Vol. 15 N.º 2 (2011): Revista Científica Pensar Enfermagem
Artigos de revisão

A experiência vivida da pessoa doente internada numa UCI: revisão sistemática da literatura

Cidália Castro
Escola Superior de Saúde Egas Moniz; Centro Hospitalar Barreiro Montijo – EPE; Unidade de Investigação e Desenvolvimento em Enfermagem (ui&de)
José Vilelas
Escola Superior de Saúde Cruz Vermelha Portuguesa; Unidade de Investigação e Desenvolvimento em Enfermagem (ui&de)
Maria Antónia Rebelo Botelho
Escola Superior de Enfermagem de Lisboa; Unidade de Investigacão e Desenvolvimento em Enfermagem (ui&de).

Publicado 31-12-2011

Palavras-chave

  • experiência vivida,
  • unidade de cuidados intensivos,
  • pessoa doente,
  • enfermagem

Como Citar

Castro, C., Vilelas, J., & Rebelo Botelho, M. A. (2011). A experiência vivida da pessoa doente internada numa UCI: revisão sistemática da literatura. Pensar Enfermagem, 15(2), 41–59. https://doi.org/10.56732/pensarenf.v15i2.58

Resumo

Problemática: O internamento numa unidade de cuidados intensivos, de pessoas vulneráveis, instáveis e em estado crítico, em que a finitude está constantemente presente, obriga a uma assistência intensiva e a uma tecnologia altamente sofisticada com o objectivo de manutenção da vida. Neste ambiente que muito contribui para a despersonalização e para aumentar a ansiedade em relação ao seu estado clínico, a vivência destas pessoas, torna-se singular e de especial interesse para os profissionais de enfermagem. As experiências vividas permitem a compreensão das diferentes formas de ver o mundo. Watson (1988) refere que as experiências humanas não podem ser medidas, apenas podem ser explicadas na forma como são percepcionadas, ou seja, a essência do fenómeno através dos olhos da pessoa que o vivencia. Só assim será possível compreender as experiências e descrição dos significados humanos, conduzindo à exploração do fenómeno.

Objectivo: Descrever e analisar estudos que permitam compreender o significado da experiência vivida face ao internamento da pessoa doente numa UCI.

Desenho: Revisão sistemática da literatura pelo método PI[C]OS.

Métodos: Foram incluídos 11 estudos a partir da pesquisa em bases de dados electrónicas (EBSCO), cujos participantes foram pessoas com idade superior a 18 anos, que tinham estado internados em UCI.

Resultados: A experiência vivida pelos participantes dos estudos incluídos nesta RSL, revelou-se maioritariamente de carácter negativo. São vivências que estão normalmente associadas a sentimentos tais como o terror e a ansiedade, associados à morte, à incapacidade de distinguir o tempo, o local e a família e à dificuldade em comunicar. A dor e o sofrimento físico foram bastante experienciados. O suporte social da família, a espiritualidade e as crenças religiosas foram salientadas como fonte de apoio emocional e facilitador do internamento. Nas vivências dos participantes quando se referem ao ambiente dos cuidados intensivos
encontramos dois temas distintos: o ambiente tecnológico, que é descrito como desagradável em que o “ouvir o alarme do monitor cardíaco” o “ouvir os ruídos e alarmes” é fonte de stress e o comportamento no cuidar em enfermagem, gerador de sentimentos positivos, nomeadamente de segurança, confiança e tranquilidade, associados à percepção da empatia e do profissionalismo da equipa no domínio das suas competências.

Conclusões: Os estudos analisados indicam-nos que as vivências das pessoas internadas na UCI estão geralmente associadas a sentimentos negativos, tais como o medo da morte e a dificuldade em adormecer, a sonhos e a alguma incapacidade em orientar-se no espaço e no tempo. Todavia, também encontrámos aspectos positivos, como a amabilidade dos enfermeiros, a empatia e a segurança na prestação de cuidados. Realçamos, a família, a espiritualidade e as crenças religiosas como estratégias de apoio que as pessoas doentes em UCI recorrem durante o internamento.

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