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Pensar Enfermagem / v.28 n.01 / junho 2024
DOI: 10.56732/pensarenf.v28i1.307
Artigo Original Qualitativo
Como citar este artigo: Pena BSAN, Santos MAF. Um Cuidar Baseado nas Forças: Plano Pós-parto para
uma Vivência Positiva do Quarto Trimestre. Pensar Enf [Internet]. 2024 Jun; 28(1): 67-79. Available from:
https://doi.org/10.56732/pensarenf.v28i1.307
Um Cuidar Baseado nas Forças: Plano Pós-parto
para uma Vivência Positiva do Quarto Trimestre
Strengths-Based Care: A Postpartum Plan for a
Positive Fourth Trimester Experience
Resumo
Introdução
O quarto trimestre ou período pós-parto é um conceito que coloca no centro dos cuidados
a mulher (recém-nascido e casal) inserida na família. Neste estudo desenvolveu-se um
instrumento que permite à puérpera/casal planear e organizar o pós-parto, de modo a
facilitar a adaptação neste período, tendo sido norteador deste processo o referencial
teórico do Cuidar em Enfermagem Baseado nas Forças de Laurie Gottlieb.
Objetivo
Este estudo inicia-se com a pergunta de pesquisa: Quais as dificuldades experienciadas pela
puérpera no s-parto? Tendo como objetivos: identificar as necessidades bio-psico-sociais
da tríade nas primeiras 12 semanas pós-parto, as estratégias da puérpera/casal para
ultrapassar as dificuldades percecionadas e os itens a incluir no plano s-parto, na
perspetiva materna.
Métodos
Estudo descritivo exploratório com abordagem mista, com a aplicação de um questionário
a mães com idades entre os 18 e os 39 anos, obtendo-se 141 respostas com critérios de
elegibilidade entre 14 de abril e 5 de maio de 2023. Foi partilhado o instrumento de colheita
de dados através de grupos de mães nas redes sociais (Facebook, Instagram, WhatsApp). A
análise de conteúdo foi realizada segundo Bardin e foi utilizada a categorização semântica
no tratamento dos dados qualitativos e a analise estatística dos dados quantitativos.
Resultados
Do estudo emergiram as dificuldades, as necessidades da tríade nas primeiras 12 semanas,
as estratégias ou forças para superar as dificuldades e os itens sugeridos para o plano pós-
parto.
Conclusão
Conclui-se que o plano pós-parto é um conceito inovador, uma vez que as grávidas/casais
se focam na elaboração do plano de parto, desconhecendo ou o valorizando o plano pós-
parto. No entanto a maioria das participantes consideraram o planeamento como uma das
forças ou estratégias para uma vivência positiva do quarto trimestre.
Palavras-chave
Enfermeira Parteira; Saúde da Mulher; Enfermagem Holística; Cuidar Baseado nas Forças;
Período pós-parto
Abstract
Introduction
The fourth trimester or postpartum period is a concept that places the woman (newborn
and couple) at the centre of care, within the family. In this study, an instrument was
developed to enable the puerperal woman/couple to plan and organise the postpartum
period, in order to facilitate adaptation during this period. The theoretical framework of
Laurie Gottlieb's Strengths-Based Nursing Care guided this process.
Berta Susana de Almeida Nunes da Pena
1
orcid.org/0009-0000-9164-6058
Maria Anabela Ferreira dos Santos
2
orcid.org/0000-0002-1675-5227
1
Mestrado, Enfermeira na USF Querer Mais, Unidade
Local de Saúde Arco Ribeirinho, Membro do Centro
de Investigação, Inovação e Desenvolvimento em
Enfermagem de Lisboa (CIDNUR), Lisboa, Portugal.
2
Professora Coordenadora na ESEL Escola Superior
de Enfermagem de Lisboa. Membro do Centro de
Investigação, Inovação e Desenvolvimento em
Enfermagem de Lisboa (CIDNUR), Lisboa, Portugal
Autor de correspondência:
Berta Susana de Almeida Nunes da Pena
E-mail: penal@campus.esel.pt
Recebido: 03.01.2024
Aceite: 16.04.2024
68 | Pena, B.
Artigo Original Qualitativo
Objective
This study begins with the research question: What
difficulties does the puerperal woman experience in the
postpartum period? Its objectives are: to identify the triad's
bio-psycho-social needs in the first 12 weeks postpartum,
the puerperal woman's/couple's strategies for overcoming
perceived difficulties and the items to be included in the
postpartum plan, from the maternal perspective.
Methods
A descriptive exploratory study with a mixed-methods
approach, with a questionnaire administered to mothers
aged between 18 and 39, obtaining 141 responses with
eligibility criteria between April 14 and May 5, 2023. The
data collection tool was shared through groups of mothers
on social networks (Facebook, Instagram, WhatsApp).
Content analysis was carried out according to Bardin and
semantic categorization was used to process the qualitative
data and statistical analysis of the quantitative data.
Results
The study revealed the difficulties, the needs of the triad in
the first 12 weeks, the strategies or strengths to overcome
the difficulties and the suggested items for the postpartum
plan.
Conclusion
It can be concluded that the postpartum plan is an
innovative concept, since pregnant women/couples focus
on drawing up the birth plan, unaware of or not valuing the
postpartum plan. However, most of the participants
considered planning to be one of the strengths or strategies
for a positive experience of the fourth trimester.
Keywords
Nurse Midwife; Women's Health; Holistic Nursing;
Strengths-Based Care; Postpartum Period.
Introdução
O puerpério é um conjunto de modificações físicas e
psíquicas que ocorrem após o parto.
1
Para Chauhan e Tadi
2
este inicia-se após a expulsão da placenta até à completa
recuperação de diversos sistemas orgânicos. Este conceito
tem por base apenas conceitos anátomo-fisiológicos. De
acordo com a definição de puerpério da Direção-Geral de
Saúde (DGS)
3
este é um período de recuperação física e
psicológica materna que se inicia a seguir ao nascimento até
6 semanas pós-parto.
Também a Organização Mundial de Saúde (OMS)
4
considera as primeiras 6 semanas como definido para o
período de puerpério, dividindo em puerpério imediato
(primeiras 24 horas), puerpério precoce (do segundo ao
sétimo dia) e puerpério tardio (até ao final da 6ª semana).
Chauhan e Tadi
2
consideram a fase tardia até 6 semanas a 6
meses após o parto.
Na visão de Souza e Fernandes
5
o pós-parto pode ter a
duração de um ano, acrescentando o período remoto a
partir do 43º dia até um ano pós-parto.
O puerpério é um período de transição, de adaptações e
transformações físicas, biológicas, familiares e emocionais,
que refletem tanto nos cuidados individuais como nas
interações que a mulher estabelece com o seu filho,
companheiro e demais membros da família, sendo um
momento de vulnerabilidade em que existem necessidades
de apoio social, físico, emocional e informativo.
6
Apesar de
ser uma fase do ciclo gravídico-puerperal com muitos
desafios e vulnerabilidades, esta é aquela em que a mulher
tem menos atenção e apoio dos profissionais de saúde.
5
As necessidades sentidas ao longo do puerpério, desafiam
o trabalho dos profissionais de saúde desde o p-natal para
preparar a mulher para as situações que serão vivenciadas
nesta nova fase, bem como, o trabalho com a família no
fortalecimento das relações e na preparação da rede de
apoio para a chegada do novo membro. Neste sentido é
importante começar o planeamento do pós-parto ainda na
gravidez.
7,8,6
De acordo com Savage
9
o planeamento do
parto deve ir além do trabalho de parto e do nascimento e
incluir as semanas seguintes, com a discussão antecipada
sobre a alimentação infantil, saúde emocional no pós-parto,
os desafios da parentalidade e da recuperação pós-parto
desde o nascimento, incluindo a rede de apoio.
7,9
O apoio contínuo no pós-parto centrado na mulher é uma
recomendação do The American College of Obstetricians and
Gynecologists (ACOG)
7
considerando este período como o
quarto trimestre em que recomenda que deve haver mais
do que uma consulta, durante pelo menos as primeiras 12
semanas. O conceito do quarto trimestre resgata o foco de
atenção neste período tendo em conta os desafios e
necessidades da puérpera, recém-nascido (RN) e casal,
integrados em seu ambiente familiar. O ACOG na mesma
recomendação, reforça a tomada de decisão compartilhada
entre o profissional de saúde com base em evidência
científica e a puérpera com as suas experiências e valores.
A transição para a maternidade desenvolve-se em quatro
fases distintas segundo Mercer
8
em que a primeira fase
ocorre durante a gravidez e consiste na ligação ao feto e
preparação para o parto e maternidade, a segunda, nas
primeiras duas a seis semanas após o parto, fase essencial
para recuperação pós-parto e aquisição de conhecimentos
para cuidar do bebé, a terceira entre as duas semanas e os
quatro meses de adaptação ao quotidiano, e, por último, a
quarta fase por volta dos quatro meses que consiste no
alcance da identidade materna. O pai também passa por um
processo de transição que se inicia entre o 4º e s de
gestação, altura em que começa a ser percetível por este, os
primeiros movimentos fetais e em que surgem sentimentos
como o desejo de estar presente no parto e ansiedade com
a aproximação deste momento, em que a vivência da
paternidade se desenvolve com a experiência da relação
Pensar Enfermagem / v.28 n.01 /junho 2024 | 69
DOI: 10.56732/pensarenf.v28i1.307
Artigo Original Qualitativo
com o bebé nas novas rotinas após o nascimento.
10
O quarto trimestre para além do foco na saúde materna,
engloba todas as práticas que simulam o ambiente
intrauterino (swaddling, shushing, side/stomach position, swinging
e sucking), aparentando uma gestação externa e que tem por
princípio que o bebé necessita de pelo menos um período
de 3 meses de adaptação ao meio extrauterino segundo
Lima et al. (2017), citado por Sequeira et al.
11
Hannon et al.
12
realçam a importância da inclusão da saúde
e do bem estar e o apenas a ausência de morbilidade
numa visão holística de cuidados, nesta fase da
maternidade. Uma experiência positiva de gravidez, parto e
transição através da maternidade é um resultado altamente
desejável para todas as mulheres. Uma experiência pós-
natal positiva é definida como aquela em que mulheres,
parceiros, pais, cuidadores e famílias recebem informações
e garantias de forma consistente de profissionais de saúde
motivados. As necessidades de saúde, sociais e de
desenvolvimento das mulheres e dos bebés são
reconhecidas, dentro de um sistema de saúde com recursos
e flexível que respeita o seu contexto cultural.
4
O cuidar baseado nas forças (CBF) de Laurie Gottlieb
13
tem uma abordagem holística em que se centra na
individualidade da pessoa, tendo em conta as forças e
potenciais, inseridas no seu ambiente. Para além dos
cuidados centrados na pessoa é assente em mais três pilares:
o movimento de empowerment, a parceria colaborativa e a
promoção e prevenção da saúde, incentivando a pessoa a
assumir a responsabilidade pela sua própria saúde,
recuperação e cura de acordo com a autora. Este referencial
teórico é mais que um modelo, é uma filosofia e tem as suas
raízes fundamentais na abordagem de enfermagem de
Florence Nightingale.
14
Para Gottlieb as forças são “as qualidades, aptidões,
competências, capacidades e habilidades distintas e
separadas que coexistem com as fraquezas” (…) estas
definem a “pessoalidade do indivíduo e dão expressão à sua
humanidade”.
13(p.126)
Segundo a mesma autora as forças
podem ser biológicas, intra e interpessoais e sociais
(recursos, bens) para ajudar a pessoa a lidar com os
desafios, atingir metas e a atuar integradamente na
totalidade da pessoa, sendo um compromisso para o seu
autodesenvolvimento. Na visão holística da autora todos os
aspetos da pessoa (corpo, pensamentos, emoções,
consciência espiritual, vínculos, relações sociais e a
capacidade de regular e lidar) trabalham juntos, de modo
que a pessoa se sinta completa e inteira. Os recursos sociais
estão no ambiente imediato ao da pessoa e podem incluir
“finanças, relações familiares, religião, comunidade e
afins”.
13(p.134)
A pessoa deve ter conhecimento dos recursos
disponíveis para os poder mobilizar e aceder.
O CBF utiliza uma linguagem positiva como força, energia,
desafios, oportunidades, possibilidades, sendo uma
linguagem de esperança. Tem uma relação colaborativa, na
qual o enfermeiro, a equipa, em conjunto com a pessoa e
família tomam decisões, criam o plano e trabalham juntos
para encontrar soluções. O que a pessoa sente, pensa e as
suas experiências são valorizadas. Foca-se na saúde e na
vida da pessoa.
13
Segundo Gottlieb
13
a pessoa, família e comunidades
quando acreditam em si mesmos, focam-se nos aspetos
positivos, são respeitados e quando m recursos
disponíveis para encontrarem soluções para os seus
problemas, têm uma maior probabilidade de construir um
futuro sustentável para eles e para os seus filhos.
Posto isto, verificam-se semelhanças entre este modelo
teórico e a filosofia de cuidados do enfermeiro Especialista
em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica (EESMO),
em que Barradas et al.
15
enfatizam o empowerment, os
cuidados centrados na mulher, a parceria entre a mulher e
o enfermeiro EESMO, numa perspetiva holística, cabendo
a este a prestação de cuidados com flexibilidade e
criatividade, de modo a capacitar e dar suporte.
Neste sentido, é fundamental empoderar a mulher, o casal
e a família para o quarto trimestre, de modo a serem criadas
estratégias com base nas suas forças e potenciais, com a
finalidade de ultrapassar e minimizar os desafios com que
se possam vir a deparar, num ambiente saudável.
Este estudo foi realizado no âmbito da Tese de Mestrado
em Enfermagem de Saúde Materna e Obstetrícia e surgiu
de uma ideia de elaborar um instrumento que permitisse
planear e organizar o período pós-parto tendo em conta a
gravidez de baixo risco, contribuindo assim, para a
adaptação neste período, tendo sido realizada previamente
uma scoping review que permitiu mapear a evidência acerca
da temática.
Este estudo inicia-se com a pergunta de pesquisa: Quais as
dificuldades experienciadas pela puérpera no pós-parto?
tendo como objetivos: identificar as necessidades bio-
psico-sociais da tríade nas primeiras 12 semanas pós-parto,
as estratégias da puérpera/casal para ultrapassar as
dificuldades percecionadas e os itens a incluir no plano pós-
parto.
Métodos
Estudo descritivo exploratório com abordagem mista,
cujos critérios de inclusão foram mães com idades entre os
18 e os 39 anos na altura do parto, com filhos saudáveis
nascidos menos de 3 anos (inclusive). Teve como
critérios de exclusão situações em que a mãe ou o bebé
tiveram alguma alteração na sua saúde, que levou à
necessidade de internamento nos primeiros dias de vida,
para além do habitual internamento no serviço do
Puerpério, visto serem situações com necessidades
específicas. A faixa etária dos extremos reprodutivos foi
excluída por serem consideradas gravidez de alto risco na
tabela de Goodwin modificada.
3
O instrumento de colheita de dados utilizado foi um
questionário com perguntas abertas e fechadas, elaborado
70 | Pena, B.
Artigo Original Qualitativo
no google forms com 53 perguntas, divididas em quatro
secções: dados sociodemográficos, dados sobre a gravidez
e parto a que se refere o questionário, dados sobre pós-
parto e plano pós-parto.
Foi realizado uma avaliação do questionário em outubro de
2022 a 8 mães com critérios de inclusão, com o objetivo de
avaliar a clareza, a aceitabilidade, a compreensão e a
redução do número de itens.
16
O facto desta avaliação
também incluir mães enfermeiras EESMO permitiu não
ter uma opinião de uma mãe, como a opinião de uma
especialista na área da saúde materna. Assim, foi realizada a
validação semântica que permitiu clarificar a linguagem,
16
promovendo um melhor entendimento do conteúdo em
que foram realizadas todas as alterações sugeridas.
Foi definida uma amostra não probabilística de
conveniência, pois possibilita um estudo mais rápido e com
menos custos de acordo com Vilelas
16
, através da técnica
de “bola de neve” ou amostra por redes. Foi partilhado o
instrumento de colheita de dados inicialmente através de
grupos de mães nas redes sociais (Facebook, Instagram,
WhatsApp) e através do conhecimento pessoal de mães que
corresponderam aos critérios de inclusão e solicitado
partilha do mesmo com outras pessoas com critérios de
inclusão, de 14 de abril de 2023 a 5 de maio de 2023.
Obteve-se um total de 146 respostas, tendo sido excluídos
5 questionários (Q9, Q14, Q18, Q21 e Q28), por serem
referentes a situações de internamento na neonatologia,
tendo sido incluído 141 participantes.
Foi realizada análise estatística dos dados quantitativos.
A análise de conteúdo foi realizada segundo Bardin.
17
Esta
passa por três fases: a pré-análise, a exploração do material
e o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação.
Na fase da pré-análise foi realizada uma “leitura flutuante”
de modo a ter uma ideia global do conteúdo. A cada
questionário foi atribuído um código, pela ordem que
foram realizados (1º questionário- Q1).
A fase de exploração do material, que consiste na análise
propriamente dita,
17
foi realizada com recurso ao WebQDA
Qualitative Data Analysis software e ao programa de software
Microsoft Office Excel.
Por último, foi realizado o tratamento dos resultados
obtidos e interpretação, em que os resultados em bruto,
foram analisados de modo a produzirem significado.
17
Nesta fase é realizada a síntese e seleção dos resultados, as
inferências e a interpretação.
A categorização permite organizar o conteúdo, agrupando
a informação em categorias, com critérios previamente
estabelecidos, podendo o mesmo ser semântico, sintático,
léxico e expressivo.
17
Neste sentido, foi elaborado uma
tabela com categorias, subcategorias e as respetivas
unidades de registo que as determinam, e que são relevantes
para os objetivos do estudo. Foi utilizada a categorização
semântica que agrupa por temas,
17
de acordo com os
objetivos, a scoping review e o referencial teórico CBF
(Tabela4).
Os dados referentes aos itens para a construção do plano
pós-parto foram recolhidos através de perguntas abertas e
fechadas, pelo que foram sujeitos a uma análise qualitativa
e quantitativa.
Na presente investigação todos os procedimentos éticos
foram acautelados, uma vez que o questionário foi
preenchido no google forms de forma anónima, que nem as
investigadoras tiveram acesso à identidade das
participantes. Foi obtido o consentimento livre, informado
e esclarecido no questionário, nomeadamente na
introdução do mesmo, onde foram apresentados os
objetivos do estudo, garantindo a confidencialidade, a
autodeterminação e o anonimato. O facto de ser um
questionário online traduziu-se num benefício para as
participantes, por poderem escolher quando e onde
responder e a sua resposta ser opcional. Não foram
identificados riscos para os sujeitos de investigação. De
modo a garantir os procedimentos éticos em todo o
processo de investigação o questionário foi aplicado
após a receção do parecer positivo do Conselho de Ética
com o número 6932/2022 em abril de 2023, após algumas
alterações realizadas.
Resultados
Os resultados do estudo emergiram de perguntas fechadas
e perguntas abertas.
A idade das participantes do estudo na altura do parto
(Gráfico 1) a que se refere o questionário é na sua maioria
dos 26 aos 34 anos (n=99), seguindo-se as idades dos 35
aos 39 anos (n=33) e dos 18 aos 25 anos (n=9) na altura do
parto.
Gráfico 1 - Distribuição da amostra pela idade na altura do parto (n=141)
Na maioria das respostas, as puérperas/mães têm mestrado
com um total de 42,5% e licenciatura com 34%,
apresentando como nível mais baixo da escolaridade o
ciclo do ensino básico e o mais elevado o doutoramento.
Quanto à profissão, tendo em conta que esta pergunta foi
elaborada de acordo com a Classificação Portuguesa das
Profissões,
18
42,5% são especialistas das profissões
intelectuais e científicas, seguindo-se de 15,5 % de técnicos
e profissionais de nível intermédio e 14,9% de pessoal
administrativo, serviços e similares. 19,8% das participantes
trabalha na área da saúde materno-infantil.
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DOI: 10.56732/pensarenf.v28i1.307
Artigo Original Qualitativo
Na sua maioria são portuguesas (97,9%), duas brasileiras e
uma sul-africana, casadas (52,5%), em união de facto
(39,7%), solteiras (7,1%) e uma viúva. Quanto ao tipo de
família a maioria é do tipo nuclear (82 %) (Tabela1).
Tabela 1 - Dados de identificação
Frequência
Absoluta
Frequência
Relativa
(%)
2 . Idade no parto a que se refere o questionário
18 - 25 anos
9
6,4 %
26 -34 anos
99
70,2 %
35-39 anos
33
23,4 %
3. Escolaridade
Sem escolaridade
0
0 %
Ensino básico 1º Ciclo (atual 4º ano)
0
0 %
Ensino básico 2º Ciclo (atual 6º ano)
2
1,4 %
Ensino básico 3º Ciclo (atual 9º ano)
2
1,4 %
Ensino secundário (atual 12º ano)
17
12,1 %
Ensino pós-secundário (cursos de
especialização tecnológica não
superior)
3
2,1 %
Curso técnico superior profissional
4
2,8 %
Bacharelato (inclui antigos cursos
médios)
0
0
Licenciatura
48
34 %
Mestrado
60
42,5 %
Doutoramento
4
2,8 %
Outra: Licenciatura e Pós-graduação
1
0,7 %
4. Profissão
Desempregada
11
7,8 %
Trabalhadora não qualificada
13
9,2 %
Agricultores, Operários, Artífices e
outros Trabalhadores Qualificados
4
2,8 %
Pessoal Administrativo, Serviços e
similares
21
14,9 %
Técnicos e Profissionais de Nível
Intermédio
22
15,5 %
Especialistas das Profissões
Intelectuais e Científicas
60
42,5 %
Trabalho doméstico não
remunerado
0
0 %
Quadros Superiores da
Administração Pública, Dirigentes e
Quadros Superiores de Empresa
9
6,4 %
Forças militares e militarizadas
1
0,7 %
5. Trabalha na área de saúde materno-infantil?
Sim
28
19,9 %
Não
113
80,1 %
6. Nacionalidade
Portuguesa
138
97,9 %
Outra: Brasileira
2
1,4 %
Outra: Sul-africana
1
0,7 %
7. Situação Conjugal
Solteira
10
7,1 %
União de facto
56
39,7 %
Casada
74
52,5 %
Divorciada
0
0
Viúva
1
0,7 %
8. Tipo de família
Nuclear (casal com filhos comuns)
116
82 %
Alargada (casal, filhos e parentes da
família)
9
6,4 %
Reconstruída (casal com filhos de
relações anteriores)
11
7,8 %
Monoparental (mãe com filhos)
4
2,8 %
Unitária (Família constituída por
uma pessoa que vive sozinha)
0
0 %
Outra: Mãe, filha e avó
1
0,7 %
A maioria das participantes são primíparas, no entanto em
39 das respostas tinham outros irmãos do bebé a viverem
na mesma casa nas primeiras semanas pós-parto.
A maioria das participantes teve um parto distócico
(54,6%), na sua maioria a cesariana (n=48). 64 participantes
tiveram um parto eutócico (Tabela 2).
Tabela 2 - Dados sobre a gravidez e parto a que se refere o questionário
Frequência
Absoluta
Frequência
Relativa
(%)
9. Número de irmãos do bebé, que viviam na mesma casa, nas
primeiras 12 semanas pós-parto
0
102
72,3 %
1
29
20,6 %
2
9
6,4 %
3
1
0,7 %
10. Idade atual do bebé/criança
menos de 1 mês
6
4,3 %
Entre 1 mês e 3 meses
22
15,6 %
Entre 4 meses e 6 meses
19
13,5 %
Entre 7 meses e 1 ano
29
20,6 %
1 ano
36
25,5 %
2 anos
23
16,3 %
3 anos
6
4,3 %
11. Fez Curso de preparação para o parto e parentalidade?
Sim
89
63,1 %
Não
52
36,9 %
Não sei o que é
0
0 %
12. Tipo de Parto
Eutócico (parto normal)
64
45,4 %
Ventosa (via vaginal com o uso de
ventosa)
23
16,3 %
Fórceps (via vaginal com o uso de
ferros)
6
4,3 %
Cesariana (parto através de cirurgia)
48
34
13. Fez um plano de parto?
Sim
73
51,8 %
Não
68
48,2 %
Não sei o que é
0
0 %
14. Fez um plano pós-parto?
Sim
13
9,2 %
Não
118
83,7 %
Não sei o que é
10
7,1 %
72 | Pena, B.
Artigo Original Qualitativo
Quanto à idade dos bebés/crianças varia amplamente entre
o RN e os 3 anos, de acordo com o gráfico 2.
Gráfico 2 - Distribuição da amostra pela idade atual do bebé/criança
(n=141)
A maioria das participantes fez o programa de preparação
para o parto e parentalidades (63,1%), no entanto apenas
10,6% das participantes realizou o curso de recuperação
pós-parto. Também o plano de parto foi uma preocupação
na maioria das respostas (51,8%). No entanto, apenas 9,2%
das participantes realizaram o plano pós-parto e em 7,1%
respostas é referido que o desconhecem (Gráfico 3).
Gráfico 3 - Distribuição da amostra quanto á realização do plano de parto
e pós-parto (n=141)
Os dados referentes ao pós-parto das participantes
encontram-se na tabela 3.
Tabela 3 - Dados sobre o pós-parto
Frequência
Absoluta
Frequência
Relativa
(%)
17. Em que períodos do pós-parto sentiu dificuldades?
Primeiras 2 horas (bloco de partos)
5
3,5 %
Internamento (serviço de
puerpério)
21
14,9 %
Regresso a casa, após alta do
serviço de puerpério
26
18,4 %
Regresso ao trabalho do
companheiro(a)
19
13,5 %
Regresso ao trabalho (se regressou
antes das 12 semanas pós-parto)
3
2,1 %
Outro: Isolamento
1
0,7 %
Outro: Primeiras semanas
1
0,7 %
Outro: Nenhuma
1
0,7 %
Outro: Período de adaptação à
amamentação
2
1,4 %
Outro: Primeiras 2 a 3 semanas
pós-parto
2
1,4 %
Outro: altura em que ficou sem
rede de apoio
1
0,7 %
Sem resposta à questão
59
41,8 %
20. O bebé/criança foi alimentado com leite materno?
Sim
138
97,9 %
Não
3
2,1 %
21. A opção de amamentar ou não, foi feita ainda na gravidez?
Sim
133
94,3 %
Não
8
5,7 %
23. Até que idade o bebé fez leite materno exclusivo (bebé
ingerir apenas leite materno)?
Menos de um mês
27
19,1 %
Até aos 2 meses
8
5,7 %
Até aos 3 meses
6
4,3 %
Até aos 4 meses
10
7 %
Até aos 5 meses
12
8,5 %
Até aos 6 meses
44
31,2 %
O bebé ainda não tem 6 meses e
estou a amamentar em exclusivo
34
24,1 %
24. Quando deixou de dar de mamar (leite materno exclusivo
ou não)?
Menos de um mês
10
7 %
Entre 1 a 2 meses
10
7 %
Entre 3 a 4 meses
11
7,8 %
Entre 5 a 6 meses
7
5 %
Entre 7 meses e 12 meses
9
6,4 %
Entre 12 meses e 18 meses
7
5 %
Entre 19 meses e 24 meses
2
1,4 %
2 anos
4
2,8 %
3 anos
0
0 %
Outra: Ainda mama
59
41,9 %
Outro: Não aplicável
3
2,1 %
25. O tempo em que manteve a amamentação foi de acordo
com o que tinha planeado?
Sim
64
45,4 %
Não, amamentei mais tempo do
que tinha planeado
14
10 %
Não, amamentei menos tempo do
que tinha planeado
40
28, 4 %
29. Fez o curso de recuperação pós-parto?
Sim
15
10,6 %
Não
126
89,4 %
30. O seu autocuidado, como se alimentar, tomar banho, fazer
exercício físico, dormir, …foi uma preocupação neste
período?
Sim
99
70,2 %
Não
42
29,8 %
33. Sentiu que houve uma alteração no relacionamento com o
seu companheiro (a)?
Sim
104
73,8 %
Não
37
26,2 %
36. Se uso um método contracetivo no pós-parto, este foi
escolhido ainda na gravidez?
Sim
71
50,4 %
Não
66
46,8 %
45. Os aspetos facilitadores para uma vivência positiva do
pós-parto foram planeados/preparados com antecedência?
Sim
70
49,6 %
Não
71
50,4 %
Dificuldades no Pós-parto:
Foram referidos os desafios nos cuidados ao bebé
nomeadamente a Gestão das noites. Cólicas (até aos 4 meses)
(…) a “deslocação (bebé detesta andar de carro)” Q11, “Cortar as
unhas e higiene do cordão umbilical” Q17, o “Medo de errar” Q54.
6
22
19
29
36
23
6
0
10
20
30
40
menos de
1 mês
Entre 1 e 3
meses
Entre 4 e 6
meses
Entre 7
meses e 1
ano
1 ano 2 anos 3 anos
73
68
0
13
118
10
0
200
Sim Não Não sei o que é
Plano de parto Plano pós-parto
Pensar Enfermagem / v.28 n.01 /junho 2024 | 73
DOI: 10.56732/pensarenf.v28i1.307
Artigo Original Qualitativo
A amamentação é um dos desafios apontados, três
participantes não amamentaram, uma por opção (Q 128),
uma por razões maternas (Q121) e uma devido a
dificuldades na pega (Q 126). 41,9% das participantes ainda
estava a amamentar aquando do preenchimento do
questionário, 31,2% amamentou exclusivamente até aos 6
meses e 45,4% manteve a amamentação de acordo com o
que tinha planeado.
Algumas participantes expressaram as dificuldades na
amamentação como: O bebé tinha freio curto e não sabíamos”
Q16, Dificuldade na pega do bebê. Levou a uma perca de peso
acentuada, mamilos feridos e dor insuportável, início de uma mastite,
cansaço acentuado e dificuldade em gerir as emoções associadas a esta
dificuldade” Q39.
O autocuidado é uma preocupação na maioria das
participantes (70,2%), sendo a recuperação física e
psicológica outro dos desafios relatados pelas participantes
do estudo nomeadamente: as dores vaginais” Q1, “Privação de
sono, insónias intensas, ansiedade, dificuldade em estar fechada com o
bebê, vontade de ter rotina novamente, crise de identidade, baby blues.”
Q32, “muita dificuldade a tomar banho, a ir à casa de banho, a
andar, levantar, estar com o bebé ao colo, estar sentada. Foi muito
difícil” Q40, “o desgaste emocional e a dúvida do que é que eu fui
fazer a minha vida” Q68.
O relacionamento conjugal é impactado pelas dificuldades
na parentalidade, conjugalidade e sexualidade. Na transição
para a parentalidade é referido como o relacionamento
pode influenciar esta transição e vice-versa: Pontos de vista
diferentes sobre maternidade” Q25. 73,8% das participantes
referem alterações no relacionamento com o companheiro.
Algumas das dificuldades na conjugalidade e sexualidade
expressas são: “Dificuldade na comunicação e em ter tempo
enquanto casal” Q24, Principalmente sobre os cuidados com o bebê
e ajuda nas tarefas da casa. O companheiro tem horários de trabalho
que dificultavam a sua presença em casa. Que levaram a um
afastamento e sentimento de solidão em que tudo dependia de mim.”
Q39, Não há vida conjugal apenas parental” Q61, A falta de
sono deixa me mais irritada, a falta de tempo e privacidade para a
atividade sexual” Q80.
Relativamente ao planeamento familiar a maioria escolheu
o método contracetivo ainda na gravidez (n=71), no
entanto uma das participantes afirma que “No centro de saúde
apenas me perguntaram que contracetivo queria” Q82.
As dificuldades quer do apoio dos profissionais de saúde,
quer de familiares ou amigos que formam a rede de apoio
referidas pelas participantes são expressas pela: Sobrecarga
quando o meu parceiro foi trabalhar” Q4, “Falta de apoio na
amamentação (…)” Q6, “Pressão social para trabalhar (…) Poucas
alternativas para socializar” Q16, Profissionais de saúde
“Desinformados, inconvenientes e persistentes na sua opinião” Q17,
“Informações contraditórias de diferentes profissionais de saúde” Q24,
“Foi na altura do COVID. E pensei que a família ia estar mais
presente para ajudar e nada. Foi uma ilusão minha.” Q56, “As
pessoas ajudam com o bebé na parte fácil e não com tudo o resto que é
o mais difícil (tarefas domésticas, cozinhar etc)” Q80, “Nem
consultas tive no serviço nacional de saúde” Q86.
A gestão do quotidiano é outro dos desafios relatados,
nomeadamente a gestão de tarefas domésticas e com outros
filhos: “Falta de tempo/oportunidade para fazer as tarefas
domésticas” Q42, “Lidar com o mais velho” Q57, a gestão de
visitas: “Dificuldade em impor limites. Nas visitas e tempo das
mesmas, contacto com o bebé. Opiniões não solicitadas, julgadoras”
Q82 e o regresso ao trabalho Ausência de licença paterna por
ser prestador de serviços. Licença materna ridiculamente pequena”
Q37, A privação de sono retira energia para o resto, gestão do tempo
trabalho-família-casa” Q49, Conciliar horários de trabalho com
creches” Q126, “Poder replanear futuro profissional” Q135.
Necessidades da tríade na perspetiva das participantes
As necessidades da tríade identificadas são as necessidades
informativas: “cuidados que a mãe deve ter com ela própria, a nível
de alimentação, suplementação e cuidados com o corpo no pós-parto”
Q33, “(…) sobre o que são sinais de alerta no bebé. O que pode
acontecer, o que é normal ou não.” Q40, as necessidades físicas e
biológicas: “Arranjar tempo para mim, para fazer desporto, para
cuidar de mim” Q59, “Necessidade de higiene constante.” Q70, as
necessidades psicológicas e emocionais quer do bebé como
“…a necessidade dela de estar sempre no meu colo ou comigo junto a
ela” Q66 e da mãe/casal: “Necessidade de apoio
emocional” Q16 e por último as necessidades sociais como
Ajuda nas tarefas e no cuidado ao bebé (…) Apoio na
amamentação” Q2, “Apoio psicológico” Q8, Segurar a bebé por
alguns momentos, fazerem a comida” Q20, Algum seria bom.
Para 99% do desenho do acompanhamento de profissionais de saúde
no sistema, o 4o trimestre nao existe” Q34 Visita domiciliária no
pós-parto para realização de teste do pezinho, para avaliação do bem-
estar materno e do RN” Q52, “Tarefas da casa, tratamento da
roupa, refeições e atividades dos irmãos” Q61.
As forças que contribuíram para uma vivência positiva
do quarto trimestre
As forças que contribuíram para uma vivência positiva do
quarto trimestre que emergiram deste estudo foram: as
experiências passadas, as forças cognitivas, as forças
biológicas e intrapessoais, as forças psicológicas, as forças
relacionais e de afeto, as forças sociais e interpessoais, a
criação de um Plano, a parceria colaborativa e a promoção
de ambiente protetor.
As experiências passadas como descrito: Ter tido um parto
natural humanizado e respeitado. Ser a segunda experiência” Q15,
A experiência de parto ter sido positiva, muito apoiada pela equipa
de enfermagem, sem qualquer tipo de instrumentos nem de cortes
desnecessários. Tornou a recuperação muito mais rápida e leve para
mim.” Q44, as forças cognitivas como “Muitos vídeos na
internet mais apoio da enfermeira” Q26, “… procurar informação
em livros escritos por enfermeiras e/ou médicos” Q104. As forças
biológicas e intrapessoais expressas: Acho que tive uma
recuperação excelente devido a não ter grandes sequelas do parto” Q2,
“A bebe ser calma” Q5, as forças psicológicas expressas
“simplesmente olhar ao espelho” Q5, “…Mindfulness e reconhecer
74 | Pena, B.
Artigo Original Qualitativo
que o posso controlar tudo” Q41, Confiar em mim, no meu parceiro
e no meu bebé” Q53, “Respirar fundo e agir sempre com calma e pedir
ajuda sempre que preciso” Q76), as forças relacionais e de afeto
como “Diálogo.” Q2, Babywearing” Q12, “Muito colo” Q31,
“Fizemos tudo a dois com muito respeito pelo processo que estava a
passar e muita compreensão sobre o papel um do outro. Ele cuidou de
mim para que processo do pós-parto fosse mais sereno” Q53. As
forças sociais e interpessoais expressas: “…Coloquei no
infantário antes de regressar ao trabalho para conseguir dormir
enquanto ele estava lá” Q12, Apoio familiar (---) Ajuda médica”
Q8, “Grupos de partilha nas redes sociais” Q10, “Consulta em casa
de pós-parto” Q25, “Consultas de apoio à amamentação, terapia da
fala e fisioterapia” Q44, “Boa equipa médica, boas enfermeiras”
Q60, “…Licença parental partilhada com o pai…” Q62, a criação
de um plano como: “Uma vez na semana irmos sair os dois” Q4,
“Tentar falar um pouco a noite, 2x/semana” Q11, “Ter marcações
e rotinas concretas” Q77. A parceria colaborativa tal como
descrito pelas participantes: “Apoio do pai do bebé”, Apenas
conseguia quando o pai chegava a casa” Q3, “Divisão de tarefas em
casa, por exemplo enquanto amamentava pai fazia as refeições” Q25,
“Delegar tarefas ao pai” Q82 e a promoção do ambiente
protetor como o “Alojamento conjunto” Q62, O pai estar
comigo e estarmos sozinhos no quarto” Q66, “Sair do hospital o mais
cedo possível. Internamento de 36h” Q89.
Tabela 4 - Categorias e subcategorias
Categorias
Subcategorias
Dificuldades no pós-parto
Cuidados ao bebé
Amamentação
Recuperação Física e psicológica
Transição para a Parentalidade
Relacionamento Conjugal
Planeamento familiar
Rede de suporte
Gestão do quotidiano
Necessidades da tríade na perspetiva
materna
Informativas
Físicas e biológicas
Psicológicas e emocionais
Sociais
As forças que contribuíram para uma
vivência positiva do quarto trimestre
Experiências passadas
Forças cognitivas
Forças biológicas e intrapessoais
Forças psicológicas
Forças relacionais e de afeto
Forças sociais e interpessoais
Criação de um Plano
Parceria colaborativa
Promoção de ambiente protetor
Itens para a elaboração do plano pós-parto
Os itens para a elaboração do plano pós-parto foram
obtidos através de 5 questões fechadas da secção IV do
questionário (Tabela 5), com a opção de acrescentar
resposta em texto livre e de questões abertas ao longo do
questionário nomeadamente as perguntas número 15, 16 e
53.
Tabela 5 – Plano pós-parto
Frequência
Absoluta
Frequência
Relativa
(%)
46. Que opções definiu ou que considera importante
refletir/definir ainda na gravidez?
A opção de amamentar ou não
108
76,6 %
Tipo de contraceção pretendida no
pós-parto
49
34,8 %
Contactos de familiares e amigos
que podem apoiar no pós-parto
105
74,5 %
Grupo de mães (internet, presencial)
54
38,3 %
Contactos dos profissionais de saúde
(Hospital, Centros de Saúde, outros)
102
72,3 %
Primeiro contacto dos profissionais
de saúde (quem, como)
71
50,4 %
A quem contactar para apoio na
amamentação
121
85,9 %
A quem contactar para apoio se
ocorrerem sentimentos de tristeza
101
71,6 %
Curso de recuperação pós-parto
68
47,6 %
Outro: Informação
2
48,2 %
Outro: Doula
1
0,7 %
Outro: Preparação logística das
refeições e tarefas domésticas
1
0,7 %
Outro: Acompanhamento de mães
em condições pré-existentes que
podem complicar no pós-parto
1
0,7 %
Outro: Fisioterapia pélvica
1
0,7 %
47. Nas primeiras 2 horas (bloco de partos) considera
importante a mãe/pai definirem no seu plano:
Presença do pai ou outra pessoa
significativa
133
94,3 %
Contacto pele a pele com o bebé
desde o nascimento (pela mãe, pai
ou outro)
137
97,2 %
Amamentação na primeira hora de
vida
128
90,8 %
Outro: Adiar procedimentos não
urgentes
3
2,1 %
Outro: Consentimento para
administração de medicação
1
0,7 %
Pensar Enfermagem / v.28 n.01 /junho 2024 | 75
DOI: 10.56732/pensarenf.v28i1.307
Artigo Original Qualitativo
Outro: Não vestir o bebé para fazer
contacto pele a pele
1
0,7 %
Outro: Privacidade
1
0,7 %
Outro: informação
1
0,7 %
Outro: Apoio imediato na
amamentação
1
0,7 %
48. No internamento (serviço de puerpério) considera
importante a mãe/pai definirem no seu plano:
Presença do pai ou outra pessoa
significativa
139
98,6 %
Apoio na amamentação (como,
quem, quando)
129
91,5 %
Opções protetoras da amamentação
(não introdução da chucha, como é
oferecido o leite formula ou leite
materno se necessário)
101
71, 6 %
Primeiro banho do bebé (quem,
quando)
106
75,2 %
Estar presente em todos os
procedimentos ao bebé
114
80,9 %
Informação prévia aos pais de todas
as intervenções ao bebé (medicação,
tratamentos)
129
91,5 %
Visitas (quem, quando)
104
73,8 %
Outro: Privacidade
1
0,7 %
Outro: opções nos desvios da
normalidade
3
2,1 %
Outro: contacto pele a pele
frequente
1
0,7 %
49. No regresso a casa considera importante a mãe/pai
definirem no seu plano:
Roupas organizadas do bebé para os
primeiros dias
87
61,7 %
Onde o bebé vai dormir
98
69,5 %
Cuidados ao bebé (quem, como)
110
78 %
Outros filhos (cuidados, interação
com o bebé)
82
58,2 %
As primeiras refeições
81
57,4 %
Tarefas domésticas (quem, como,
quando)
117
83 %
Visitas (quem, como, onde, quando)
122
86,5 %
Gestão financeira (quem e como são
pagas as contas)
55
39 %
Cuidado dos animais domésticos
(quem, o quê)
64
45,4 %
Tempo para o casal (como, quando,
rede de apoio)
93
66 %
Tempo para o autocuidado (o quê,
quem apoia, quando)
118
83,7%
Outro: Segurança auto
1
0,7 %
Outro: Passeios em família
1
0,7 %
50. No regresso ao trabalho considera importante a mãe/pai
definirem no seu plano:
Com quem o bebé vai ficar
132
93,6 %
Alimentação/amamentação do bebé
(como, quem, onde)
126
89,4 %
Condições de trabalho (horários, o
quê, a partir de quando)
129
91,5 %
Reorganização das tarefas
domésticas (quem, o quê, quando)
114
80,9 %
51. Em sua opinião, o plano pós-parto deve ser elaborado
apenas pela mãe ou grávida?
Sim
3
2,1 %
Não
138
97,9 %
52. Em caso negativo, indique com quem o plano pós-parto
deve ser elaborado?
Com companheiro(a)
138
97,9 %
Com um familiar
14
9,9 %
Com amigo ou amiga
5
3,5 %
Com enfermeira especialista de
saúde materna e obstetrícia
55
39 %
Outro: Médico que segue a gravidez
1
0,7 %
Outro: Doula
3
2,1 %
Outro: Informação discutida com
enfermeiro EESMO previamente
1
0,7 %
Outro: Em conjunto com a rede de
apoio
1
0,7 %
Do estudo emergiram onze itens para a elaboração do
plano pós-parto nomeadamente: a informação, cuidados ao
bebé, plano de alimentação do bebé/plano de
amamentação, plano de recuperação, planeamento familiar,
conjugalidade, rede de suporte, gestão do quotidiano,
gestão de expetativas, gestão de desvios da
normalidade/complicações e planeamento e
implementação (Tabela 6).
Tabela 6 - Itens para a elaboração do plano pós-parto
Itens Plano Pós-parto
Dados
quantitativos
Dados
qualitativos
Informação
x
x
Cuidados ao bebé
x
x
Plano de alimentação do
bebé/plano de amamentação
x
x
Plano de recuperação
x
x
Planeamento familiar
x
x
Conjugalidade
x
x
Rede de suporte
x
x
Gestão do quotidiano
x
x
Gestão de expetativas
x
Gestão de desvios da
normalidade/complicações
x
Planeamento e implementação
x
A informação é necessária para a construção do plano pós-
parto na voz das participantes: “Ter informação validade sobre
as várias áreas de saúde infantil para gerir o dia a dia, especial
importância na informação sobre amamentação! Q83, “Desmistificar
que a mulher não tem de suportar tudo sozinha e que não tem de todo
ser uma super mulher” Q95.
Relativamente aos cuidados ao bebé é expresso através da
necessidade de: “Stock de fraldas reutilizáveis. Gestão de tempos
de vigília e sono do bebé” Q16, “Adiar os procedimentos não
urgentes” Q20, Cuidados para o bebé (ex. não ser afastado, não dar
banho)” Q37, “…administração ou não de medicação e vacinas”
Q66, “Mala da grávida e do bebé, cama e roupa do bebé (…)
Segurança auto” Q74.
Relativamente ao plano de alimentação é expresso através
da: “Gestão da amamentação em tandem” Q15, “Consulta de
amamentação” Q25, “…separei roupa amiga da amamentação
Q38, “Acessórios de amamentação…)” Q80 e “Apoio imediato na
amamentação” Q128.
Em relação ao plano de recuperação as participantes
referiram a importância de definir: Comida congelada, pensos
perineais congelados” Q20, plano nutricional e de exercício físico
para a mãe” Q45, Roupas confortáveis, práticas e bonitas para mim
(…) Importância da ginástica pós-parto nao só na reabilitação física
76 | Pena, B.
Artigo Original Qualitativo
da mãe, como emocional e reintegração social” Q79, Reconhecer
sinais de alarme de depressão s-parto (…) Tempo para mim
mesma. Quando começar a fazer exercício” Q83.
Apenas 34,7% das participantes consideraram importante
definir ainda na gravidez o tipo de contraceção pretendida
no pós-parto, no entanto uma das participantes referiu que
Pensar bem nos métodos contracetivos pós-parto. A escolha geral é
pílula e pode não ser a adequada, mas não vamos ter cabeça naquela
altura para dizer que não.” Q64.
Relativamente à conjugalidade as participantes
consideraram: “Muito importante no apoio ao companheiro” Q19,
“Passeios em família” Q81 e “Organização de timings com o pai”
Q86.
A importância do planeamento da rede de suporte foi
expressa por uma participante do seguinte modo:
“Tudo. (…)
Casa
: - durante 4 meses família trazia comida
para congelar ao fim de semana - lista de compras online para
carregar em “vir” - duas vezes por semana amigas traziam
sopa - ajuda doméstica quinzenalmente - ensinar namorado
a tratar da roupa…
Visitas
: - família alargada
previamente informada ao longo da gravidez de que não
queríamos visitas sem convidar mos primeiro - foi respeitado.
- família imediata (nossos pais) tinham que nos dar 24h
sozinhos com o bebé em casa (…)
Educação da rede de
apoio
: - ao longo da gravidez, é bem antes inclusive foram
sendo expostas e discutidas as nossas opções para com a bebé
e a maneira como a queremos guiar ESSENCIAL (…).
Apoio especializado
: - apoio por (…).
Rede de
mães com bebés
na mesma idade - MEU DEUS
ABSOLUTAMENTE ESSENCIAL” Q19
Acerca da gestão do quotidiano a maioria das participantes
considerou ser importante “Deixar o máximo de coisas feitas”
Q36, “Visitas restringidas apenas aos avós, fiz comida antes do parto
e congelei…” Q44.
As participantes consideraram importante acrescentar a
gestão das expetativas: “…expectativas ajustadas foi o que mais
diferença fez.” Q19, “Ter um plano, mas estar aberto a que as coisas
não vão correr todas como queremos” Q42, e “ser debatido com a
pessoa, não a importância de tomar decisões que posteriormente
possam não ser realistas, mas refletir sobre cada um dos temas” Q37,
a gestão dos desvios da normalidade como: “O que fazer em
situações extraordinárias tipo cuidados intensivos/neonatologia.”
Q62,Fazer um plano se algo correr fora daquilo que esperamos, o
que fazer caso algo corra mal” Q64, O que acontece ao bebê caso
aconteça algo á mãe” Q75 e o planeamento e implementação:
“…calendarização diária/ horária”. Q45, “O plano pós-Parto deve
fazer parte do curso de preparação para o nascimento” Q71 e “Poder
ser feito online ou à distância, uma vez que pode não apetecer ou ser
possível a saída de casa” Q93.
A maioria (98%) considerou que o plano pós-parto deve
ser elaborado com o companheiro(a) (n=138), seguindo-se
de 39 % com enfermeiro EESMO e acrescentam que
“Durante a gravidez ter uma consulta em que se fale sobre o pós parto
e não ser só sobre o parto (o parto passa rápido o pós parto o)”
Q22.
Discussão
Deste estudo emergiram as dificuldades no pós-parto, as
necessidades da tríade na perspetiva materna, as forças que
contribuíram para uma vivência positiva do quarto
trimestre e os itens para a elaboração do plano pós-parto.
Relativamente aos desafios nos cuidados ao bebé os
resultados corroboram com o estudo de Alves et al.
20
que
afirma que as puérperas têm medo de dar banho, cuidar do
coto umbilical, com preocupação de cuidar adequadamente
e acalmar a criança. Muitas das dificuldades na
amamentação passam pela falta de apoio na amamentação,
a falta de informação, a dor e emoções negativas.
21,22
Os
resultados da pesquisa do estudo de Zivoder et al.
23
mostraram que as dificuldades e distúrbios psicológicos no
pós-parto são problemas comuns encontrados por quase
50% das mulheres (44,46%), sendo o Baby Blues o mais
comum, seguido pela depressão pós-parto e perturbações
de ansiedade. Acrescenta ainda que a idade e o tipo de
nascimento não afetaram o surgimento de mudanças,
enquanto fatores sociais como o suporte familiar tiveram
grande impacto. As dificuldades no relacionamento
conjugal expressas pelas participantes estão de acordo com
o estudo de Asadi et al.
24
que afirma que a relação com o
companheiro muda e assume um novo status na forma de
cooperação para o cuidado do filho neste período. As
dificuldades na gestão do quotidiano são corroboradas com
os estudos de Ayers et al.
25
, Brown e Shenker
26
, Caetano
et al.
27
, Hadjigeorgiou et al.
28
, Joy et al.
29
e Sakalidis et al.
30
.
O presente estudo corrobora com os resultados da scoping
review quanto às dificuldades e preocupações maternas no
quarto trimestre, com a exceção das dificuldades acrescidas
relacionadas com a multiculturalidade, uma vez que a
amostra é maioritariamente portuguesa.
As necessidades da tríade identificadas na perspetiva das
participantes são corroboradas pelo estudo de Riberio et
al.
6
que coclui que no pós-parto necessidade de apoio
social, físico, emocional e informativo. McLeish et al.
31
também é da opinião que uma necessidade de suporte
emocional, suporte informativo e suporte prático no pós-
parto. Os mesmos autores defendem que interações gentis,
respeitosas e empáticas contribuem para sentimentos de
segurança e valorização.
As forças que contribuíram para uma vivência positiva do
quarto trimestre que emergiram deste estudo foram: as
experiências passadas, as forças cognitivas, as forças
biológicas e intrapessoais, as forças psicológicas, as forças
relacionais e de afeto, as forças sociais e interpessoais, a
criação de um plano, a parceria colaborativa e a promoção
de ambiente protetor. A fonte de informação sobre a
amamentação passa pelo contacto com profissionais de
saúde nas consultas de vigilância, cursos e bibliografia
disponibilizada, pela experiência prévia pessoal ou de
familiares e amigos, sendo as suas mães uma das maiores
fontes de conhecimento e apoio direto como refere
Oliveira et al.
32
O maior apoio do companheiro no pós-
Pensar Enfermagem / v.28 n.01 /junho 2024 | 77
DOI: 10.56732/pensarenf.v28i1.307
Artigo Original Qualitativo
parto está associado a maior autoeficácia na amamentação,
menor depressão e menor insatisfação corporal.
19,33
A aquisição de novas competências e habilidades promove
o desenvolvimento de forças, oportunidade criada pelas
transições segundo Gottlieb.
13
Também de acordo com a
mesma autora
13
os processos de reparação do corpo
incluem o reforço do sistema imunitário, a melhoria do
funcionamento cardíaco e renal, melhoria do
funcionamento da mente, atendendo aos estados
emocional, mental e espiritual. Para restaurar o todo
envolve atos de autocura como a atividade de equilíbrio e
descanso, promover o sono, exercício, alimentar-se bem,
promover o relaxamento e reduzir o stress.
13
Além de ser um momento de felicidade, o quarto trimestre
pode apresentar desafios consideráveis para a mulher, casal
e família, podendo ainda representar desafios ao nível
laboral, da comunidade e das políticas de saúde. Os
resultados corroboram com Hannon et al.
12
que afirma que
a educação para a saúde se centra no apoio a processos de
tomada de decisão informados como um recurso positivo
e que atenua preocupações e dificuldades, o cuidado
centrado na família e não apenas no bebé, o apoio no pós-
parto e flexibilidade no regresso ao trabalho, creches
acessíveis e perto de casa.
É de realçar os itens sugeridos para a elaboração do plano
pós-parto, sendo estes a informação, cuidados ao bebé,
plano de alimentação do bebé/plano de amamentação,
plano de recuperação, planeamento familiar, conjugalidade,
rede de suporte, gestão do quotidiano, gestão de
expetativas, gestão de desvios da
normalidade/complicações, planeamento e
implementação. Tal como Riberio et al.
6
é importante
preparar a rede de apoio nomeadamente para o puerpério
imediato, pois envolve vivenciar rápidas mudanças no
corpo e na rotina que fazem com que a mulher sinta a
necessidade de apoio para lidar com as dores, as
dificuldades na amamentação e no cuidado ao RN, com o
cansaço e o medo das responsabilidades advindas da
maternidade. O mesmo autor corrobora e releva a
importância da experiência de parto positiva, assim como,
as mudanças de rotinas no puerpério remoto.
É de salientar que o CBF proporciona um sentimento de
centralidade e de empoderamento na mulher com uma
performance mais eficaz no seu autocuidado, na
amamentação e na promoção de sua saúde para o retorno
à sua rotina de acordo com Silva et al.
34
Conclusão
O quarto trimestre é um conceito que coloca no centro dos
cuidados a mulher (RN e casal) inserida na família que
necessita de tempo para se adaptar e de ser cuidada por uma
rede de suporte que ofereça apoio prático, de acordo com
as suas necessidades e preferências.
As dificuldades referidas passam pelos cuidados ao bebé, a
amamentação, a recuperação física e psicológica, a transição
para a parentalidade, o relacionamento conjugal, o
planeamento familiar, a rede de suporte e a gestão do
quotidiano.
Foram identificadas na perspetiva materna as necessidades
bio-psico-sociais da tríade nas primeiras 12 semanas pós-
parto e as estratégias da puérpera/casal para ultrapassar as
dificuldades percecionadas, o que permitiu construir os
itens a incluir no plano pós-parto.
O plano pós-parto é um conceito inovador, uma vez que as
grávidas/casais se focam na elaboração do plano de parto,
desconhecendo ou não valorizando o plano pós-parto. No
entanto a maioria das participantes consideraram o
planeamento como uma das forças ou estratégias para uma
vivência positiva do quarto trimestre.
Sugere-se que outros estudos de investigação sejam
realizados sobre a elaboração do plano pós-parto em
situações especificas como exemplo na prematuridade, na
deficiência e que contemplem o casal.
Limitações do estudo
A amostra é maioritariamente portuguesa o que torna o
grupo homogéneo por um lado, mas por outro limita o
conhecimento da perspetiva sobre o plano pós-parto e
quarto trimestre de diversas origens étnicas e culturais.
O facto de o estudo ter sido realizado online limita a
acessibilidade de participação de forma homogénea.
Não nos foi possível ampliar o estudo à perspetiva paterna,
aplicando o questionário ao pai/companheiro(a) da
puérpera de modo a conhecer a sua perspetiva e sugestões
o que seria uma mais valia.
Contribuições autorais
BP: Conceção do desenho e desenho do estudo, recolha de
dados, análise e interpretação dos dados e redação do
manuscrito.
MS: Orientação na conceção e desenho do estudo, análise e
interpretação dos dados e revisão crítica do manuscrito.
Conflitos de interesse e Financiamento
Nenhum conflito de interesse foi declarado pelas autoras.
Agradecimentos
As autoras agradecem a todas as participantes deste estudo
e ao Centro de Investigação, Inovação e Desenvolvimento
em Enfermagem de Lisboa (CIDNUR) que contribuiu com
o acesso ao WebQDA Qualitative Data Analysis software.
Fontes de apoio / Financiamento
O estudo não foi objeto de financiamento.
78 | Pena, B.
Artigo Original Qualitativo
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