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Pensar Enfermagem / v.28 n.01 / março 2024
DOI: 10.56732/pensarenf.v28i1.289
Artigo Original Qualitativo
Como citar este artigo: Pedro PR, Cerejo MN, Coelho AN. A consulta pré-operatória de enfermagem:
constrangimentos e sugestões à operacionalização - um estudo qualitativo. Pensar Enf [Internet]. 2024 Mar;
28(1): XX-XX. Available from: https://doi.org/10.56732/pensarenf.v28i1.289
A consulta pré-operatória de enfermagem:
constrangimentos e sugestões à operacionalização -
um estudo qualitativo
The preoperative nursing consultation: constraints
and suggestions for operationalisation - a qualitative
study
Resumo
Introdução
A consulta p-operatória de enfermagem pode ser percecionada como um momento
privilegiado para a transmissão de informação à pessoa em situação perioperatória, visando
melhor prepará-la para a cirurgia e promovendo a sua colaboração nos cuidados
perioperatórios. Não sendo um procedimento concretizado regularmente, importa, por
isso, realizar investigação sobre as causas da sua não realização.
Objetivo
Conhecer os constrangimentos à operacionalização da consulta pré-operatória de
enfermagem, por via da perceção dos enfermeiros do bloco operatório, bem como
identificar as suas sugestões para superar os constrangimentos, e, analisar estratégias
apontadas pelos enfermeiros que permitam a priorização da referida consulta.
Método
Estudo exploratório, descritivo, de natureza qualitativa. Recolha de dados: entrevista focus
group mediante guião de entrevista semiestruturada, complementada no final da mesma
com questionário individual contendo dados socioprofissionais e duas questões abertas.
Participantes: amostra intencional - três grupos de enfermeiros, de três blocos operatórios
de um hospital central da zona centro de Portugal. Implementada análise de conteúdo
segundo o referencial de Bardin. O estudo considerou os princípios éticos e de integridade
científica.
Resultados
Foi possível conhecer os constrangimentos apontados pelos enfermeiros: metodologia para
a operacionalização, ainda indefinida; escassez de tempo disponível; alocação de leito tardia;
privacidade comprometida, na realização da consulta; falta de reconhecimento pelas
estruturas hierárquicas; dificuldades no espaço físico adequado; prolongamento imprevisível
das atividades intraoperatórias; residência longínqua da pessoa em situação perioperatória, e
recursos humanos deficitários. Identificou-se as seguintes sugestões/estratégias para se
superar os constrangimentos: alocação de mais recursos humanos; espaço físico apropriado;
necessidade de maior articulação interdisciplinar e de se criar visibilidade.
Conclusão
A consulta pré-operatória de enfermagem é um procedimento autónomo que os
enfermeiros estão motivados para operacionalizar, superando os constrangimentos que
assinalam e priorizando as suas sugestões.
Palavras-chave
Pesquisa Qualitativa; Período Pré-operatório; Consulta de Enfermagem; Cuidados Pré-
operatórios.
Paula Relvas Pedro1
orcid.org/0000-0001-5159-6586
Maria da Nazaré Cerejo2
orcid.org/0000-0001-7144-4571
Adriana Neves Coelho3
orcid.org/0000-0002-6381-71280
1 Doutoranda. Mestrado. Universidade Católica
Portuguesa, Faculdade de Ciências da Saúde e
Enfermagem, Lisboa. Unidade Local de Saúde de
Coimbra, E.P.E., Portugal.
2 Mestrado. Unidade de Investigação em Ciências da
Saúde: Enfermagem (UICISA: E), Escola Superior de
Enfermagem de Coimbra; Portugal Centre for
Evidence-Based Practice: A Joanna Briggs Institute
Centre of Excellence, Coimbra, Portugal.
3 Doutoramento. Unidade de Investigação em Ciências
da Saúde: Enfermagem (UICISA: E), Escola Superior
de Enfermagem de Coimbra; Portugal Centre for
Evidence-Based Practice: A Joanna Briggs Institute
Centre of Excellence, Coimbra, Portugal.
Autor de correspondência
Paula Relvas Pedro
E-mail: pamarepe@hotmail.com
Recebido: 30.07.2023
Aceite: 20.12.2023
Pensar Enfermagem / v.28 n.01 / março 2024 | 37
DOI: 10.56732/pensarenf.v28i1.289
Artigo Original Qualitativo
Abstract
Introduction
The preoperative nursing consultation can be seen as a
privileged moment for transmitting information to the
person in a perioperative situation, to better prepare them
for surgery and promote their collaboration in
perioperative care. As this procedure is not carried out
regularly, it is therefore important to carry out research into
the reasons why it is not done.
Objective
To learn about the constraints to the operationalisation of
the preoperative nursing consultation, through the
perception of operating theatre nurses, as well as to identify
their suggestions for overcoming the constraints, and to
analyse the strategies pointed out by the nurses to prioritise
this consultation.
Method
An exploratory, descriptive study of a qualitative nature.
Data collection: focus group interview using a semi-
structured interview script, supplemented at the end with
an individual questionnaire containing socio-professional
data and two open questions. Participants: purposive
sample - three groups of nurses from three operating
theatres in a central hospital in central Portugal. Content
analysis was carried out according to Bardin's framework.
The study considered ethical principles and scientific
integrity.
Results
It was possible to identify the constraints pointed out by
the nurses: methodology for operationalisation, still
undefined; shortage of available time; late bed allocation;
compromised privacy when carrying out the consultation;
lack of recognition by hierarchical structures; difficulties in
adequate physical space; unpredictable prolongation of
intraoperative activities; distant residence of the person in
a perioperative situation, and deficient human resources.
The following suggestions/strategies were identified to
overcome the constraints: allocation of more human
resources; appropriate physical space; the need for greater
interdisciplinary coordination and to create visibility.
Conclusion
The preoperative nursing consultation is an autonomous
procedure that nurses are motivated to make operational,
overcoming the constraints they point out and prioritising
their suggestions.
Keywords
Qualitative Research; Preoperative Period; Nursing
Consultation; Preoperative Care.
Introdução
A Enfermagem encontra-se numa crescente metamorfose,
potenciando mudanças na práxis clínica, particularidade que
influencia diretamente a qualidade dos cuidados de saúde
prestados à pessoa em situação de doença.1
Sendo a enfermagem perioperatória (EP) um conceito
central do estudo, importa clarificá-lo à luz da literatura
disponível. Assim, verifica-se a existência de uma
multiplicidade de conceitos que confluem na definição de
que a EP é uma área especializada, diversificada e
tendencialmente cada vez mais complexa, abrangendo várias
subespecialidades na sua área de atuação (authors). Como
refere Hicks2, a EP é ciência e arte em constante evolução.
O conceito de EP tem vindo a evoluir, tornando-se mais
centrado na pessoa em situação perioperatória (PSP) e
família/pessoa significativa a experienciarem situações de
saúde/doença que carecem de intervenções anestésico-
cirúrgicas, em contexto perioperatório.3 Os cuidados de
enfermagem nesta área de especialização também se
reportam à promoção da saúde, à prevenção de
complicações e à implementação de medidas para fazer face
à doença.3
No decurso do processo cirúrgico, os enfermeiros avaliam a
PSP, recolhem, organizam, priorizam os dados, elaboram
diagnósticos de enfermagem, identificam os resultados
esperados, avaliam os resultados obtidos e as respostas da
pessoa.4
Partindo desta premissa, a EP tem como finalidades:
fomentar o desenvolvimento de competências que
propiciem uma prestação de cuidados de qualidade, assim
como conferir subsídios para a otimização dos
comportamentos e atitudes dos enfermeiros de
perioperatório.4
A consulta pré-operatória de enfermagem (CPOE) tem
enquadramento no âmbito da EP, integrando um conjunto
de intervenções realizadas no decurso do processo de
enfermagem, em diferentes contextos hospitalares, com o
intuito de assegurar os melhores e mais favoráveis cuidados
à PSP.4 Promove a humanização dos cuidados, o
autocuidado e uma transição saudável da
PSP/família/pessoa significativa, no sentido de uma melhor
e mais célere recuperação.4
O bloco operatório (BO) é atualmente entendido como uma
unidade com uma estrutura orgânica e funcional autónoma,
que integra recursos humanos, recursos materiais e
tecnologias diferenciadas, direcionados para a prestação de
cuidados cirúrgicos especializados e do foro da
anestesiologia, à PSP.3,5
As diretrizes da Association of Perioperative Registed
Nurses (AORN)5 constituem importantes recomendações
baseadas em evidências para a prestação de cuidados
perioperatórios seguros à PSP, visando a segurança no local
de trabalho; norteiam um modelo de cuidados
perioperatórios com enfoque na pessoa e assente em três
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Artigo Original Qualitativo
dimensões: segurança da pessoa; a sua resposta fisiológica à
cirurgia e a resposta comportamental do binómio
pessoa/família à cirurgia;6,7 focalizam-se nos resultados
cirúrgicos e preconizam que os enfermeiros são os
profissionais legalmente habilitados, com um corpo de
conhecimentos e de competências únicas e reconhecidas
para acionar um modelo de cuidados centrados na PSP.7,8
A AORN Nursing Research Committee (NRC) tem estado
envolvida no desenvolvimento de evidências científicas
considerando as Prioridades de Pesquisa AORN em EP
2023-2028.2,6 Nesse sentido, enfatizou intencionalmente
duas prioridades; a primeira prioridade diz respeito à
construção da ciência da prática da EP mediante a
descoberta e tradução de estratégias baseadas em evidências,
no cenário clínico; a segunda prioridade reporta-se à análise
e vinculação de indicadores perioperatórios de qualidade,
para promover resultados positivos para a PSP, mediante
práticas baseadas em evidências.2,6 O conhecimento destas
prioridades pelos enfermeiros de perioperatório é fulcral, no
sentido de se conduzir estudos que promovam cuidados
perioperatórios seguros e fomentem o desenvolvimento da
EP.2,6
O enfermeiro de perioperatório tem a importante missão de
assegurar e propiciar à PSP uma práxis clínica de qualidade,
norteada por estratégias que identifiquem e avaliem as suas
necessidades e fomentem a sua satisfação, tendo sempre
presente as três dimensões da EP: o pré-operatório, o
intraoperatório e o pós-operatório.8 Paralelamente, compete
ao enfermeiro de perioperatório elaborar registos de
enfermagem mediante as necessidades da PSP, implementar
intervenções personalizadas, avaliar os resultados obtidos,
assim como implementar metodologias de organização dos
cuidados de enfermagem promotoras da qualidade e
segurança cirúrgicas.8,9
A legislação alusiva às competências específicas do
enfermeiro especialista em enfermagem médico-cirúrgica,
preconiza a consulta perioperatória como uma das cinco
áreas de intervenção, que abrange as consultas pré e a pós-
operatória.3 A Associação dos Enfermeiros de Sala de
Operações Portugueses (AESOP)8 também preconiza
importantes objetivos da CPOE, a referir: o contributo para
a minimização da ansiedade da PSP; avaliar expectativas e
conhecimentos inerentes à cirurgia; permitir o
conhecimento da história clínica e as necessidades
comprometidas, facilitando a elaboração de diagnósticos e o
planeamento de cuidados personalizados; relembrar e
esclarecer informações proporcionadas, dirigidas à
preparação pré-operatória e propiciar a continuidade dos
cuidados.10,11,12 Pelo exposto, pode-se afirmar que a
avaliação pré-operatória serve de base de sustentação à
CPOE, proporcionando subsídios para o esclarecimento de
dúvidas alusivas ao ato cirúrgico e também, particularmente,
para maior tranquilização da PSP.
A unicidade de cada pessoa vai despoletar uma reação face
à cirurgia que não é linear, podendo ser condicionada por
fatores psicossociais e emocionais, em que o stresse, em
maior ou menor grau, condiciona os comportamentos e as
expectativas face a um futuro próximo, de todo imprevisível
e desconhecido.10,11,12,13 Por outro lado, o BO pode estar
associado à ideia representativa de um local de esperança.11
Neste período, as diferentes formas de comunicação
assumem relevância, pelo que o enfermeiro de
perioperatório deve apropriar-se das suas soft skills
comunicacionais no sentido de fomentar uma relação de
ajuda, em proximidade, com empatia, concretizando em
simultâneo as primeiras etapas do Processo de
Enfermagem.10,11,12,13
No que concerne à sua operacionalização, preconiza-se,
idealmente, a realização da CPOE pelo enfermeiro que irá
estar de apoio à anestesia e nas 24 horas que antecedem a
cirurgia, devendo ser programada com o enfermeiro do
internamento e com a PSP.13
Não obstante, as melhores e mais recentes evidências
científicas disponíveis enfatizarem a importância da
implementação da CPOE, evocando ganhos em saúde para
a pessoa/família,4 constata-se que a sua prática não é um
procedimento uniformizado.14 Foi a constatação desta
desarmonia entre a teoria e a prática que induziu à
necessidade de perceber mais e melhor a aplicabilidade da
CPOE e mais especificamente os constrangimentos à sua
operacionalização, na ótica dos enfermeiros do BO. Na
posse desse conhecimento poderão surgir achados que
propiciem a operacionalização da referida consulta como
uma prática regular, que a CPOE se traduz numa das mais
importantes intervenções autónomas da EP que importa
destacar, com vista à excelência do cuidar.3 É por isso
importante, compreender e procurar responder à
necessidade de implementação da CPOE, capaz de conferir
um melhor e maior contributo para a PSP e família.
Constata-se, relativamente à CPOE, a existência de lacunas
no conhecimento sobre a temática, sendo este um assunto
pouco estudado na evidência científica.14 Os escassos
estudos neste âmbito sugerem a importância de se realizar
investigações futuras sobre a temática. Os estudos
quantitativos elucidam sobre a importância e os benefícios
da CPOE,4,9,10,11,12 todavia não se identificaram estudos
qualitativos especificamente alusivos à temática em estudo,
o que levou à necessidade de se desenvolver um estudo com
essa metodologia, para melhor compreensão do fenómeno
que se pretendia explorar.
Para o presente estudo, deu-se enfoque à síntese das
evidências disponíveis, tomando em linha de conta o
referencial teórico de Meleis15, que preconiza ser emergente
a necessidade de se promover uma transição saudável,
adequando as estratégias facilitadoras de melhoria às
respostas aos processos de vida, saúde e doença, sendo o
enfermeiro um agente facilitador do processo.15 Crê-se que
esta linha de pensamento alicerça o fenómeno em estudo,
na medida em que, as intervenções de enfermagem visam
capacitar a PSP/família/pessoa significativa, para uma
transição saudável e segura, e, nesse sentido, devem ter
como propósito, auxiliar as pessoas a gerir as transições ao
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longo do ciclo vital, por forma a prevenir ou minimizar
períodos de crise.15
Face ao exposto, formulou-se as seguintes questões de
investigação: Quais os constrangimentos à
operacionalização da CPOE na perceção dos enfermeiros
do BO? Quais as suas sugestões para superar os
constrangimentos? Quais as estratégias que apontam para
priorizar a CPOE?
Enunciou-se como objetivos: conhecer os
constrangimentos à operacionalização da CPOE, por via da
perceção dos enfermeiros do BO; identificar as sugestões
que visem superar os constrangimentos à realização da
CPOE; analisar estratégias apontadas pelos enfermeiros que
permitam priorizar a CPOE. Neste sentido, a finalidade
major do presente estudo conflui com os objetivos, na
medida em que se pretende obter achados consistentes que
possam conferir subsídios à prática regular da CPOE.
Método
Para esta investigação optou-se pela realização de um estudo
exploratório, descritivo, de natureza qualitativa, assente no
paradigma construtivista, cujo alcance analítico procura a
compreensão do fenómeno, o envolvimento do significado
de vários participantes, a construção histórica e social, a
geração de teorias relativamente ao fenómeno.16
No sentido de relatar a investigação, considerou-se o guia
traduzido e validado Consolidated Criteria for Reporting
Qualitative Research (COREQ), segundo Souza et al.17 O
COREQ é recomendável para relatos de investigação em
que se colhem dados por via de entrevistas ou grupos
focais.14 Os seus 32 itens distribuídos em três domínios,
nomeadamente: caracterização e qualificação da equipe de
investigação, desenho do estudo e análise dos resultados
integram a sua checklist, tendo sido abordados todos os
critérios consolidados para relatar a investigação
qualitativa.17
O estudo envolveu os participantes convidados de três
blocos operatórios (BOs) de uma instituição hospitalar da
zona centro de Portugal. Os BOs foram intencionalmente
selecionados considerando os seguintes critérios de
inclusão: o conhecimento da realidade operante dos três
BOs relativamente à concretização da CPOE, o BO onde a
investigadora principal exercia funções, integrar o estudo e,
em pelo menos um dos BOs intervenientes no estudo,
desenvolver-se a prática habitual/recorrente da CPOE. No
sentido de proteger a identidade dos BOs envolvidos, ao
abrigo da Lei n.º 58/2019, de 8 de agosto que diz respeito
ao Regulamento Geral da Proteção de Dados (RGPD),
optou-se por caracterizar os BOs de forma sucinta e
sintética, mediante os seguintes itens descritivos: no BO1,
de maiores dimensões, não era prática habitual a CPOE; no
BO2, de menores dimensões, era prática habitual a CPOE,
e no BO3 igualmente de pequena dimensão, não estava
implementada a CPOE, à data da investigação. O método
de amostragem escolhido foi o intencional porque permite
selecionar informantes para participar com base no
conhecimento específico de determinado fenómeno.16 Na
seleção dos participantes, o enfermeiro gestor de cada BO
teve um papel preponderante, como elo de ligação com a
investigadora principal, facultando a disseminação da
informação aos potenciais participantes, via e-mail. De
salientar, a ausência de relação da investigadora principal
com os participantes de dois dos BOs envolvidos; não
obstante, relativamente aos participantes e ao contexto onde
a investigadora principal exercia funções, foram tidos em
consideração os critérios de rigor científico, mais adiante
descritos, no sentido de precaver qualquer tipo de viés na
investigação em curso.
No que concerne à constituição da amostra, foram
considerados participantes, aqueles que se encontrassem em
exercício de funções nos blocos operatórios selecionados,
organizados em três grupos, de 4 a 11 elementos, segundo
os critérios de inclusão: tempo de serviço no atual BO
superior a dois anos; maior experiência profissional em BO,
formação académica preferencial: pós-graduada, de
especialização ou mestrado. Como critérios de exclusão
estipulou-se: os enfermeiros que se encontrassem em baixa
prolongada e os enfermeiros com menos de dois anos de
experiência em BO. Obteve-se a seguinte constituição da
amostra: BO1, com 11 participantes, codificados do BO1
P1 ao BO1 P11; BO2, com 8 participantes, codificados do
BO2 P1 ao BO2 P8 e BO3 com 4 participantes, codificados
do BO3 P1 ao BO3 P4. Dois elementos do BO3 recusaram
participar no estudo, por indisponibilidade horária, na data
agendada para a colheita de dados. Os enfermeiros que
integraram a amostra corresponderam aos que exerciam
funções nos BOs mencionados da instituição hospitalar, no
período de colheita de dados entre 11 de fevereiro e 4 de
março de 2022 -, e que respeitaram os critérios de inclusão,
perfazendo um total de 23 enfermeiros.
O instrumento de colheita de dados foi a entrevista
semiestruturada focus group, sendo esta última, “uma forma
específica de entrevista de grupo com a intenção de explorar
a dinâmica do mesmo”.16(p.491) A investigadora principal
moderou cada entrevista focus group, tendo utilizado um
guião que se elaborou para o efeito, o qual foi previamente
testado. As entrevistas focus group foram áudio gravadas
em plataforma informática, para maior fidedignidade e
facilidade na sua transcrição e posteriormente foram
validadas pelos seus participantes. Optou-se por
complementar a recolha de dados com questionário Google
Forms, disponibilizado aos participantes dos grupos no final
de cada entrevista, com o intuito de recolher dados
socioprofissionais e as respostas individuais a duas questões
abertas, conferindo assim a possibilidade de se obter maior
riqueza de dados.16 As entrevistas tiveram uma duração que
variou entre 45 e 70 minutos. Foram realizados um total de
3 entrevistas focus group, sem repetição, que culminaram
com a discussão da saturação dos dados. As transcrições
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Artigo Original Qualitativo
foram devolvidas aos participantes para esclarecimentos
e/ou correções.
Para tratamento dos dados recorreu-se à metodologia de
análise de conteúdo com fundamento em Bardin.18 As
entrevistas focus group foram transcritas na íntegra,
manualmente, incluindo hesitações, silêncios e estímulos do
investigador, e, acautelando-se as codificações dos BOs e
dos participantes envolvidos. Inicialmente, efetuou-se uma
leitura superficial, no sentido de se obter uma perceção do
todo; de seguida, por via do software NVivo - utilizado
como auxiliar do processo de análise -, procedeu-se à
importação do material entrevistas e tabelas excel dos
questionários. Posteriormente e com uma leitura mais
atenta, procedeu-se à identificação de unidades de
significado coexistentes nas três entrevistas focus group,
mediante análise textual lexicográfica e análise de similitude.
Para refletir a homogeneidade do corpus da análise,
preconizou-se como critério de inclusão das palavras, as
proferidas com maior frequência, o que facilitou os
processos de filtrar, codificar, categorizar, primeiramente,
em subcategorias, e depois, agregar em categorias;
permitiu ainda, interpretar os dados e colocar em relevo as
conclusões da análise.18
Foram considerados os procedimentos éticos para a
realização da investigação, conforme Nunes.19 Foi obtida
autorização do Conselho de Administração da instituição
hospitalar para o desenvolvimento do estudo, que incluiu o
parecer favorável da Comissão de Ética (Ofício n.º
017/CES, de 28/01/2022, alusivo ao Proc. N.º
OBS.SF.163-2021). Aquando da submissão do questionário,
os participantes foram informados acerca da finalidade do
estudo, da voluntariedade da participação e da garantia da
confidencialidade dos dados, assinando o consentimento
informado.19
No que concerne aos critérios e estratégias de qualidade e
rigor da investigação, teve-se em consideração os critérios
propostos por Lincon e Guba, como referidos por Velloso
et al.20, nomeadamente: credibilidade pela triangulação de
métodos, revisão ancorada por professores orientadores e
validação das entrevistas; transferibilidade pela utilização
de uma amostragem intencional, apresentação esquemática
de resultados e fornecimento da existência de um plano
sobre o contexto e os participantes; dependabilidade
mediante descrição cronológica e sistemática da trilha,
abrangendo notas de entrevistas e observações, entre
outros; confirmabilidade pela adoção de uma perspetiva
indutiva, neutra, desprovida de pareceres, juízos de valor e
conclusões pessoais.20
Resultados
O número total de participantes dos três BOs foi de 23
enfermeiros, dos quais, 22 do género feminino e 1 do género
masculino. No que concerne à idade, 9 enfermeiros tinham
idade superior a 50 anos, 10 integravam a faixa etária [40-49]
e 4, a faixa etária [36-39]. Relativamente à formação
académica, eram mestres [n=3], especialistas [n=9] e
licenciados [n=11]. No que diz respeito ao tempo de
serviço, 4 enfermeiros exerciam funções mais de 36 anos;
8 integravam o período [26-35] anos, 9 enquadravam o
período [16-25] anos e 2 alocavam-se no período [6-15]
anos. Em relação ao tempo de serviço no atual serviço, 1
enfermeiro desempenhava funções no atual BO há mais de
36 anos, 6 enfermeiros alocavam-se no período [26-35]
anos, 9, no período [16-25] anos, 5, no período [6-15] anos
e 2, no período [2-5] anos. Relativamente ao tipo de horário
exercido: horário por turnos [n=8]; horário
fixo+prolongamentos [n=2]; horário fixo (manhã) [n=12],
e, outro [n=1].
Para ter uma melhor perceção do processo de categorização,
conseguida pela análise dos dados obtidos, optou-se pela sua
apresentação de forma esquemática. As unidades de
significado identificadas, emergentes do discurso dos
participantes, e, coexistentes nos três grupos, permitiram
nortear a codificação em subcategorias, que foram agregadas
nas seguintes categorias (figura 1):
Sugestões
Constrangimentos
Beneficiários
Importância
atribuída
Competência
Metodologia
Tempo
Ausência do Serviço
Alocação de leito
Privacidade
Motivação / Reconhecimento
Espaço físico
Atividades intraoperatórias
Residência
Recursos humanos
Recursos Humanos
Espaço físico
Tempo /
Articulação
Interdisciplinar
Criar visibilidade
Figura 1 - Categorização. Fonte: NVivo
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Artigo Original Qualitativo
Assim, foram nomeadas de acordo com a representatividade
do conteúdo e das palavras mais evocadas, dezassete
subcategorias, organizadas da seguinte forma:
Beneficiários; Importância atribuída e Competência,
geraram a categoria “Caracterização da CPOE”. Esta
categoria espelha as perceções dos enfermeiros acerca da
CPOE, nomeadamente a sua relevância; quem tem a
competência para a concretizar, os benefícios advindos pela
sua prática e os beneficiários envolvidos.
Metodologia; Tempo; Ausência do Serviço; Alocação de
leito; Privacidade; Reconhecimento; Espaço físico;
Atividades intraoperatórias; Residência e Recursos
Humanos, geraram a categoria “Constrangimentos”. Esta
categoria reflete os maiores constrangimentos expressos
pelos enfermeiros para a consecução da CPOE,
abrangendo: a preferência pela calendarização, ao invés do
método presencial na véspera; o escasso tempo disponível;
a falta de reconhecimento, da sua importância, pelas
estruturas hierárquicas superiores; a ausência de um espaço
físico apropriado, com o garante da necessária privacidade;
os extensos programas intraoperatórios que retêm os
enfermeiros no cumprimento de outras funções; a
residência do utente, na medida em que se for longínqua,
pode condicionar a sua vinda a uma consulta calendarizada;
por outro lado, se a residência for próxima, poderá
acontecer a possibilidade da PSP deslocar-se para o hospital
apenas no dia da cirurgia, o que, segundo os enfermeiros,
inviabiliza a consecução da CPOE. Por último, a escassez de
recursos humanos para dar cumprimento a todos os
procedimentos de enfermagem, assim como, a excessiva
carga de trabalho, surgem, no discurso dos participantes,
como um dos maiores constrangimentos.
Recursos humanos; Espaço físico; Tempo/Articulação
interdisciplinar e Criar visibilidade geraram a categoria
“Sugestões”. A sugestão de mais recursos humanos com a
competência da prática da CPOE calendarizada, é apontada
como uma estratégia impactante. Por outro lado, o tempo a
disponibilizar para a realização da CPOE é sugerido pelos
enfermeiros como algo importante a gerir, carecendo de
uma articulação com a equipa interdisciplinar, por forma a
não acontecer sobreposição de horários.
Por último, a sugestão de se criar visibilidade por via da
CPOE, é, na perceção dos enfermeiros uma estratégia
fulcral que incrementa valor aos cuidados de enfermagem e
contribui para a melhoria da qualidade.
A agregação possibilitou esquematizar as referidas três
categorias numa estrutura concetual, em que a pessoa surge
no centro dos cuidados de enfermagem (figura 2).
Figura 2 - Estrutura concetual A pessoa no centro dos cuidados de enfermagem. Fonte: NVivo
Discussão
Considerando o foco do estudo (constrangimentos e
sugestões dos enfermeiros na operacionalização da CPOE),
foi realizado o cruzamento com as evidências mais
recentes, dando enfoque às palavras com mais relevância
dentro de cada subcategoria.
Categoria “Caracterização da CPOE subcategorias
emergentes
Apurou-se, pela análise, três subcategorias alusivas à
categoria Caracterização da CPOE:
1 - Beneficiários
Independentemente das experiências pessoais, todos os
participantes caracterizaram a CPOE como um
procedimento autónomo importante para a prestação de
Characterisation of
the PNC
Constraints
Suggestions
PNC
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Artigo Original Qualitativo
cuidados personalizados, propiciando ganhos em saúde para
a PSP, família e também contributos importantes para os
enfermeiros e para a enfermagem.
“…. Porque nós percecionamos que é uma mais-valia tanto
para o doente, como para o profissional (…), como para
toda a segurança na manutenção do processo cirúrgico
“(BO3 P4, fevereiro de 2022).
Do discurso dos participantes apurou-se que a prática da
CPOE tem subjacente uma bilateralidade de benefícios,
quer para a PSP e família, quer para o enfermeiro. Filho et
al.21 corroboram esta perspetiva e alegam que favorece a
relação enfermeiro-PSP, promove o conforto da PSP e
capacitam-na para “passar pelo ato anestésico-cirúrgico de
forma segura, humanizada e com minimização de riscos”.(21
p5)
2 - Importância atribuída “… transmite-nos relevância
(…) permite conhecermos o doente (…) a segurança que
nós lhe damos, a diminuição da ansiedade, pela própria
cirurgia (…) dar visibilidade às nossas atividades autónomas
…” (BO3 P1, fevereiro de 2022).
Os participantes referem que a CPOE é importante, pelos
benefícios advindos para a PSP, família, enfermeiro; pela
interação estabelecida num clima de humanização dos
cuidados centrados na pessoa. Mendes et al.,9 no seu estudo,
corrobora a mesma opinião; concluiu ainda que um maior
nível de informação contribuiu para uma postura mais ativa
por parte da PSP, na sua recuperação. Outros estudos como
os de Gonçalves et al.,10 Breda et al.11 e Ruiz et al.,12
concluíram que a satisfação das necessidades psicológicas e
informativas da PSP tem efeitos impactantes na
minimização dos níveis de ansiedade.
3 - Competência
“… não necessariamente tem de ser o enfermeiro de
anestesia a fazer a consulta (…) um enfermeiro da área
cirúrgica, sim, porque s temos de saber responder às
perguntas que nos colocam (…) temos que dominar as
especificidades da área…” (BO1 P5, janeiro de 2022).
Adicionalmente, a importância da competência na condução
da CPOE foi reforçada pelos participantes, destacando a
necessidade de conhecimentos especializados para
responder às questões específicas das pessoas durante a
consulta. Esta preocupação alinha-se com estudos
anteriores, como o de Pedro et al.,14 que sugere o enfermeiro
de apoio à anestesia como o profissional mais adequado para
realizar a CPOE, dada a sua interação frequente com a PSP
no período intraoperatório.
Categoria “Constrangimentos” subcategorias
emergentes
Apurou-se, pela análise, dez subcategorias alusivas à
categoria Constrangimentos:
1 - Metodologia
“…. Já fizemos esta caminhada com a Visita Pré-Operatória
muitos anos, e não conseguimos parecer favorável com
as Direções…” (BO1 P3, janeiro de 2022).
Alguns participantes referem que têm enfrentado barreiras
nas várias tentativas de operacionalização da CPOE, sempre
declinadas pelos vários Conselhos de Administração, os
quais sempre alegaram “recursos indisponíveis.” O estudo
de Pedro et al.14 corrobora estas considerações.
2 - Tempo
“…. Temos elementos ainda em integração (…) a integração
no Bloco Operatório requer muito tempo e disponibilidade
(…). Fazemos muitas outras funções neste momento que
nos retiram tempo …” (BO3 P2, fevereiro de 2022).
O tempo foi o maior dos constrangimentos expresso, para
além da sobrecarga de trabalho para o horário instituído;
planos operatórios que acabam tardiamente e
procedimentos que poderiam ser cumpridos por outros
profissionais. Segundo Filho et al.,21 os enfermeiros
deveriam ter uma participação mais ativa na construção de
normas e objetivos que conquistem espaço nas suas áreas de
atuação.
3 Ausência do Serviço
“…. Os doentes encontram-se muitas vezes ausentes para
realizarem exames: ECG, cintigrafia, etc. (…) uma
elevada rotatividade de doentes nas enfermaria, (…) o
doente estar ausente, na medida em que virá no dia da
intervenção cirúrgica…” (BO2 P2, janeiro de 2022).
Alguns participantes alegaram elevada
rotatividade/limitação de leitos disponíveis o leito
atribuído à PSP ainda se encontrar alocado a outra PSP que
teve alta. Consideraram premente a necessidade de
articulação com a equipa multidisciplinar, o que vai ao
encontro das alegações de Lopes et al.5, que defende a
necessidade de organização e de um agendamento efetivo.
4 Alocação de leito
“…. O doente não ter cama atribuída àquela hora e nós
andarmos ali, nas imediações da enfermaria, à procura dele
(…) complica muito as condições em que se faz a Visita”
(BO2 P3/BO2 P5, janeiro de 2022).
Este constrangimento é expresso como passível de
inviabilizar a concretização CPOE. Estudos sobre modelos
de gestão, onde se pode incluir a gestão de camas para
melhoria da eficiência, apresentam subsídios para contornar
esta dificuldade; é o caso do estudo de Silva et al.22
5 - Privacidade
“…. Havendo outras pessoas no espaço que não tenham a
ver com a Visita, vai causar constrangimentos e dificuldades
nos doentes em se exprimirem…” (BO2 P6, janeiro de
2022).
A maioria dos participantes alude que a falta de privacidade
compromete CPOE. Existem questões ético-legais que têm
de ser atendidas, no sentido de garantir o anonimato,
confidencialidade e segurança da informação
transmitida/recebida.10,21
6 Motivação / Reconhecimento
“…. É indiscutível a sua importância [da CPOE], mas será
que os enfermeiros estão assim tão motivados para fazê-la?
(…) vamos ter constrangimentos, vamos ter várias
oposições…” (BO1 P6, janeiro de 2022).
Pensar Enfermagem / v.28 n.01 / março 2024 | 43
DOI: 10.56732/pensarenf.v28i1.289
Artigo Original Qualitativo
Na análise dos constrangimentos, a subcategoria
"Motivação/Reconhecimento" destaca uma preocupação
com a possível falta de motivação dos enfermeiros para
realizar a CPOE sem um reconhecimento adequado. Essa
inquietação sobre o investimento sem reconhecimento
posterior é respaldada por Fauricio,23 que enfatiza a
influência do reconhecimento profissional na motivação dos
profissionais de saúde.
7 Espaço físico
“… não há um espaço propriamente dito e espaço-tempo.
(…) depois, temos este constrangimento de estarmos onde
estamos, ou seja, [dados confidenciais] …” (BO3 P4,
fevereiro, 2022).
A ausência de espaço físico é referida como algo
imprescindível; um constrangimento a contornar. Na
opinião dos participantes, a sua ausência interfere na
realização e na qualidade da consulta; interferências na
comunicação e interrupções também referem comprometer.
No estudo de Lopes et al.5, a criação de um espaço
confortável para a realização da CPOE também está
presente nas expetativas dos enfermeiros.
8 Atividades intraoperatórias
“… a falta de tempo, muitas vezes, devido ao
prolongamento das cirurgias (…) elementos ainda em
integração (…). Assumimos funções no Serviço de
Esterilização que poderiam ser executadas por outros
profissionais, com a nossa supervisão …” (BO3 P1, janeiro
de 2022).
Todos os participantes alegaram excessiva carga de trabalho
no desempenho de funções, e, por isso mesmo, argumentam
a necessidade de priorizar as intervenções/procedimentos,
acabando algumas por não se concretizar” (sic).
O NAS - Nursing Activities Score -, instrumento de
mensuração da carga de trabalho de enfermagem em
Unidades de Cuidados Intensivos, é um recurso importante;
contudo, existem estudos que preconizam a aplicabilidade
deste instrumento em cenários diversos, como o refere
Lorenzo et al.,24 pelo que, a sua aplicabilidade no BO, é, na
perceção de alguns enfermeiros, algo a considerar, no
sentido de se justificar a necessidade de reforço das equipas
com mais recursos humanos.
9 - Residência
“… Muitas vezes os doentes vêm no dia da cirurgia, de
manhã (…) pode acontecer se residem na zona e têm
facilidade em deslocar-se. Acabamos por não falar com
esses doentes previamente à cirurgia … “. (BO2 P2, janeiro
de 2022).
No que concerne à subcategoria Residência, alguns
participantes aludem que a distância da residência pode
induzir constrangimentos. O acompanhamento familiar da
PSP, no caso de deslocação longínqua, pode provocar
desequilíbrios de natureza económica, afetando muitas
vezes, a estrutura familiar e afetiva.5,7
10 Recursos humanos
“…. O argumento escassez de recursos humanos é dos mais
relevantes no discurso das Administrações [Hospitalares]
(…) é uma das mais importantes faltas no Serviço; (…)
Também, a incerteza de quem vai estar a acompanhar no dia
da cirurgia, pois poderá não ser o enfermeiro que fez a
consulta a tal cara conhecida.(BO1 P6, janeiro de 2022).
Relativamente à subcategoria Recursos Humanos, a carência
dos mesmos é transversal no discurso de todos os
participantes. Referem a problemática das equipas com
níveis mínimos de dotações seguras. Filho et al.21
corroboram a ideia de que a carência de recursos humanos
compromete negativamente o trabalho do enfermeiro,
originando uma sobrecarga física e mental, com
consequências depreciativas no grau de satisfação para os
intervenientes.
Categoria “Sugestões” subcategorias emergentes
Apurou-se, pela análise, quatro subcategorias alusivas à
categoria Sugestões:
1 Recursos humanos
“…. Se existisse eventualmente uma consulta pré-operatória
de enfermagem com calendarização e com disponibilidade
de um elemento para a realizar (…) seria o ideal…” (BO2
P5, janeiro de 2022).
No âmbito da subcategoria Recursos Humanos, alguns
participantes propõem a criação de grupo de trabalho
contendo peritos das diversas áreas cirúrgicas, no sentido de
se delinear estratégias de intervenção a propor aos órgãos
superiores para se operacionalizar a CPOE: quem faz?
quando faz? onde faz? O modelo de gestão de mudanças
ADKAR (Awareness; Desire; Knowledge; Ability;
Reinforcement) concomitantemente utilizado no
diagnóstico da gestão de mudança nas organizações, valoriza
o espírito de equipa para cada etapa do processo25; nesse
sentido, tem adequação nas mudanças inovadoras que
implicam trabalho em equipa.25 Lopes et al.5 no seu estudo
evocam a relevância de haver um enfermeiro em regime de
exclusividade à consulta de enfermagem, sem outras
funções cumulativas.
2 Espaço físico
“… Precisamos de um espaço, e não é fácil obtê-lo; mas
também não tinha de ser necessariamente aqui, dentro do
Bloco Operatório (…) um gabinete da consulta externa ou
do internamento (…) teria de ser um espaço que nós
pudéssemos ocupar sem constrangimentos …” (BO1 P1,
janeiro de 2022).
No que diz respeito à subcategoria Espaço Físico, a opinião
dos participantes é consensual, sendo imperioso a
determinação de um espaço que possam ocupar durante
determinado período, sem interrupções. Breda et al.11
consideram que esta medida propicia a satisfação das
necessidades informativas da PSP e família, e, a minimização
de níveis de ansiedade.
3 Tempo / Articulação interdisciplinar
44 | Pedro, P.
Artigo Original Qualitativo
“…. Se tivéssemos acesso ao Plano Operatório, aquela
consulta de longo prazo poderia ser feita de forma
atempada. (…), se houvesse essa articulação entre a equipa
médica e a equipa de enfermagem, poderíamos agilizar para
até uma semana ou 15 dias antes…” (BO3 P4, fevereiro,
2022).
A sugestão de "Tempo/Articulação Interdisciplinar" realça
a importância de uma colaboração eficiente entre a equipa
médica e a de enfermagem. Esta sugestão está alinhada com
os achados de Breda et al.11 e Pires et al.,13 que também
sublinham a necessidade de uma articulação sólida com
cirurgiões e anestesiologistas para garantir informações
consistentes e seguras durante a CPOE.
4 Criar visibilidade
“… É preciso as nossas chefias perceberem a importância
de também estarem envolvidos (…) enfermeiro gestor com
funções de direção, enfermeira diretora, o próprio Conselho
de Administração (…) é também importante criar estudos e
obter indicadores”. (BO3 P4, fevereiro, 2022).
A sugestão de "Criar Visibilidade" propõe o envolvimento
das chefias e a realização de estudos para respaldar a
importância da CPOE. Este apelo à criação de estudos é
respaldado por Mendes et al.,4,5,9,10,11,14 que salientam a
necessidade de os enfermeiros desenvolverem estudos que
demonstrem o custo-benefício e a eficácia da consulta de
enfermagem, proporcionando dados tangíveis para
convencer as hierarquias e a administração hospitalar.
Da análise dos dados dos participantes percebe-se que a
maioria dos enfermeiros possuem ideias inovadoras,
sugestões, estratégias pró-ativas pensadas, sustentadas pela
evidência, para atingir os seus propósitos; o que inclui: a
implementação de programas de sensibilização e
capacitação dos enfermeiros para operacionalizar a CPOE,
e a criação e implementação de projetos de melhoria da
qualidade com o mesmo intuito. Percebe-se também que a
sua experiência prévia na prática da CPOE tem interferência
nos resultados obtidos, na medida em que, os enfermeiros
que integram o BO onde se pratica a visita pré-operatória
pensam em estratégias para otimizá-la, como por exemplo,
a sua calendarização. Já os enfermeiros que integram os BOs
onde não se pratica a CPOE, estão mais preocupados com
a sua priorização pelas estruturas hierárquicas, o seu
adequado planeamento e operacionalização. Corroboram
estes achados, o estudo de Pedro et al.14
Alguns participantes argumentam ser necessário criar um
espírito de coresponsabilização e de colaboração
envolvendo as hierarquias que estão no topo da pirâmide
organizacional e na linha intermédia. Nesse sentido, alguns
enfermeiros propõem: desenvolver formação sobre CPOE
baseada nas mais recentes evidências; criar indicadores
sensíveis aos cuidados de enfermagem no âmbito da
temática CPOE; desenvolver estudos e partilhar os
resultados, com o intuito de convencer as hierarquias, e no
topo, o Conselho de Administração, do impacto dos
subsídios que a CPOE pode proporcionar.14
Outros estudos, ainda que, não qualitativos, reportam as
principais dificuldades assinaladas pelos enfermeiros, na
concretização da CPOE, a considerar: o horário disponível
para o procedimento, a escassez de recursos humanos, a
sobreposição de rotinas nas unidades de internamento, a
carência de planeamento, a falta de um protocolo
institucional para realização da CPOE, as rotinas do BO que
declinam a possibilidade de deslocação ao internamento
dentro do horário de serviço, as alterações imprevistas no
plano operatório, por necessidade de ajustamento dos
tempos operatórios, a prioridade secundária atribuída à
CPOE, são alguns exemplos.14 A consulta de enfermagem
será tanto mais bem-sucedida, quanto mais visível e
reconhecida se encontrar na estrutura organizacional onde
está inserida. Para propiciar a implementação desta consulta
é fundamental ter em consideração vários fatores como o
potencial número de pessoas a atender, os procedimentos a
efetuar, os recursos humanos e materiais disponibilizados
para a sua concretização e o tempo previsto para a CPOE
alcançar os seus objetivos. Estes aspetos são corroborados
por Lopes et al.5 e Farrely26, ao aludirem que, com o estudo
destas questões, é possível conhecer os custos de produção,
obter e fornecer dados para a instituição, avaliar o
crescimento qualitativo, conhecer os custos de tratamentos
e procedimentos utilizados e alocar os recursos de modo
eficiente. A perceção de ser premente os enfermeiros
desenvolverem estudos que demonstrem o custo-benefício
e a eficácia da consulta de enfermagem, também surge
respaldada na evidência.4,5,9,10,11,14 Apesar das barreiras que a
operacionalização da consulta de enfermagem possa
enfrentar, a sua importância justifica o esforço da sua
implementação, pelo que, os enfermeiros devem assumir o
compromisso de trabalhar nesse sentido.5,14,21
O presente estudo incrementa conhecimento científico à
evidência, que se apresenta como um estudo qualitativo
inaugural. em matéria de constrangimentos e sugestões dos
enfermeiros, à operacionalização da CPOE. Desta forma,
acredita-se que os achados obtidos poderão ser espelhados
como indicadores na vertente da melhoria da
qualidade.14,22,23
Conclusão
A CPOE é um processo complexo que é condicionado por
uma multiplicidade de fatores e tem na prestação de
cuidados de enfermagem, a sua estrutura basilar. Os
resultados obtidos permitem uma reflexão sobre a
intervenção profissional dos enfermeiros e identificar
eventuais necessidades de mudança para fomentar a
melhoria da prática clínica de enfermagem, e bem assim, a
melhoria da qualidade em saúde. No âmbito da cirurgia
eletiva torna-se essencial sublinhar o papel do enfermeiro na
CPOE. A este profissional são solicitadas competências da
área da PSP, numa dimensão que permita prestar cuidados
Pensar Enfermagem / v.28 n.01 / março 2024 | 45
DOI: 10.56732/pensarenf.v28i1.289
Artigo Original Qualitativo
de excelência, sustentados numa prática informada pela
evidência. Nesta dinâmica, entre experiência profissional e
investigação, pode-se encontrar contributos que favoreçam
a melhoria da qualidade dos cuidados e otimização dos
resultados em saúde.
No que concerne aos constrangimentos, os participantes
desta investigação apontam uma diversidade de fatores,
entre os quais se destacam a limitação de tempo disponível,
recursos humanos deficitários e inexistência de espaço
apropriado, seguidos de: falta de consenso na metodologia
a aplicar se presencial, na véspera, ou, com agendamento
-; PSP ausente do serviço, para a realização de exames
auxiliares de diagnóstico; morosidade na atribuição de leito;
privacidade comprometida aquando da realização da CPOE;
falta de reconhecimento da CPOE, pelas estruturas
hierárquicas; prolongamento imprevisível da atividades
intraoperatórias; residência longínqua da PSP.
No que diz respeito a sugestões apontadas pelos
participantes para contornar os constrangimentos que
assinalam, destaca-se a necessária articulação interdisciplinar
quer com a equipa médica, quer com as hierarquias da
pirâmide organizacional; a alocação de mais recursos
humanos no BO para fazer face às necessidades que
carecem de respostas imediatas; a necessidade de um espaço
físico apropriado e reservado para a realização da CPOE,
que poderá ser externo ao BO, e, a necessidade de se criar
visibilidade a esta consulta mediante estudos que espelhem
indicadores de resultado.
Em matéria de recomendações para a prática, crê-se que os
achados obtidos nesta investigação são consistentes para a
elaboração de planos estratégicos adequados aos contextos
da prática, inspirados nas teorias da gestão de mudança
gestão transformacional -, capazes de operacionalizar uma
mudança inovadora geradora de ganhos em saúde; a título
de exemplo sugere-se que líderes transformacionais
implementem a metodologia de gestão de processos,
alicerçados no modelo de oito passos de Kotter, o qual
permite o detalhe do processo de mudança, de forma
sequencial, até se atingir o enraizamento da mudança
inovadora pretendida, conferindo assim lugar a uma nova
cultura, pelo que, esta, poderá ser a primeira medida a
priorizar na operacionalização da CPOE.
Este estudo não representa um fim em si mesmo; poderá ser
um fio condutor para trabalhos complementares, como o
estudo da perceção dos enfermeiros sobre as estratégias a
implementar para operacionalização da consulta operatória
de enfermagem (pré e pós-operatória) e nesse sentido,
focalizar as intervenções dos enfermeiros, contribuindo para
a melhoria da qualidade dos cuidados.
Acredita-se que este estudo possui implicações para a prática
de cuidados em ambiente de cirurgia eletiva com
internamento, pelo potencial de incrementar valor aos
cuidados de enfermagem, com possibilidades de replicação
em outros blocos operatórios que priorizem operacionalizar
a CPOE.
Não obstante as limitações inerentes ao trabalho
investigativo, nomeadamente a morosidade e adequação dos
processos na fase metodológica, este estudo pode contribuir
para um maior investimento das equipas e da gestão dos
serviços, potenciando a melhoria contínua do desempenho
das equipas de enfermagem, a qualidade dos cuidados e a
visibilidade da EP.
Contribuições autorais
Pedro, PR: Conceção e desenho do estudo; recolha de
dados; análise e interpretação dos dados; análise estatística;
redação do manuscrito; revisão crítica do manuscrito.
Coelho, AN: Análise e interpretação dos dados; revisão
crítica do manuscrito.
Cerejo, MN: Revisão crítica do manuscrito.
Conflitos de interesse e Financiamento
Nenhum conflito de interesse foi declarado pelas autoras.
Fontes de apoio / Financiamento
O estudo não foi objeto de financiamento.
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