Artigo Original Quantitativo
metade dos/as participantes adolescentes possuem uma
renda média familiar de até 1 salário mínimo.
Ainda, estatísticas apontam que jovens negros e pobres
estão mais expostos à morte por causas externas e
estigmatizados a um comportamento agressivo e violento.15
Apesar da maioria dos/as participantes do estudo se
considerarem pardos/as, entendida como a pessoa que
possui ascendência étnica de mais de um grupo, ou seja,
mestiça, acredita-se que a descendência negra esteja
presente e possivelmente uma ocultação da cor seja
preferível, uma vez que existe diferença no comportamento
social entre pessoas da cor negra; visto que, quanto mais
escuro, mais discriminado na sociedade. De um modo
geral, os/as participantes do estudo estariam mais
susceptíveis à perpetração e vitimização em decorrência de
sua cor/raça/etnia.16
Embora revelado o sexo feminino como maior perpetrador
de violência em números totais neste estudo, destaca-se que
este resultado pode ter relação com a maior participação de
mulheres na amostra, uma vez que a prevalência de
envolvimento em situações de violência, seja como agressor
ou como vítima, é maior em adolescentes do sexo
masculino. Ser do sexo masculino é apontado como
preditor de respostas violentas em situações de confronto
ou vitimização. Uma possível explicação para esse fato é
que o comportamento agressivo masculino é tolerado e
muitas vezes estimulado em sociedades com dominação de
padrões culturais machistas.17
A literatura aponta que meninos estão mais expostos à
violência, especialmente no contexto extrafamiliar,
constituindo-se em um grupo de risco para testemunhar,
sofrer e perpetrar atos violentos;18 já que, por apresentarem
com mais frequência comportamentos agressivos,
envolvem-se mais em situações de lutas, brigas, roubos,
crimes violentos e vandalismo.19
O comportamento agressivo, que é mais praticado por e
contra adolescentes do sexo masculino, faz parte da
construção de uma masculinidade almejada, com
demonstração de virilidade, em busca de aceitação social.15
Esse fato pode ser explicado pela maior tolerância social de
um comportamento violento entre homens.11 A afirmativa
corrobora com dados deste estudo, que evidenciou
adolescentes do sexo masculino como as maiores vítimas
de violência perpetrada por seus pares, sendo estas em sua
maioria, ocorridas no ambiente por eles frequentados, a
escola.
Autores8 afirmam que a violência no ambiente escolar tem
se tornado um problema global com consequências
individuais e coletivas, sobretudo no campo da saúde.
Assim, vale destacar que na adolescência, a vítima possui
poucos recursos para evitar e/ou defender-se da agressão.
Entre escolares, participar de brigas físicas, bullying e portar
armas são reconhecidos fatores de risco para as violências
na juventude14 e tal situação direciona uma atenção para
este ambiente, uma vez que a escola deve ser considerada
como um ambiente de intervenção e amplificador de
medidas de controle contra a violência, por tratar-se de um
local de aprendizagem e desenvolvimento de habilidades
sociais, culturais e hegemônicas que os adolescentes
utilizarão para a vida, bem como, por ser um local de
convívio e relações sociais, onde os jovens mantêm contato
direto com outros jovens da mesma faixa etária, podendo
ser um local propício para redução de comportamentos de
risco à violência.11,20
A escola, como formadora de vínculos, tem papel
primordial na identificação de comportamentos violentos e
retrativos, e desta forma, fatores como baixa no
desempenho escolar, agressividade contra discentes e
docentes, isolamentos e hostilidades são comumente
identificados pelos educadores, pois adolescentes passam
grande parte do dia dentro do ambiente educacional e é lá
que os maiores índices de perpetuação da violência são
vivenciados,20 sendo portanto, a escola um local propício
para aplicação de ações de enfrentamento ao problema,
havendo a necessidade de parcerias com outros setores e
com os pais/responsáveis.
Na Colômbia, um programa de reabilitação contra
violências implantado nas escolas resultou em uma
diminuição significativa de violência entre escolares.21 No
mesmo contexto, uma revisão sistemática apontou que nos
Estados Unidos a relação dos pais com a escola na
identificação de comportamentos de risco causou uma
diminuição tanto na violência doméstica, como na
escolar.22
Em estudo8 com 239 adolescentes indicou associação
estatística entre alto risco para a agressão e consumo de
álcool (RP=2,26 e IC95%: 1,25-4,11) e com isso, afirmou
que o consumo de bebida alcoólica é importante fator
situacional que pode precipitar o envolvimento do
adolescente com a violência.
Acredita-se que a vergonha e o estigma de expor o
contato/uso de álcool é o motivo da maioria das respostas
em branco. Por facilitar episódios violentos, sociedade e
família partilham percepções negativas referentes aos
adolescentes que utilizam drogas lícitas e ilícitas, pois
muitas vezes os usuários são estigmatizados.23
Além da violência, o consumo de álcool nesta fase pode
acarretar uma série de prejuízos escolares, tendo em vista
que a memória é função fundamental no processo de
aprendizagem e ela pode ficar comprometida devido ao
consumo da bebida alcoólica.8 De fato, quando se fala em
uso/abuso de álcool na fase da adolescência há uma grande
preocupação com o rendimento escolar, uma vez que o
consumo excessivo leva à queda acentuada no desempenho
do processo ensino-aprendizagem.24 Segundo o mesmo
autor, adolescentes que fazem uso de álcool se ausentam
com maior frequência das aulas, perdendo a totalidade do
processo pedagógico e àqueles que conseguem frequentar
as aulas, apresentam sonolência, lentidão e dificuldades
para entender o que o professor diz.
Ainda, pesquisas apontam para danos cerebrais (no
hipocampo) causados pelo uso álcool, envolvendo o
aprendizado e a memória, uma vez que o hipocampo é o
local do cérebro no qual a memória é formada e depois
distribuída para outras áreas cerebrais.25 Além disso, danos
no hipocampo podem prejudicar a formação de novas
memórias, o que influencia no processo de aprendizagem.26
Assim, com a queda do rendimento escolar, ocorre redução