A amamentação é um dos desafios apontados, três
participantes não amamentaram, uma por opção (Q 128),
uma por razões maternas (Q121) e uma devido a
dificuldades na pega (Q 126). 41,9% das participantes ainda
estava a amamentar aquando do preenchimento do
questionário, 31,2% amamentou exclusivamente até aos 6
meses e 45,4% manteve a amamentação de acordo com o
que tinha planeado.
Algumas participantes expressaram as dificuldades na
amamentação como: “O bebé tinha freio curto e não sabíamos”
Q16, “Dificuldade na pega do bebê. Levou a uma perca de peso
acentuada, mamilos feridos e dor insuportável, início de uma mastite,
cansaço acentuado e dificuldade em gerir as emoções associadas a esta
dificuldade” Q39.
O autocuidado é uma preocupação na maioria das
participantes (70,2%), sendo a recuperação física e
psicológica outro dos desafios relatados pelas participantes
do estudo nomeadamente: as “dores vaginais” Q1, “Privação de
sono, insónias intensas, ansiedade, dificuldade em estar fechada com o
bebê, vontade de ter rotina novamente, crise de identidade, baby blues.”
Q32, “muita dificuldade a tomar banho, a ir à casa de banho, a
andar, levantar, estar com o bebé ao colo, estar sentada. Foi muito
difícil” Q40, “o desgaste emocional e a dúvida do que é que eu fui
fazer a minha vida” Q68.
O relacionamento conjugal é impactado pelas dificuldades
na parentalidade, conjugalidade e sexualidade. Na transição
para a parentalidade é referido como o relacionamento
pode influenciar esta transição e vice-versa: “Pontos de vista
diferentes sobre maternidade” Q25. 73,8% das participantes
referem alterações no relacionamento com o companheiro.
Algumas das dificuldades na conjugalidade e sexualidade
expressas são: “Dificuldade na comunicação e em ter tempo
enquanto casal” Q24, “Principalmente sobre os cuidados com o bebê
e ajuda nas tarefas da casa. O companheiro tem horários de trabalho
que dificultavam a sua presença em casa. Que levaram a um
afastamento e sentimento de solidão em que tudo dependia de mim.”
Q39, “Não há vida conjugal apenas parental” Q61, “A falta de
sono deixa me mais irritada, a falta de tempo e privacidade para a
atividade sexual” Q80.
Relativamente ao planeamento familiar a maioria escolheu
o método contracetivo ainda na gravidez (n=71), no
entanto uma das participantes afirma que “No centro de saúde
apenas me perguntaram que contracetivo queria” Q82.
As dificuldades quer do apoio dos profissionais de saúde,
quer de familiares ou amigos que formam a rede de apoio
referidas pelas participantes são expressas pela: “Sobrecarga
quando o meu parceiro foi trabalhar” Q4, “Falta de apoio na
amamentação (…)” Q6, “Pressão social para trabalhar (…) Poucas
alternativas para socializar” Q16, Profissionais de saúde
“Desinformados, inconvenientes e persistentes na sua opinião” Q17,
“Informações contraditórias de diferentes profissionais de saúde” Q24,
“Foi na altura do COVID. E pensei que a família ia estar mais
presente para ajudar e nada. Foi uma ilusão minha.” Q56, “As
pessoas ajudam com o bebé na parte fácil e não com tudo o resto que é
o mais difícil (tarefas domésticas, cozinhar etc)” Q80, “Nem
consultas tive no serviço nacional de saúde” Q86.
A gestão do quotidiano é outro dos desafios relatados,
nomeadamente a gestão de tarefas domésticas e com outros
filhos: “Falta de tempo/oportunidade para fazer as tarefas
domésticas” Q42, “Lidar com o mais velho” Q57, a gestão de
visitas: “Dificuldade em impor limites. Nas visitas e tempo das
mesmas, contacto com o bebé. Opiniões não solicitadas, julgadoras”
Q82 e o regresso ao trabalho “Ausência de licença paterna por
ser prestador de serviços. Licença materna ridiculamente pequena”
Q37, “A privação de sono retira energia para o resto, gestão do tempo
trabalho-família-casa” Q49, “Conciliar horários de trabalho com
creches” Q126, “Poder replanear futuro profissional” Q135.
Necessidades da tríade na perspetiva das participantes
As necessidades da tríade identificadas são as necessidades
informativas: “cuidados que a mãe deve ter com ela própria, a nível
de alimentação, suplementação e cuidados com o corpo no pós-parto”
Q33, “(…) sobre o que são sinais de alerta no bebé. O que pode
acontecer, o que é normal ou não.” Q40, as necessidades físicas e
biológicas: “Arranjar tempo para mim, para fazer desporto, para
cuidar de mim” Q59, “Necessidade de higiene constante.” Q70, as
necessidades psicológicas e emocionais quer do bebé como
“…a necessidade dela de estar sempre no meu colo ou comigo junto a
ela” Q66 e da mãe/casal: “Necessidade de apoio
emocional” Q16 e por último as necessidades sociais como
“Ajuda nas tarefas e no cuidado ao bebé (…) Apoio na
amamentação” Q2, “Apoio psicológico” Q8, “Segurar a bebé por
alguns momentos, fazerem a comida” Q20, “Algum já seria bom.
Para 99% do desenho do acompanhamento de profissionais de saúde
no sistema, o 4o trimestre nao existe” Q34 “Visita domiciliária no
pós-parto para realização de teste do pezinho, para avaliação do bem-
estar materno e do RN” Q52, “Tarefas da casa, tratamento da
roupa, refeições e atividades dos irmãos” Q61.
As forças que contribuíram para uma vivência positiva
do quarto trimestre
As forças que contribuíram para uma vivência positiva do
quarto trimestre que emergiram deste estudo foram: as
experiências passadas, as forças cognitivas, as forças
biológicas e intrapessoais, as forças psicológicas, as forças
relacionais e de afeto, as forças sociais e interpessoais, a
criação de um Plano, a parceria colaborativa e a promoção
de ambiente protetor.
As experiências passadas como descrito: “Ter tido um parto
natural humanizado e respeitado. Ser a segunda experiência” Q15,
“A experiência de parto ter sido positiva, muito apoiada pela equipa
de enfermagem, sem qualquer tipo de instrumentos nem de cortes
desnecessários. Tornou a recuperação muito mais rápida e leve para
mim.” Q44, as forças cognitivas como “Muitos vídeos na
internet mais apoio da enfermeira” Q26, “… procurar informação
em livros escritos por enfermeiras e/ou médicos” Q104. As forças
biológicas e intrapessoais expressas: “Acho que tive uma
recuperação excelente devido a não ter grandes sequelas do parto” Q2,
“A bebe ser calma” Q5, as forças psicológicas expressas
“simplesmente olhar ao espelho” Q5, “…Mindfulness e reconhecer