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Pensar Enfermagem / v.27 n.01 / outubro 2023
DOI: 10.56732/pensarenf.v27i1.299
Cochrane Corner
Como citar este artigo: Henriques A, Ferreira RJO, Costa AS, Carneiro AV. Cochrane Corner -
Intervenções telefónicas para apoio educacional e psicossocial a cuidadores informais. Pensar Enf [Internet].
2023 Out; 27(1)110-112. Available from: https://doi.org/10.56732/pensarenf.v27i1.299
Cochrane Corner - Intervenções telenicas para
apoio educacional e psicossocial a cuidadores
informais
Cochrane Corner - Telephone interventions for
educational and psychosocial support for informal
caregivers
Resumo
O telefone é um meio fácil de prestação de apoio educacional e psicossocial por profissionais
de saúde a cuidadores informais. Esta revisão sistemática Cochrane avaliou 21 ensaios
clínicos aleatorizados, envolvendo 1.690 cuidadores e comparando a eficácia das
intervenções de apoio telefónico com cuidados habituais, na prestação de apoio educacional
e psicossocial. Concluiu-se existir um ligeiro benefício destas intervenções para alguns
outcomes (resultados), como por exemplo, na redução da ansiedade e melhoria da preparação
para cuidar. Contudo, para a maioria dos resultados avaliados, o efeito adicional da utilização
de intervenções telefónicas foi pouco ou nenhum. A maior parte dos estudos possuíam
elevado risco de viés e amostras reduzidas.
Palavras-chave
Cuidador Informal; Telefone; Telemedicina; Teleenfermagem; Educação para a Saúde;
Sistemas de Suporte Psicossocial; Sobrecarga do Cuidador; Qualidade de Vida.
Abstract
The telephone is an easy way for health professionals to provide educational and
psychosocial support to informal caregivers. This Cochrane systematic review evaluated 21
randomised clinical trials involving 1,690 caregivers comparing the efficacy of telephone
interventions against usual care, regarding educational and psychosocial support. It was
concluded that these interventions may have a slight benefit for some outcomes, such as
reducing anxiety and improving preparation for care. However, for most of the evaluated
outcomes, the additional effect of using telephone interventions was little or none. Most
studies had a high risk of bias and few participants.
Keywords
Caregivers; Telephone; Telemedicine; Telenursing; Patient Education as Topic;
Psychosocial Support Systems; Caregiver Burden; Quality of Life.
Adriana Henriques
1
orcid.org/0000-0003-0288-6653
Ricardo J. O. Ferreira
2
orcid.org/0000-0002-2517-0247
Andreia Silva Costa
3
orcid.org/0000-0002-2727-4402
António Vaz Carneiro
4
orcid.org/0000-0002-2783-0544
1
Doutoramento.
Centro de Investigação, Inovação e
Desenvolvimento em Enfermagem de Lisboa
(CIDNUR), Escola Superior de Enfermagem de
Lisboa (ESEL), Lisboa. Instituto de Saúde Ambiental
(ISAMB), Faculdade de Medicina de Lisboa,
Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal.
2
Doutoramento.
Centro de Investigação, Inovação e
Desenvolvimento em Enfermagem de Lisboa
(CIDNUR), Escola Superior de Enfermagem de
Lisboa (ESEL), Lisboa. Serviço de Reumatologia,
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra,
Coimbra. Núcleo de Investigação em Enfermagem
(NIE), Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra,
um centro clínico da Unidade de Investigação para as
Ciências da Saúde ramo Enfermagem (UICISA:E),
Escola Superior de Enfermagem de Coimbra,
Coimbra, Portugal.
3
Doutoramento.
Centro de Investigação, Inovação e
Desenvolvimento em Enfermagem de Lisboa
(CIDNUR), Escola Superior de Enfermagem de
Lisboa (ESEL), Lisboa. Instituto de Saúde Ambiental
(ISAMB), Faculdade de Medicina de Lisboa,
Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal.
4
Doutoramento.
Instituto de Saúde Baseada na
Evidência, Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal.
Autor de correspondência
Adriana Henriques
E-mail: ahenriques@esel.pt
Recebido: 11.10.2023
Pensar Enfermagem / v.27 n.01 / outubro 2023 | 111
DOI: 10.56732/pensarenf.v27i1.299
Cochrane Corner
Questão Clínica: Qual a utilidade das chamadas
telefónicas para apoiar os cuidadores informais?
1
Objetivos
Avaliar a eficácia das intervenções de apoio telefónico,
realizadas por profissionais de saúde, quando comparadas
com cuidados habituais ou intervenções sem utilização de
telefone, na prestação de apoio educacional e psicossocial a
cuidadores informais (CI) de pessoas com doenças agudas
e crónicas, em termos da qualidade de vida (QV) e da
sobrecarga dos cuidadores. Secundariamente, avaliar o
custo efetividade das intervenções telefónicas.
Tipo e descrição do Estudo
Foi realizada uma revisão sistemática da literatura (RS) de
ensaios clínicos controlados e aleatorizados (RCTs),
incluindo aleatorização por clusters. Como resultados
principais consideraram-se a QV e a sobrecarga dos
cuidadores, e como secundários os indicadores económicos
da intervenção, bem como a aquisição de competências de
cuidar, a saúde psicológica, o conhecimento, a saúde e bem-
estar, a função familiar, e a satisfação dos cuidadores.
Foram considerados apenas os estudos relativos a
intervenções (individuais ou em grupo) em que a primeira
sessão possa ter sido presencial ou telefónica, mas em que
todas as restantes foram realizadas via telefone, comparado
com cuidados habituais. Excluíram-se estudos com
telechamada online com imagem. Os intervenientes tinham
de ser profissionais de saúde credenciados e os destinatários
CI adultos, independentemente da relação com o doente
(doença aguda ou crónica).
Foram pesquisadas as bases de dados de Ensaios Clínicos
da Cochrane Library (CENTRAL), MEDLINE, Embase,
PsycINFO, ProQuest, e a CINAHL complete, bem como
11 websites específicos de CI, três conferências
internacionais, e dois registos internacionais de ensaios
clínicos.
Resultados
Foram incluídos 21 RCTs, envolvendo 1.690 CI, com
intervenções providenciadas principalmente por assistentes
sociais (n=5), enfermeiros (n=4), psicólogos (n=4), ou
equipas multiprofissionais com enfermeiros, assistentes
sociais e outros (n=3).
Verificou-se que as intervenções de apoio telefónico
(n=19) possuem baixa ou nenhuma probabilidade de ter
efeito na QV do CI (certeza da evidência moderada), bem
como pouco efeito na sobrecarga dos mesmos (certeza de
evidência baixa) em comparação com os cuidados
habituais, imediatamente após a conclusão da intervenção.
Em termos de outcomes secundários, constatou-se que a
ansiedade possa ser ligeiramente reduzida e a preparação
para cuidar ligeiramente melhorada após a intervenção, mas
não existindo certeza sobre os efeitos na depressão. Em
geral, verificou-se pouco ou nenhum efeito nos resultados
definidos nesta revisão.
Dois estudos compararam intervenções de apoio por
telefone versus por outro meio à distância, existindo pouca
ou nenhuma evidência de efeito superior ao apoio por via
não telefónica.
Conclusões
As intervenções de apoio por telefone a CI, por parte de
profissionais de saúde poderão ter ligeiro benefício na
redução da ansiedade e melhoria da preparação para cuidar,
no final da intervenção, quando comparadas com os
cuidados habituais. Contudo, para a maioria dos resultados,
incluindo a QV e a sobrecarga do cuidador, as intervenções
por telefone aparentam ter pouco ou nenhum efeito. No
entanto, deve-se ter em consideração que os resultados da
revisão foram baseados principalmente em estudos com
alto risco de viés e com poucos participantes.
Comentário
Esta revisão Cochrane
1
foi realizada no período pré-
pandemia COVID-19, que como se sabe, aumentou
exponencialmente o desenvolvimento de tecnologias
telemáticas para a realização de consultas em saúde à
distância.
2
A telesaúde é, hoje em dia e no geral, bem-
recebida pelos utentes, ainda que permaneça mais acessível
a alguns grupos do que a outros, sendo a qualidade do
atendimento equivalente ao presencial para determinadas
doenças agudas e crónicas.
2
Em 2022, foi publicada uma
RS que avaliou a eficácia das intervenções de telesaúde,
com foco nas pessoas com doenças reumáticas e
musculoesqueléticas
3
para servir de base à elaboração de
recomendações europeias neste âmbito.
4
Um dos
princípios gerais destas recomendações salientam que as
intervenções de telesaúde devem ser desenvolvidas em
colaboração com todos os parceiros, incluindo os
profissionais de saúde, os CI e as pessoas com doença.
4
Durante a pandemia COVID-19 forma muitos os
enfermeiros que recorreram à consulta telefónica ou a
outros meios digitais (telenfermagem) para mitigar o
impacto na saúde das populações. Estes profissionais
viram-se confrontados com falta de condições e
orientações apropriadas para levar a cabo esta tarefa com a
qualidade e segurança necessárias. Como tal, a Secção
Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros definiu um
grupo de trabalho com o objetivo de definir
recomendações para promover o desenvolvimento e
uniformização da prestação de cuidados de telenfermagem
em Portugal.
5
Denotam-se como principais preocupações
o garante da segurança, qualidade, individualidade dos
cuidados, o que requer a adequabilidade de meios humanos,
técnicos e formativos/organizativos. Na recomendação 5
refere-se que “o enfermeiro e o utente, num processo de
decisão partilhada, devem decidir quais as ferramentas mais
adequadas, entre as existentes, a utilizar em
112 | Henriques, A.
Cochrane Corner
telenfermagem”, porque se considerou que, em muito
casos, o telefone é ainda o melhor meio de contacto.
5
Implicações Clínicas
A prestação de apoio educacional e telefónico, por parte de
profissionais de saúde, a CI pode ser utilizado pelos
profissionais de saúde para aumentar a satisfação dos
utilizadores e reduzindo a sua ansiedade. Outras revisões,
que incluíram estudos posteriores à Pandemia COVID-19,
sustentam de forma mais robusta a utilização de
monitorização à distância, salvaguardando-se a necessidade
de disponibilização dos meios e do treino adequado.
Infelizmente, em termos de impacto nos cuidadores, esta
RS não detetou benefício significativo, talvez porque as
dimensões amostrais dos estudos individuais foi pequena e
estes apresentavam elevado risco de viéses.
Contribuições autorais
Adriana Henriques definiu a estrutura de acordo com
orientações Cochrane. Ricardo Ferreira escreveu o primeiro
rascunho do manuscrito, que foi revisto criticamente por
todos os autores, que concordaram com a versão final.
Conflitos de interesse
Nenhum conflito de interesse foi declarado pelos autores.
Fontes de apoio / Financiamento
Não há financiadores a relatar para esta submissão.
Bibliografia
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professionals, for providing education and psychosocial
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