dimensões: segurança da pessoa; a sua resposta fisiológica à
cirurgia e a resposta comportamental do binómio
pessoa/família à cirurgia;6,7 focalizam-se nos resultados
cirúrgicos e preconizam que os enfermeiros são os
profissionais legalmente habilitados, com um corpo de
conhecimentos e de competências únicas e reconhecidas
para acionar um modelo de cuidados centrados na PSP.7,8
A AORN Nursing Research Committee (NRC) tem estado
envolvida no desenvolvimento de evidências científicas
considerando as Prioridades de Pesquisa AORN em EP
2023-2028.2,6 Nesse sentido, enfatizou intencionalmente
duas prioridades; a primeira prioridade diz respeito à
construção da ciência da prática da EP mediante a
descoberta e tradução de estratégias baseadas em evidências,
no cenário clínico; a segunda prioridade reporta-se à análise
e vinculação de indicadores perioperatórios de qualidade,
para promover resultados positivos para a PSP, mediante
práticas baseadas em evidências.2,6 O conhecimento destas
prioridades pelos enfermeiros de perioperatório é fulcral, no
sentido de se conduzir estudos que promovam cuidados
perioperatórios seguros e fomentem o desenvolvimento da
EP.2,6
O enfermeiro de perioperatório tem a importante missão de
assegurar e propiciar à PSP uma práxis clínica de qualidade,
norteada por estratégias que identifiquem e avaliem as suas
necessidades e fomentem a sua satisfação, tendo sempre
presente as três dimensões da EP: o pré-operatório, o
intraoperatório e o pós-operatório.8 Paralelamente, compete
ao enfermeiro de perioperatório elaborar registos de
enfermagem mediante as necessidades da PSP, implementar
intervenções personalizadas, avaliar os resultados obtidos,
assim como implementar metodologias de organização dos
cuidados de enfermagem promotoras da qualidade e
segurança cirúrgicas.8,9
A legislação alusiva às competências específicas do
enfermeiro especialista em enfermagem médico-cirúrgica,
preconiza a consulta perioperatória como uma das cinco
áreas de intervenção, que abrange as consultas pré e a pós-
operatória.3 A Associação dos Enfermeiros de Sala de
Operações Portugueses (AESOP)8 também preconiza
importantes objetivos da CPOE, a referir: o contributo para
a minimização da ansiedade da PSP; avaliar expectativas e
conhecimentos inerentes à cirurgia; permitir o
conhecimento da história clínica e as necessidades
comprometidas, facilitando a elaboração de diagnósticos e o
planeamento de cuidados personalizados; relembrar e
esclarecer informações já proporcionadas, dirigidas à
preparação pré-operatória e propiciar a continuidade dos
cuidados.10,11,12 Pelo exposto, pode-se afirmar que a
avaliação pré-operatória serve de base de sustentação à
CPOE, proporcionando subsídios para o esclarecimento de
dúvidas alusivas ao ato cirúrgico e também, particularmente,
para maior tranquilização da PSP.
A unicidade de cada pessoa vai despoletar uma reação face
à cirurgia que não é linear, podendo ser condicionada por
fatores psicossociais e emocionais, em que o stresse, em
maior ou menor grau, condiciona os comportamentos e as
expectativas face a um futuro próximo, de todo imprevisível
e desconhecido.10,11,12,13 Por outro lado, o BO pode estar
associado à ideia representativa de um local de esperança.11
Neste período, as diferentes formas de comunicação
assumem relevância, pelo que o enfermeiro de
perioperatório deve apropriar-se das suas soft skills
comunicacionais no sentido de fomentar uma relação de
ajuda, em proximidade, com empatia, concretizando em
simultâneo as primeiras etapas do Processo de
Enfermagem.10,11,12,13
No que concerne à sua operacionalização, preconiza-se,
idealmente, a realização da CPOE pelo enfermeiro que irá
estar de apoio à anestesia e nas 24 horas que antecedem a
cirurgia, devendo ser programada com o enfermeiro do
internamento e com a PSP.13
Não obstante, as melhores e mais recentes evidências
científicas disponíveis enfatizarem a importância da
implementação da CPOE, evocando ganhos em saúde para
a pessoa/família,4 constata-se que a sua prática não é um
procedimento uniformizado.14 Foi a constatação desta
desarmonia entre a teoria e a prática que induziu à
necessidade de perceber mais e melhor a aplicabilidade da
CPOE e mais especificamente os constrangimentos à sua
operacionalização, na ótica dos enfermeiros do BO. Na
posse desse conhecimento poderão surgir achados que
propiciem a operacionalização da referida consulta como
uma prática regular, já que a CPOE se traduz numa das mais
importantes intervenções autónomas da EP que importa
destacar, com vista à excelência do cuidar.3 É por isso
importante, compreender e procurar responder à
necessidade de implementação da CPOE, capaz de conferir
um melhor e maior contributo para a PSP e família.
Constata-se, relativamente à CPOE, a existência de lacunas
no conhecimento sobre a temática, sendo este um assunto
pouco estudado na evidência científica.14 Os escassos
estudos neste âmbito sugerem a importância de se realizar
investigações futuras sobre a temática. Os estudos
quantitativos elucidam sobre a importância e os benefícios
da CPOE,4,9,10,11,12 todavia não se identificaram estudos
qualitativos especificamente alusivos à temática em estudo,
o que levou à necessidade de se desenvolver um estudo com
essa metodologia, para melhor compreensão do fenómeno
que se pretendia explorar.
Para o presente estudo, deu-se enfoque à síntese das
evidências disponíveis, tomando em linha de conta o
referencial teórico de Meleis15, que preconiza ser emergente
a necessidade de se promover uma transição saudável,
adequando as estratégias facilitadoras de melhoria às
respostas aos processos de vida, saúde e doença, sendo o
enfermeiro um agente facilitador do processo.15 Crê-se que
esta linha de pensamento alicerça o fenómeno em estudo,
na medida em que, as intervenções de enfermagem visam
capacitar a PSP/família/pessoa significativa, para uma
transição saudável e segura, e, nesse sentido, devem ter
como propósito, auxiliar as pessoas a gerir as transições ao