Publicado 31-12-2011
Palavras-chave
- experiência vivida,
- unidade de cuidados intensivos,
- pessoa doente,
- enfermagem
Como Citar
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Resumo
Problemática: O internamento numa unidade de cuidados intensivos, de pessoas vulneráveis, instáveis e em estado crítico, em que a finitude está constantemente presente, obriga a uma assistência intensiva e a uma tecnologia altamente sofisticada com o objectivo de manutenção da vida. Neste ambiente que muito contribui para a despersonalização e para aumentar a ansiedade em relação ao seu estado clínico, a vivência destas pessoas, torna-se singular e de especial interesse para os profissionais de enfermagem. As experiências vividas permitem a compreensão das diferentes formas de ver o mundo. Watson (1988) refere que as experiências humanas não podem ser medidas, apenas podem ser explicadas na forma como são percepcionadas, ou seja, a essência do fenómeno através dos olhos da pessoa que o vivencia. Só assim será possível compreender as experiências e descrição dos significados humanos, conduzindo à exploração do fenómeno.
Objectivo: Descrever e analisar estudos que permitam compreender o significado da experiência vivida face ao internamento da pessoa doente numa UCI.
Desenho: Revisão sistemática da literatura pelo método PI[C]OS.
Métodos: Foram incluídos 11 estudos a partir da pesquisa em bases de dados electrónicas (EBSCO), cujos participantes foram pessoas com idade superior a 18 anos, que tinham estado internados em UCI.
Resultados: A experiência vivida pelos participantes dos estudos incluídos nesta RSL, revelou-se maioritariamente de carácter negativo. São vivências que estão normalmente associadas a sentimentos tais como o terror e a ansiedade, associados à morte, à incapacidade de distinguir o tempo, o local e a família e à dificuldade em comunicar. A dor e o sofrimento físico foram bastante experienciados. O suporte social da família, a espiritualidade e as crenças religiosas foram salientadas como fonte de apoio emocional e facilitador do internamento. Nas vivências dos participantes quando se referem ao ambiente dos cuidados intensivos
encontramos dois temas distintos: o ambiente tecnológico, que é descrito como desagradável em que o “ouvir o alarme do monitor cardíaco” o “ouvir os ruídos e alarmes” é fonte de stress e o comportamento no cuidar em enfermagem, gerador de sentimentos positivos, nomeadamente de segurança, confiança e tranquilidade, associados à percepção da empatia e do profissionalismo da equipa no domínio das suas competências.
Conclusões: Os estudos analisados indicam-nos que as vivências das pessoas internadas na UCI estão geralmente associadas a sentimentos negativos, tais como o medo da morte e a dificuldade em adormecer, a sonhos e a alguma incapacidade em orientar-se no espaço e no tempo. Todavia, também encontrámos aspectos positivos, como a amabilidade dos enfermeiros, a empatia e a segurança na prestação de cuidados. Realçamos, a família, a espiritualidade e as crenças religiosas como estratégias de apoio que as pessoas doentes em UCI recorrem durante o internamento.