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Pensar Enfermagem / v.28 n.01 / Outubro 2024
DOI: 10.56732/pensarenf.v28i1.316
Artigo Original Quantitativo
Como citar este artigo: Souza SP, Silva LB, Rosa DVL, Ferreira GCS, Reis GAX. Comunicação em Saúde:
na Voz de Pacientes Internados. Pensar Enf [Internet]. 2024 Out; 28(1): 97-104. Available from:
https://doi.org/10.56732/pensarenf.v28i1.316
Comunicação em Saúde: na Voz de Pacientes
Internados
Health Communication: in the Voice of
Hospitalized Patients
Resumo
Introdução
A comunicação em saúde possui um papel crucial no processo terapêutico do paciente nas
unidades de internamento, desse modo é necessário desenvolver um vínculo entre
profissionais de saúde que prestam o cuidado, o paciente e/ou seus respetivos
acompanhantes. Uma comunicação falha pode resultar em complicações no tratamento,
afetando tanto o paciente quanto a equipe de saúde responsável pelo cuidado.
Objetivo
Investigar a perceção do paciente sobre a comunicação em saúde.
Métodos
Abordagem quantitativa, realizado com pacientes de idade superior a 18 anos, com mais de
24 horas de internamento em enfermaria, de um hospital de alta complexidade, localizado
na região noroeste do estado do Paraná.
Resultados
Totalizou 98 pacientes, sendo 58% mulheres, idade 𝑥 = 66,4; 6,6 anos de estudo; tempo
médio de internamento de quatro dias. A perceção quanto a comunicação foi satisfatória:
equipe médica (93,9%); enfermagem (96,9%); informação sobre o motivo de realizar exame
laboratorial (63,3%); questionamento sobre presença de reação alérgica (77,6%).
Oportunidades de melhoria nesse processo: tratamento programado (16,3%); necessidade
de realizar exame laboratorial (59,2%); e, informação sobre os possíveis efeitos colaterais
de medicamentos (31,6%).
Conclusão
A perceção dos pacientes sobre a comunicação foi positiva. Contudo, observou-se
fragilidades que podem culminar em falhas assistenciais.
Palavras-chave
Comunicação em Saúde; Equipa de Assistência Médica; Equipa de Enfermagem; Perspetiva
do Paciente.
Abstract
Introduction
Health communication plays a crucial role in the therapeutic process for patients in
inpatient units. It is essential developing a strong bond between healthcare professionals,
patients, and/or their companions. Poor communication can lead to treatment
complications, affecting the patient and the healthcare team.
Objective
To investigate patient's perception of health communication.
Sonia Prates de Souza1
orcid.org/0009-0004-6699-2505
Letícia Botelho da Silva2
orcid.org/0009-0008-6148-6522
Daielle Vitória de Lima da Rosa3
orcid.org/0009-0006-5354-4513
Gabriele Caroline Sposito Ferreira4
orcid.org/0009-0000-1069-7241
Gislene Aparecida Xavier dos Reis5
orcid.org/0000-0002-6232-1905
1 Estudante de Enfermagem. Centro Universitário
Ingá, Maringá-PR, Brasil.
2 Estudante de Enfermagem. Centro Universitário
Ingá, Maringá-PR, Brasil.
3 Estudante de Enfermagem. Centro Universitário
Ingá, Maringá-PR, Brasil.
4 Estudante de Enfermagem. Centro Universitário
Ingá, Maringá-PR, Brasil.
5 Doutora em Enfermagem. Docente no Centro
Universitário Ingá, Maringá-PR, Brasil.
Correspondência para:
Sonia Prates de Souza
E-mail: soniapratessouza@hotmail.com
Recebido: 18.03.2024
Aceite: 20.08.2024
98 | de Souza, SP.
Artigo Original Quantitativo
Method
This study used a quantitative approach with patients over
18 hospitalized for more than 24 hours in a high-
complexity hospital in the northwest region of Paraná,
Brazil.
Results
A total of 98 patients participated, 58% of whom were
women, with an average age of 66,4 years and 6,6 years of
education. The average length of hospital stay was four
days. Patients rated communication as satisfactory with the
medical team (93,9%) and nursing staff (96,9%), 63,3%
understood the reasons for laboratory tests, and 77,6%
were questioned about allergic reactions. Areas identified
for improvement include scheduled treatment (16,3%), the
need for laboratory tests (59,2%), and information about
possible medication side effects (31,6%).
Conclusion
Patients’ perceptions of communication were generally
positive. However, we identified some weaknesses that
could lead to care failures.
Keywords
Health Communication; Medical Assistance Team;
Nursing Team; Patient Perspective.
Introdução
A comunicação é uma habilidade fundamental no ambiente
de saúde, que influencia diretamente na qualidade do
cuidado prestado ao paciente, o que possibilita um
acolhimento humanizado.¹ A comunicação inadequada
pode gerar nos pacientes e seus familiares, ansiedade,
medo, desconfiança e falta de adesão ao tratamento², além
de comprometer a relação e a formação de vínculo entre o
profissional de saúde e o pacienteAdemais, ela deve ser
individualizada, respeitando as necessidades e expectativas
de cada paciente, além de ser clara e compreensível, por
meio da utilização de uma linguagem acessível.4
De acordo com Trindade5 a perceção do paciente
hospitalizado é avaliada por meio de três componentes,
sendo: 1-técnico que se relaciona a um conjunto de
elementos que fazem parte do processo de prestação de
serviços de saúde, como a expressão da adequação da
assistência prestada, avanços científicos e a capacidade dos
profissionais; 2-interpessoal, que se refere ao profissional e
o paciente em relação aos seus direitos, transmitindo
informações com gentileza e ética; e, 3-conforto que condiz
com as condições oferecidas em uma unidade de saúde; a
conjunto de aspetos e circunstâncias que permitem ao
paciente se sentir à vontade.
No que tange, a retirada de vidas, a capacidade de escuta
e diálogo e o estímulo à autonomia por meio do
autocuidado, colaboram para uma melhor experiência no
ambiente hospitalar o que contribui de modo relevante para
a assistência ao paciente. Por outro lado, também existem
barreiras a serem superadas.5
Segundo Santos6 uma das principais causas para a
ocorrência de um evento adverso é a comunicação
inadequada, sendo esse o principal fator responsável pela
ausência de qualidade na assistência prestada ao paciente.
Uma comunicação clara e objetiva pode promover uma
assistência qualificada e assim reduzir a ocorrência de danos
evitáveis e indesejáveis, sendo importante afirmar que essa
comunicação deve ser efetiva tanto entre os profissionais
da saúde como também entre profissionais e pacientes/
acompanhantes.6 Inúmeros são os fatores que podem
interferir na qualidade da comunicação, dentre eles o fator
humano, como a falha na comunicação entre os
profissionais que prestam o cuidado, interrupções, falha ou
déficit em protocolos clínicos instituídos, abandono do
cuidado e o sistema de comunicação que pode ser
inadequado.7
As evidências também indicam que a comunicação não
verbal se configura em um elemento importante da
comunicação em saúde, transmitindo emoções e
sentimentos que podem ser interpretados pelos pacientes e
acompanhantes.8 A empatia e a sensibilidade do
profissional de saúde são igualmente importantes na
comunicação, pois o paciente precisa se sentir acolhido e
compreendido pelo profissional.9 Assim, o estudo sobre
comunicação efetiva entre o paciente e a enfermagem pode
contribuir para a melhoria da qualidade dos cuidados de
saúde quando se utiliza as melhores práticas de
comunicação, técnicas de escuta ativa, feedback construtivo
e resolução de conflitos.
Diante desse contexto, o presente estudo pauta-se na
seguinte questão de pesquisa: Qual a perceção do paciente
sobre a comunicação em saúde? E, para responder tal
questionamento objetiva-se investigar a perceção do
paciente sobre a comunicação em saúde.
Método
Trata-se de um estudo exploratório, descritivo, de
abordagem quantitativa, realizado em um hospital público,
de alta complexidade, nas unidades de clínica cirúrgica e
clínica médica, entre 26 de junho de 2023 a 31 de julho de
2023, com a participação de pacientes internados nessas
unidades.
A entrevista com o paciente ocorreu à beira leito, sendo
utilizado elaborado pelas autoras composto por 37
questões, as quais estavam relacionadas a dados como sexo,
idade, motivo, tempo de internamento, e outras 33
referentes à comunicação em saúde, nos aspectos
pertinentes à medicamentos, realização de exames de
imagens, laboratoriais, explicações sobre diagnóstico
médico, cuidados de enfermagem entre outras.
Pensar Enfermagem / v.28 n.01 / Outubro 2024 | 99
DOI: 10.56732/pensarenf.v28i1.316
Artigo Original Quantitativo
Foram incluídos pacientes com idade maior de 18 anos,
com no mínimo 24 horas de internamento em clínica
cirúrgica e clínica médica. Foram excluídos pacientes que
não apresentavam condições cognitivas, com diagnóstico
relacionado a algum transtorno psicológico, e que se
encontrava, no momento da entrevista, em isolamento de
contato, gotículas, aerossóis e vigilância.
Previamente à coleta de dados, propriamente dita, os
participantes foram informados sobre os objetivos do
estudo, forma de coleta de dados e sua natureza voluntária,
sanando todas as dúvidas que pudessem surgir durante a
pesquisa. Foi solicitado, após a aceite verbal, a assinatura de
termo de consentimento livre e esclarecido, onde uma via
foi deixada com o paciente e a outra via com o grupo de
pesquisa. Após a coleta de dados, os mesmos foram
analisados por meio da frequência relativa e absoluta
Todos os preceitos éticos que envolvem pesquisas com
seres humanos foram respeitados, e a proposta desta
investigação está registrada no Comitê de Ética em
Pesquisa com Seres Humanos, sob parecer favorável de
número 6.133.311.
Resultados
Participaram do estudo 98 pacientes, destes 56 (58%) eram
mulheres, com idade 𝑥 = 66,40, dp = 19,29; md = 71,
min/máx (21/98); dia de anos de estudo de 6,68 (dp =
5,49; md = 5); 43 (44%) se autodeclararam ser brancas; 49
(50%) internadas em unidade de clínica dica; com tempo
médio de internamento de quatro dias (dp = 3,51; md = 3).
No que tange aos motivos de internamento, houve
destaque para as doenças do aparelho respiratório (n=41;
41,84%), digestivo (n=18; 18,37%) e geniturinário (n=14;
14,29%), conforme apresentado na Tabela 1.
Tabela 1 Motivos de internamento por capítulo do Classificação Internacional de Doenças (CID-10), de pacientes
internados em unidade de clínica cirúrgica e médica. Paraná, Brasil 2023.
n
%
41
41,8
18
18,4
14
14,3
11
11,2
06
6,1
06
6,1
02
2,0
valor aproximado. Fonte: Dados dos autores, 2023.
Em relação à comunicação com a equipe médica,
houve predomínio de pacientes que se sentiam à
vontade para realizar questionamentos (n=92; 93,9%)
e de expor o que sentia (n=91; 92,9%). Todavia,
evidenciou fragilidade na compreensão a respeito do
tratamento programado (n=16; 16,3%), de acordo
com a Tabela 2.
Tabela 2 Perceção do paciente a respeito da comunicação recebida pela equipe médica durante o internamento hospitalar.
Paraná, Brasil - 2023.
Variáveis analisadas
Sim
n
%
Não
n
%
Informação sobre o motivo do internamento
89
90,8
09
9,2
Compreensão sobre o motivo de seu internamento
88
89,8
10
10,2
Informação sobre o tratamento que será submetido
84
85,7
14
14,2
Compreensão sobre a informação a respeito do tratamento
82
83,7
16
16,3
Sentiu-se à vontade para realizar questionamentos
92
93,9
06
6,1
Sentiu-se à vontade para expor o que sentia
91
92,9
07
7,1
Obteve a atenção que esperava
90
91,8
08
8,2
valor aproximado. Fonte: Dados dos autores, 2023.
No que tange perceção do paciente a respeito da
comunicação recebida pela equipe de enfermagem, grande
maioria reportou que recebeu atenção (n=95; 96,9%) e
sentiu-se à vontade para expor o que sentia (n=92; 93,9%),
conforme apresentado na Tabela 3.
100 | de Souza, SP.
Artigo Original Quantitativo
Tabela 3 Perceção do paciente a respeito da comunicação recebida pela equipe de enfermagem durante o internamento
hospitalar. Paraná, Brasil - 2023.
Variáveis analisadas
Sim
n
%
Não
n
%
Informação sobre os cuidados necessários para tratamento
80
81,6
18
18,4
Compreensão sobre os cuidados realizados
80
81,6
18
18,4
Sentiu-se à vontade para expor o que sentia
92
93,9
06
6,1
Obteve a atenção que esperava
95
96,9
03
3,1
valor aproximado. Fonte: Dados dos autores, 2023.
No que se refere a comunicação relacionada a realização de
exames laboratoriais e de imagem, observa-se que houve
prevalência na transmissão das informações sobre o motivo
para realizar exame laboratorial (n=62; 63,3%); radiografia
(n=47; 47,9%); tomografia (n=50; 51%). Contudo, a
compreensão dos pacientes não seguiu a mesma proporção
(n=58; 59,2%, n=46; 46,9%, n=48; 48,9%) respetivamente,
conforme apresentado na Tabela 4.
Tabela 4 - Perceção do paciente a respeito da comunicação recebida durante o processo da realização de exames laboratoriais
e de imagem. Paraná, Brasil - 2023.
Variáveis analisadas
Sim
n
%
Não
n
%
Não se aplica
n
%
Informação sobre o motivo para realizar exame laboratorial
62
63,3
28
28,6
08
8,2
Compreensão sobre o motivo para realizar exame laboratorial
58
59,2
30
30,6
10
10,2
Informação sobre o motivo para realizar radiografia
47
47,9
11
11,2
40
40,8
Compreensão sobre o motivo para realizar radiografia
46
46,9
12
12,2
40
40,8
Informação sobre o motivo para realizar tomografia
50
51,0
08
8,2
40
40,8
Compreensão sobre o motivo para realizar tomografia
48
48,9
08
8,2
42
42,9
valor aproximado. Fonte: Dados dos autores, 2023
No que se refere a perceção do paciente a respeito da
comunicação recebida durante o processo de administração
de medicamentos, os participantes reportaram que são
questionados sobre a presença de reação alérgica (n=76;
77,6). Mas não eram frequentemente informados sobre os
possíveis efeitos colaterais dos medicamentos (n=31;
31,6%), segundo Tabela 5.
Tabela 5 - Perceção do paciente a respeito da comunicação recebida durante o processo de administração de medicamentos.
Paraná, Brasil - 2023.
Sim
n
%
Não
n
%
Não se aplica
n
%
59
60,2
32
32,7
07
7,1
34
34,7
41
41,8
23
23,5
76
77,6
22
22,4
--
--
70
71,4
28
28,6
--
--
72
73,5
26
26,5
--
--
31
31,6
66
67,3
01
1,0
18
18,4
80
81,6
--
--
82
83,7
14
14,3
02
2,0
valor aproximado. Fonte: Dados dos autores, 2023
Os participantes identificaram a necessidade de ouvir
algumas informações da equipe de enfermagem, tais como:
evolução clínica do paciente; informações sobre os valores
vitais mensurados; orientações sobre os cuidados a serem
realizados em domicílio e no ambiente hospitalar; frases/
palavras positivas a respeito do tratamento; resultados de
exames e programação de alta. Também foi apontado
acerca da importância de que a equipe de enfermagem
ouvisse com atenção as queixas do paciente.
Em relação à comunicação com a equipe médica, os
pacientes emitiram sobre a relevância de ser informado
sobre o tempo do uso de antibiótico, durante o
internamento; evolução clínica; programação de alta
hospitalar; tempo de tratamento; se cura para a patologia
que está sendo tratada; maiores explicações sobre a doença
e tratamento necessário; encaminhamentos para apoio
social; que sejam verdadeiros nas informações que
transmitem; que a comunicação seja em uma linguagem que
seja possível compreender; resultados de exames; cuidados
em domicílio; que conversassem mais.
Discussão
De acordo com a Cartilha de Direito dos Usuários do
Sistema Único de Saúde10, todo cidadão possui o direito de
receber informações sobre seu estado de saúde, de modo
claro, objetivo, respeitoso e compreensível.
Pensar Enfermagem / v.28 n.01 / Outubro 2024 | 101
DOI: 10.56732/pensarenf.v28i1.316
Artigo Original Quantitativo
A comunicação em saúde se configura em um dos alicerces
para a realização do cuidado qualificado. A comunicação
efetiva entre o paciente e os profissionais da saúde permite
a criação de vínculo, o que torna melhor e mais eficiente a
adesão ao tratamento, consequentemente, diminui as
chances de eventos adverso.6
No presente estudo foi observado resultado satisfatório
acerca da comunicação com a equipe médica. O que
corrobora com estudo de Witiski11, que apontam que esses
profissionais compreendem que a comunicação eficaz
culmina em segurança ao atendimento ao paciente, e sua
ausência pode proporcionar a ocorrência de falhas
assistenciais.
Com relação à perceção do paciente sobre a comunicação
recebida pela equipe médica a maioria dos entrevistados
reportou satisfação com o atendimento recebido durante a
visita hospitalar. Em estudo com objetivo de graduar a
perceção dos pacientes internados na enfermaria de um
hospital universitário a respeito da equipe médica, que
realizou o atendimento, observou-se resultado semelhante,
em que os pacientes relataram satisfação do atendimento
recebido pelo motivo de se sentirem compreendidos por
meio de uma atenção especial, ao serem questionados sobre
seus sintomas, bem como, na realização de exame físico.12
Por outro lado, outra pesquisa identificou déficit na
comunicação entre médico-paciente e ressaltou sobre a
importância de o tema ser incluído nas aulas, durante a
graduação, com intuito de desenvolver/ aprimorar a
habilidade da comunicação, resultando em atendimento
humanizado.13
No presente estudo, os pacientes também relataram sentir-
se à vontade para expor o que sentia, à equipe dica,
ocorrendo o processo de falar e ouvir, similar aos dados de
outro estudo. Outra investigação também se evidenciou
que a ocorrência de uma comunicação efetiva referente ao
diagnóstico e conduta terapêutica proporciona relação de
confiança, o que contribui para o planejamento de cuidado
em conjunto.12
Em contrapartida, observou-se que alguns pacientes
reportaram fragilidades acerca da informação relacionada
ao tratamento e sobre a dificuldade em compreender o que
foi transmitido pelo profissional. Em um estudo, com
objetivo de qualificar a perceção de pacientes internados
acerca da comunicação recebida de médicos cirurgiões e
clínicos em um hospital universitário, evidenciou-se
insatisfação dos pacientes a respeito da comunicação
médica, devido a utilização de termos técnicos
incompreensíveis e informações insuficientes13. No estudo
de Corrêa14 também se evidenciou dados semelhantes, em
que os pacientes sentiram-se insatisfeitos com a carência de
informações transmitidas.
Referente à atuação da equipe médica, de modo geral, os
pacientes relataram que receberam a atenção que esperava
sendo levado em conta alguns fatores, como: atenção,
respeito, empatia e sensibilidade as queixas e situações
relatadas. Em outra pesquisa, concluiu-se que houve
fortalecimento na relação médico-paciente por conta da
sensibilidade desses profissionais frente as necessidades e
aos problemas relatados pelos pacientes, proporcionando
satisfação em relação ao atendimento recebido.12
No que tange a comunicação recebida pela equipe de
enfermagem durante seu internamento hospitalar, os
participantes indicaram perceção positiva. A comunicação
eficaz sobre os procedimentos, intervenções e plano de
tratamento, da equipe de enfermagem, é crucial para que os
pacientes compreendam e participem ativamente de seu
próprio cuidado.15 Visto que aqueles que não recebem
informações adequadas podem enfrentar dificuldades em
compreender a importância de certos cuidados e podem se
sentir menos envolvidos em seu processo de tratamento.16
Infere-se que esses resultados são oriundos da
compreensão sobre os cuidados realizados; de sentirem-se
à vontade para expressar o que sentiam; e, por obterem a
atenção que esperava, emitidos pelos participantes. Fatores
que proporcionam bem-estar emocional, diminuição de
estresse e ansiedade associados à hospitalização.16 Ademais,
é possível inferir que a equipe de enfermagem, responsável
pelo cuidado dos pacientes participantes da presente
pesquisa, se esforçam para ouvir e responder às demandas,
o que é fundamental para construir um relacionamento de
confiança e respeito mútuo.16
A respeito da comunicação na realização de exames
laboratoriais e de imagem, de modo geral obteve-se
avaliações positivas sobre esse processo. Em outro estudo
semelhante identificou-se que 93,6% dos participantes
entenderam a razão do exame.16 Vale ressaltar que quando
alguém está hospitalizado, encontra-se em um estado
vulnerável e, teoricamente, a realização de exames pode
criar a perceção de estar sendo cuidado, o que pode causar
uma mistura de sentimentos entre compreender
genuinamente a necessidade do exame e simplesmente
aceitá-lo passivamente.17
A compreensão sobre o motivo da realização dos exames
também se configura em um aspeto importante, visto que
a comunicação efetiva não se constitui em algo tangível, e
isso exige comprometimento do profissional envolvido.17
Em outro estudo, destacou-se que a comunicação efetiva
exige dos profissionais disposição para se engajar.18 Além
disso, possibilita que o paciente tenha uma experiência mais
satisfatória, o que proporciona a aceitação do tratamento,
segurança do paciente e contribui para uma assistência
eficiente e de qualidade.1
Ressalta-se que mais da metade dos pacientes que foram
submetidos a tomografia verbalizaram receber a
informação a respeito de realizar tomografia, sendo
considerado um resultado favorável ao cuidado. Visto que
com o aumento da disponibilidade de informações os
indivíduos passaram a ter mais conhecimento sobre a
assistência recebida.17 Esse entendimento desenvolve no
paciente um entendimento e perceção adequada, o que
permite o desenvolvimento de uma comunicação eficaz
entre pacientes e profissionais da saúde.10
No que tange a comunicação no processo medicamentoso
evidenciou-se resultados positivos, na maioria dos relatos
dos pacientes. Os pontos que indicam oportunidades de
melhoria estão relacionados a ausência de informação sobre
a suspensão de medicamentos. Uma das maiores carências
102 | de Souza, SP.
Artigo Original Quantitativo
que compromete a qualidade assistencial aos pacientes é a
comunicação inadequada ou sua ausência na atuação da
equipe multiprofissional, que por consequência afeta
diretamente na segurança à saúde tanto de quem busca,
quanto de quem oferece assistência.19
A falta de informação aos pacientes, podem ocasionar em
eventos adversos relacionadas ao cuidado20, sendo
importante proporcionar comunicação adequada e
precisa.21
A prescrição de medicamentos se configura em um
documento médico, realizado de acordo com a necessidade
e tratamento do paciente22, a administração da medicação é
realizada pela enfermagem, e se houver suspensão de
medicamentos deve-se informar ao paciente, o que
proporciona cuidado seguro.
Os achados deste estudo enfatizam que a comunicação em
saúde vai além do simples ato de transmitir informações;
ela envolve a compreensão, empatia e construção de
confiança entre os pacientes e as equipes de saúde.
Melhorar a comunicação em todos esses aspetos é crucial
para garantir um cuidado de saúde eficaz, seguro e centrado
no paciente. As áreas de melhoria identificadas fornecem
um caminho claro para intervenções que podem
transformar a experiência do paciente e a qualidade dos
cuidados de saúde.
A partir do desenvolvimento do presente estudo, identifica-
se a necessidade de se considerar as barreiras culturais e
linguísticas na comunicação em saúde. Em um hospital de
alta complexidade, onde os pacientes podem vir de diversas
origens culturais e socioeconômicas, adaptar a
comunicação para superar essas barreiras é essencial para
garantir que todos os pacientes recebam um cuidado
compreensível e equitativo. Ademais, destaca a importância
de programas contínuos de educação e treinamento em
comunicação para todos os profissionais de saúde. Esses
programas devem focar o apenas em habilidades
técnicas, mas também em habilidades interpessoais e
empáticas, que são fundamentais para uma comunicação
eficaz e para a criação de uma experiência de cuidado
centrada no paciente.
As limitações referentes a essa pesquisa permeiam questões
relacionadas a ao tamanho das amostras, sendo necessário
ampliar e diversifica-las, a utilização de métodos
qualitativos complementares e explorando a comunicação
em diferentes contextos e com diferentes populações de
pacientes. Entender profundamente as nuances da
comunicação em saúde é essencial para melhorar a
qualidade do cuidado e a segurança dos pacientes.
Conclusão
Conclui-se que a perceção dos pacientes investigados sobre
a comunicação em saúde é satisfatória, que eles sentem-se
à vontade para expressar suas preocupações e recebem a
atenção que esperavam. O que contribui para a construção
de um relacionamento de confiança e respeito mútuo entre
os pacientes e a equipe de saúde. Por outro lado,
identificam-se fragilidades na comunicação em relação a
informações dos possíveis efeitos colaterais do
medicamento. A habilidade de transmitir informações de
maneira clara e compreensível, ouvir atentamente as
preocupações dos pacientes e responder de forma empática
não melhora a experiência do paciente, mas também
contribui para a segurança e eficácia do cuidado prestado.
Contribuições autorais
Souza, Sonia P: Recolha de dados; Análise e interpretação
dos dados; Análise estatística; Redação do manuscrito;
Silva, Letícia B: Recolha de dados; Análise e interpretação
dos dados; Análise estatística; Redação do manuscrito;
Rosa, Daielle VL: Recolha de dados; Análise e interpretação
dos dados; Análise estatística; Redação do manuscrito;
Ferreira, Gabriele CS: Recolha de dados; Análise e
interpretação dos dados; Análise estatística; Redação do
Manuscrito;
Reis, Gislene AX: Análise e interpretação dos dados; Análise
estatística; Revisão crítica do manuscrito.
Conflitos de interesse e financiamento
Nenhum conflito de interesse foi declarado pelos autores.
Fontes de apoio / Financiamento
O estudo não foi objeto de financiamento.
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