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Cochrane Corner
Pensar Enfermagem / v.28 n.01 / Dezembro 2024
DOI: 10.71861/pensarenf.v28i1.413 126
doenças não-transmissíveis e à necessidade de um cuidado transi-
cional competente (3,4). Neste contexto, a evidência refere que a
hospitalização domiciliária pode ser uma estratégia promotora de
respostas integradas aos utentes que se movimentam no continuum
de cuidados entre o domicílio, a comunidade e o hospital, melho-
rando a sua capacitação, empoderando-os para a tomada de decisão
e reduzindo a probabilidade de complicações (5–7).
Embora se arme como uma temática com aplicabilidade relativa-
mente recente, existem outros estudos secundários com foco neste
fenómeno. Chen e colaboradores, que realizaram uma revisão sis-
temática da literatura sobre os fatores facilitadores e dicultadores
da hospitalização domiciliária como metodologia de cuidado tran-
sicional, identicaram a necessidade de estabelecer parcerias com
os utentes e cuidadores para a auto-gestão, bem como de dotar os
programas de hospitalização domiciliária de abordagens promoto-
ras da transição segura entre o hospital e o domicílio (8). Por outro
lado, Lin e colaboradores encontraram, numa revisão sistemática
da literatura com meta-análise, evidência de que a hospitalização
domiciliária enquanto resposta para a alta precoce em pessoas ido-
sas pode estar associada a uma diminuição da mortalidade e dura-
ção do tratamento, embora o impacto nas taxas de readmissão e no
estado psíquico dos utentes seja inconclusivo (9). Os resultados da
presente revisão enquadram-se nas conclusões já versadas na evi-
dência cientíca, acrescentando contributos relevantes para a im-
plementação de programas de hospitalização domiciliária.
Em Portugal, a hospitalização domiciliária encontra-se a dar passos
importantes para o seu desenvolvimento à medida que cada vez
mais equipas são implementadas. Embora seja considerada como
uma metodologia inovadora de prestação de cuidados (10), que
pode assumir-se como uma solução ecaz para responder à pressão
elevada existente sobre o sistema de saúde, são necessárias ações
adicionais para conceber programas com a participação dos utentes
e dos cuidadores, bem como com inclusão de tecnologia, e para
dotar as equipas de recursos humanos e materiais adequados para o
desempenho seguro e efetivo das suas funções.
Implicações Clínicas
Os resultados da presente revisão permitirão o desenvolvimento de
programas de hospitalização domiciliária com foco no utente e no
cuidador e envolvendo, desde o seu desenho, atores de várias áreas
disciplinares com potencial de contribuir positivamente para a sua
ecácia, adaptação contextual e para o desenvolvimento sustentá-
vel. Futura investigação deverá privilegiar desenhos que coloquem
os utentes e os cuidadores no seu centro, procurando desocultar as
suas perceções e promover o seu envolvimento na conceção des-
tes programas. Impõe-se uma reexão multissetorial, com envol-
vimento da academia, clínica, investigação, decisores e sociedade
em geral sobre as oportunidades que a hospitalização domiciliária
desvenda na era da saúde 5.0., nomeadamente quanto à inclusão da
tecnologia nos cuidados de saúde.
Contribuições autorais
Adriana Henriques deniu a estrutura de acordo com orientações
Cochrane. Todos colaboraram na redação e revisão do manuscrito
concordaram com a versão nal.
Conitos de interesse
Nenhum conito de interesse foi declarado pelos autores.
Fontes de apoio / Financiamento
Não há nanciadores a relatar para esta submissão.
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