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Editorial
Galinha-de-Sá, F.
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relevantes; A – Avaliação – Informações sobre o estado do doente, terapêutica medicamentosa e não medicamentosa instituída, estratégias
de tratamento, alterações de estado de saúde signicativas; R – Recomendações – Descrição de atitudes e plano terapêutico adequados à
situação clínica do doente. A transferência de informação entre prossionais de saúde deve ser prioritária em todos os momentos vulnerá-
veis ou críticos de transição de cuidados, sendo que os responsáveis pelo processo de transmissão de informação devem estar identicados
de forma inequívoca (nome, categoria e função). Esta transmissão de informação deve ser escrita e realizada sem interrupções, devendo
ser garantida a clareza e a legibilidade da informação.
A Organização Mundial de Saúde, no seu Plano de Ação Mundial para a Segurança do Doente - 2021-2030, menciona a importância da
liderança de forma a criar um ambiente seguro. Este compromisso da liderança envolve vários requisitos, sendo um dos centrais a comu-
nicação do sistema de saúde.3 A comunicação deve ser transparente e eciente ao longo do contínuo de cuidados complexos que o doente
vivencia, sendo que deve ser assegurada a continuidade de cuidados ao longo do percurso do doente que recebe cuidados de diferentes
prossionais de saúde. Sendo aceite que a melhoria da qualidade dos cuidados de saúde se mede, sobretudo, através dos ganhos obtidos
em eciência e ecácia da sua prestação, é indiscutível que estes mesmos ganhos só serão signicativos se for otimizada a sua segurança.3,4
Deste modo as instituições devem assegurar que o respetivo plano anual de formação contemple formação especíca para todos os pros-
sionais envolvidos no processo de transferência de informação, que inclua a técnica ISBAR. E também este processo de transferência de
informação deve ser monitorizado através da execução de auditorias internas.
Consciente da prioridade que deve ser dada à garantia da segurança e qualidade da prestação de cuidados de saúde, o trabalho em equipa
transdisciplinar assume-se como um imperativo na consecução de resultados em saúde através de um trabalho colaborativo. A transição
de cuidados, requer uma abordagem transdisciplinar, que visa garantir que a pessoa mude de forma segura de uma instituição de cuida-
dos para outra e de um prossional de cuidados de saúde para outro. O trabalho em equipa transdisciplinar também visa garantir que
o prossional da área de cuidados de saúde mais qualicado fornece o cuidado para cada problema e que esse cuidado não é duplicado
ou contraditório ao plano de cuidados estabelecido para o doente. O cuidado transdisciplinar é particularmente importante quando o
tratamento é complexo ou quando ele envolve a mudança de uma instituição de cuidado para outra.
A adoção de um Modelo de Cuidado Transicional revelou redução nos custos em saúde e dos reinternamentos hospitalares, em que os
componentes principais consistem em: rastreio/vigilância; prossionais de saúde; manutenção de relacionamentos; envolver pacientes e
cuidadores familiares; avaliar e gerir riscos e sintomas; educar e promover a autogestão; colaboração; promover a continuidade; e promover
a coordenação.5 Embora cada elemento seja denido separadamente, é importante notar que todos estão interligados e fazem parte de
um processo de cuidado holístico.
A continuidade dos cuidados tem impacto na utilização ecaz dos serviços de cuidados de saúde e nos resultados obtidos em termos de
saúde da população.2,5 Os doentes, especialmente aqueles com necessidades de saúde múltiplas ou bastante complexas, valorizam a con-
tinuidade do cuidado em termos de formação de uma relação longitudinal e de conança com os prossionais de saúde. Atualmente, nos
sistemas de saúde, várias estratégias visam alcançar uma elevada continuidade dos cuidados, como a gestão de casos, a prática avançada de
enfermagem e os cuidados integrados.2 As novas tecnologias em saúde trazem uma mudança transformacional, potenciando a literacia
em saúde com o envolvimento do doente, família e sociedade no processo de saúde-doença.
Os artigos publicados no número 28 da Revista Pensar Enfermagem abordaram temáticas intrinsecamente ligadas à continuidade do cui-
dado em saúde, seja pela promoção da assistência a diferentes grupos da população, quer através de implementação e análise de serviços,
como consultas de enfermagem. O enfoque na comunicação em saúde como forma de assegurar esta continuidade também emerge em
diversos artigos que referem novas ferramentas e tecnologias de aproximação à comunidade. Importa reetir que a promoção da segurança
em saúde assenta nestas dimensões tão signicativas, pelo que se lança o desao de incrementar a investigação, e sua disseminação, nesta
área.
Referências
1. Mccormack B, McCance T. e Person-Centred Nursing Framework. In book: Person-centred Nursing Research: Methodology, Me-
thods and Outcomes, April 2021. https://doi.org/10.1007/978-3-030-27868-7_2
2. Forstner J, Arnold C. Continuity of Care: New Approaches to a Classic Topic of Health Services Research. In: Wensing, M., Ullrich,
C. (eds) Foundations of Health Services Research. Springer, Cham., 2023. https://doi.org/10.1007/978-3-031-29998-8_21
3. World Health Organization. WHO Global patient safety action plan 2021–2030: towards eliminating avoidable harm in health care.
World Health Organization, 2021. https://iris.who.int/handle/10665/343477
4. Direção Geral de Saúde. DGS - Norma nº 001/2017, de 08.02.2017. Comunicação ecaz na transição de cuidados de saúde. Direção
Geral de Saúde.
5. Hirschman K, Shaid E, McCauley K, Pauly M, Naylor M. Continuity of Care: e Transitional Care Model, OJIN: e Online Jour-
nal of Issues in Nursing Vol. 20, No. 3, Manuscript 1, September 30, 2015.https://doi.org/10.3912/OJIN.Vol20No03Man01