dos três Casos da
pesquisa.
Infelizmente não uso escala. Eu acho que eu nem sabia que tinha.
Confesso a você que nunca nem me perguntei. Hoje em dia estratifica
tudo, para essa eu não me perguntei se tinha. (C1P5)
Não. A gente vai mais na questão da conversa mesmo. (C2P3)
Já ouvi falar da escala, mas não uso nenhuma escala. (C2P4)
Mesmo sendo indispensável o uso desse instrumento, para
haver a estratificação de risco, e para o exercício de um
cuidado de qualidade, notou-se que os profissionais
entrevistados, não apresentavam conhecimento sobre.
Relatando que as conduções das consultas ocorrem com
base na observação do estado emocional da puérpera, onde
se observa em seus relatos. Expondo que são as puérperas
quem acabam mediando as consultas.
A falta de informações, ocasionada pela falta de assistência,
gera frustrações, por não se ter conhecimento sobre o que
fazer em momentos em que milhares de dúvidas e não
se tem respostas a respeito.
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Outro aspeto importante, identificado nas entrevistas, foi
que dentre as puérperas entrevistadas que o receberam
informações sobre o que fazer em relação aos seus
sentimentos, teve aquelas que relataram que uma das
maneiras encontradas para obtenção de informações, foi
através de pesquisas pela internet ou junto a familiares.
Aqui ninguém me orientou. Acho que aqui em uma das reuniões acho
que foi falado isso. Quando aconteceu isso comigo eu não sabia,
comecei a pesquisar na internet, sintomas de depressão pós-parto, e eu
estava com todos. Aí eu liguei e falei para a minha mãe, aí ela falou
que era normal, que ela também teve e tal. Foi minha mãe que me
ajudou. Na consulta eu não cheguei a comentar sobre isso. (C2M10)
Como sabe-se, é preciso filtrar a vasta gama de informações
encontradas, pois nem tudo que es na internet é
embasado cientificamente - argumentos válidos, com
eficácia comprovada -, ou seja, pode-se encontrar as
famosas "fake news", informações falsas que percorrem os
meios de comunicação e que podem levar influências
negativas aos usuários.
Discussão
Com o nascimento do bebê, a mulher e a sua família
começam uma nova rotina diária, que pode ser frustrante
devido aos desafios da relação entre a mãe e seu filho,
reorganização do núcleo familiar, ansiedade e a
amamentação, que pode exigir muitas readaptações a esse
novo momento de sua vida.14
Nesse aspeto, o presente estudo identificou que as
mulheres passam por sentimentos de abandono e tristeza
durante o pós-parto, e muitas vezes, por não ter
conhecimento sobre o assunto, não compartilham seu
sofrimento e não recebem apoio familiar e profissional.
Estudo aponta que apresentar tristeza no último trimestre
de gestação e a história de depressão na família são
associados a maior prevalência de DPP15 o que reforça as
recomendações do presente estudo sobre investigação
sobre história de agravo/doença mental durante o pré-natal
e no pós-parto.
A literatura aponta que o apoio emocional, instrumental e
informativo do(a) companheiro(a) é fundamental,
encontrando que quanto mais apoio menor a prevalência
de DPP 16 (Ramos, 2022). Do mesmo modo, o suporte pela
equipe de saúde à mulher durante o pré-natal, reduz em até
23% a prevalência de DPP15.
Existe a necessidade de preparação e organização acerca
desses problemas, pois isso possibilita que portas se abram
para um cuidado integral que atenda às necessidades de
saúde dessas mulheres.17 O acesso aos serviços de saúde
colabora para reduzir a mortalidade materna, bem como,
para a garantia da atenção integral à saúde da mulher.17
Nesse processo, é essencial conhecer as fragilidades que
existam na atenção pré-natal, e apontar possíveis estratégias
para a efetividade do cuidado que é oferecido até o
puerpério.17
Uma estratégia que poderia ser utilizada para uma avaliação
mais ampla sobre o assunto, é a aplicação de perguntas
simples que identifiquem possíveis alterações emocionais, a
saber: Durante o último s, você se sentiu deprimida ou
sem esperança com frequência? Isso te incomodou?
Durante o último mês, você teve pouco interesse ou prazer
em fazer as coisas? Isso te incomodou?.13
Juntos a isso, vale ressaltar a escala de Edimburg, um dos
principais instrumentos para identificar DPP no âmbito da
APS, visto que é de aplicação rápida, simples e de fácil
entendimento, podendo ser auto aplicada ou aplicada por
terceiros (profissionais de saúde), associado ao valor na
identificação de fatores de risco para a DPP, afinal, o fator
psicossocial é relevante.14 O tempo da realização é de
aproximadamente cinco minutos, sendo ela categorizada
com 10 itens, divididos em fatores de depressão e
ansiedade, medindo a presença e intensidade dos sintomas
nos últimos sete dias. Há, ainda, diferenças relacionadas ao
ponto de corte mais indicado para identificação da DPP,
podendo ser explicadas por variações metodológicas e
inter-regionais.14
Desse modo torna-se indispensável identificar esses sinais
na própria fala da paciente, por meio da anamnese, e frente
a resposta positiva, pode-se aplicar a escala de Edimburg,
utilizada para identificar a DPP.18
É fundamental que os profissionais de saúde, em especial
os enfermeiros que estão mais próximo da mulher durante
todo período gestacional e pós-parto, tenham
conhecimento sobre a DPP e saibam identificar fatores ou
condições que possam agravar a saúde das mesmas, e assim
ajudá-las no início dos sintomas e encaminhá-las para um
atendimento especializado, quando necessário.
A literatura aponta que certo despreparo dos profissionais
da saúde, que não tem uma definição formada sobre a DPP,
nem sobre outros transtornos mentais que possam aflorar
no puerpério, o qual dificulta relacioná-la com fatores que
possam gerar maiores agravos à puérpera.19
Em relação às pesquisas pela internet para sanar suas
dúvidas, considerando que, embora existam inúmeros sites
que contêm informações relacionadas à saúde, a capacidade
dos usuários de encontrar intervenções de saúde
cientificamente robustas não é totalmente conhecida.20
Por isso, é importante que os profissionais reconheçam
essa realidade e auxiliem as mulheres nas melhores escolhas
na busca de informações, além de incorporar ferramentas
digitais de comunicação na assistência, como teleconsulta,
e-mails, aplicativos, entre outros.21
Conclusões
O estudo teve como principais contribuições demonstrar
que assistência em saúde mental é frágil, sendo necessário
o aprimoramento e fortalecimento dos profissionais da
APS, que esta é a principal prestadora de cuidados pós-
parto, especialmente o enfermeiro, profissional apto a
prestar uma consulta pós-parto de qualidade e em tempo
34 | Almeida, M.
Artigo Original Qualitativo
oportuno. Existe a necessidade de investimento na
educação permanente dos profissionais para que estes
promovam práticas de educação em saúde voltada ao tema.
Limitações do estudo
O presente estudo apresenta como limitação o fato de não
ser possível uma análise totalitária que abranja todos os
municípios e estados do país como um todo, ou seja, não
permite generalização dos dados para além da realidade
investigada.
Contribuições autorais
Almeida, O. M: Conceção e desenho do estudo, recolha de
dados, análise e interpretação dos dados, análise estatística e
redação do manuscrito.
Baratieri, T: Conceção e desenho do estudo, recolha de
dados, análise e interpretação dos dados, análise estatística,
obtenção de financiamento e redação do manuscrito.
Natal, S: Conceção e desenho do estudo, análise e
interpretação dos dados, análise estatística e revisão crítica
do manuscrito.
Krulikowski, I. B. O: Análise e interpretação dos dados,
análise estatística e redação do manuscrito.
Cavalcante, M. D. M. A: Análise e interpretação dos dados,
análise estatística e revisão crítica do manuscrito.
Malaquias, T.S.M: Análise e interpretação dos dados, análise
estatística e revisão crítica do manuscrito.
Conflitos de interesse e Financiamento
Nenhum conflito de interesse foi declarado pelas autoras.
Agradecimentos
À Fundação Araucária pelo apoio financeiro, possibilitando
um aporte durante todo o desenvolvimento.
Fontes de apoio / Financiamento
A primeira autora recebeu bolsa de Iniciação Científica
concedida pela Fundação Araucária de Apoio ao
Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado do
Paraná (FA).
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