Qual a perceção da família sobre a segurança dos
cuidados prestados à criança hospitalizada?
Em oito estudos (28%) os familiares partilharam a mesma
perceção, de que embora identifiquem preocupações de
segurança, consideraram seguros os cuidados prestados à
criança hospitalizada.20,23,24,25,29,35,36,39
Foi relatada confiança nos profissionais de saúde23,35 e
percecionado por alguns familiares um elevado nível de
competências por parte dos profissionais e que os
mesmos garantem não apenas a segurança física, mas
também a psicológica.21
Por outro lado, foram expressos receios e identificadas
falhas de segurança em seis estudos (21%).20,24,26,29,35,36
Relataram fraca prestação de cuidados, poucos
conhecimentos científicos e falta de informação
disponibilizada por parte dos profissionais.41 Alguns
responderam de forma negativa a respeito da aplicação de
estratégias para a prevenção de erros e sobre orientações
para reportar as suas preocupações.43 Foram relatados
sentimentos de vulnerabilidade quando as crianças são
internadas no hospital.44
Familiares referiram sentir-se mais seguros com a
vigilância constante dos enfermeiros quando associada a
comunicação e informação prestada adequadamente.24,26
Verifica-se em 10% dos estudos, uma ênfase nos aspetos
pessoais e relacionais dos profissionais de saúde, sendo
identificados como fatores contribuintes para uma maior
sensação de segurança: a atenção, paciência, carinho,
habilidade de comunicação, educação, respeito e cuidado
com “compaixão e perícia” para com os familiares e
crianças.20,25,41 É relatada uma maior sensação de
segurança quando observavam que os profissionais de
saúde demonstram importar-se com as crianças,20,28
quando demonstravam interesse nas suas perguntas e
quando procuravam observar as crianças, mesmo as que
não se encontravam aos seus cuidados.20
Alguns familiares percecionaram a segurança como uma
combinação de diferentes dimensões: física, através de
práticas seguras; emocional, através da confiança
depositada nos profissionais de saúde, prestação de
informações e envolvimento dos cuidados; e
desenvolvimento da criança, pela sua interação,
crescimento e vínculo.35
Compreende-se ainda por parte dos familiares uma visão
da segurança que envolvia o conforto.27
Os familiares consideraram que a sua relação com os
profissionais afetava os cuidados27 e referiram que uma
boa relação entre a equipa e familiares favorece a troca de
informações, podendo ter impacto na mudança de
atitudes e na promoção da segurança.21
Cinco estudos (17%) apresentam relatos em como os
familiares consideraram a sua presença essencial para
promover o cuidado seguro e para garantir que não são
cometidos erros.9,22,24,30,42 Quanto a este aspeto, familiares
com menor domínio no idioma e menor confiança na
interação com os profissionais demonstraram ser os mais
propensos a relatar a necessidade de cuidar e
supervisionar os cuidados.30
Um dos estudos, aborda concretamente o tema das
quedas. Refere que a maioria dos familiares desconhecia a
ocorrência de quedas durante o internamento, mas
expressaram essa preocupação, além de que a vivência de
experiências passadas, resultou na adoção de maior
vigilância e aplicação de estratégias de prevenção.22
Num estudo realizado em contexto cirúrgico, os familiares
referiram não considerar a equipa de profissionais de
saúde culpada de possíveis complicações, mas atribuem a
possibilidade de ocorrência das mesmas, relacionado com
a imaturidade inerente às características físicas e
imprevisibilidade da criança.29 Noutro estudo, foi ainda
possível compreender que para alguns familiares, a
ocorrência de incidente pode não ser vista como um erro
de segurança se o mesmo não resultar em prejuízo.42
Verificam-se, por sua vez, em três estudos (10%) que
algumas preocupações de segurança relatadas, não se
incluem como reais preocupações de segurança, mas com
outras preocupações de qualidade dos cuidados não
relacionadas à segurança.31,32,45
Quais os incidentes de segurança identificados pelos
familiares das crianças hospitalizadas?
Por ordem decrescente de frequência de relatos, foram
identificados os seguintes incidentes de segurança: os
relacionados com a administração de medicação (24% dos
estudos)15,23,31,32,38,40,42, identificação do paciente, controlo
de infeção hospitalar pela higienização das mãos e
utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI)
(14%)15,38,40,42, quedas (14%)15,23,38,40, realização de
procedimentos (10%)15,32,38, comunicação (10%)15,38,42,
fornecimento de dietas (7%)15,38, flebites e lesões cutâneas
(7%)23,40, múltiplas picadas de agulha (3%)31, diagnóstico
(3%)32, atrasos no tratamento (3%)31 e vigilância da
criança e controlo de visitas (3%).38
Quais os fatores que contribuem para o cuidado
inseguro identificados pelos familiares das crianças
hospitalizadas?
Os fatores que contribuem para o cuidado inseguro
identificados pelos familiares das crianças hospitalizadas
foram agrupados em duas categorias: fatores relacionados
com os profissionais e fatores relacionados com a
organização.
Quanto aos primeiros, a maioria dos familiares das
crianças hospitalizadas identifica falhas na comunicação
entre equipa e entre a mesma e os familiares como um dos
fatores contribuintes para o cuidado inseguro, parecendo
ser a causa principal mais relatada os estudos incluídos
(31%).15,33,34,36,39,41,42,44,45
Referiram sentir-se inseguros quando excluídos dos
cuidados41,42 e quando o comportamento dos enfermeiros
foi percebido como descuidado e não protetor.28
Referiram preocupação com a falta conhecimentos,
habilidades, experiência ou competências de alguns