Vol. 20 N.º 2 (2016): Revista Científica Pensar Enfermagem
Artigos originais

Modelos de competência cultural: uma análise crítica

Maria Augusta Grou Moita
Enfermeira, Professora Coordenadora Mestre em Ciências de Enfermagem, Doutoranda em Enfermagem Escola Superior de Enfermagem de Lisboa
Alcione Leite da Silva
Enfermeira, Professora Associada Convidada Doutora em Filosofia em Enfermagem Universidade de Aveiro

Publicado 30-12-2016

Palavras-chave

  • competência cultural,
  • cultura,
  • modelos de competência cultural,
  • enfermagem

Como Citar

Grou Moita, M. A., & Leite da Silva, A. (2016). Modelos de competência cultural: uma análise crítica. Pensar Enfermagem, 20(2), 72–88. https://doi.org/10.56732/pensarenf.v20i2.120

Resumo

Os modelos de competência cultural guiam a ação de enfermeiro/a/s para uma prática de cuidado culturalmente competente, a qual se revela essencial no mundo multicultural em que vivemos. Considerando que um cuidado de enfermagem culturalmente relevante é um cuidado sensível, centrado na pessoa e que reflete a compreensão pela sua identidade cultural, as autoras procuraram conhecer o que tem sido publicado neste âmbito. A análise crítica que se apresenta parte dos conceitos de cultura e de competência cultural, assim como da sua relação com os desenhos conceptuais desenvolvidos pelos modelos de competência cultural. A literatura aponta a coexistência das perspetivas essencialista e construtivista do conceito de cultura, as quais, sendo antagónicas, determinam diferenças substanciais na construção dos modelos de competência cultural. As diferenças encontradas refletem-se também na definição de competência cultural em que se ancoram, dando origem à categorização em modelos teóricos e modelos metodológicos. As limitações observadas nos modelos de competência cultural relacionam-se principalmente com a visão essencialista da cultura em que se fundamentam e que pode reforçar uma posição etnocêntrica do cuidado. Em decorrência de serem muito abstratos, poucos modelos têm sido empiricamente testados. Outra limitação refere-se ao facto dos modelos avaliarem apenas a competência cultural dos profissionais de saúde, desconsiderando os clientes e a saúde. A conceção essencialista da cultura emerge também nas estratégias de ensino-aprendizagem mais utilizadas. A imersão cultural é apontada como estratégia central para o sucesso do treino da competência cultural, observada como um processo contínuo, dinâmico e em permanente evolução. O desenvolvimento da competência cultural é determinante para a prestação de um cuidado de enfermagem culturalmente relevante, o qual contribui para a redução das iniquidades na saúde nos contextos de diversidade cultural.

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