Vol. 17 N.º 1 (2013): Revista Científica Pensar Enfermagem
Artigos de revisão

Intervenção do enfermeiro que cuida da pessoa em fim de vida com alterações do comer e beber

Patrícia Vinheiras Alves
RN, MSc, Doutoranda em Enfermagem, Professora Adjunta, Escola Superior de Enfermagem de Lisboa

Publicado 03-07-2013

Palavras-chave

  • pessoa em fim de vida,
  • comer,
  • beber,
  • enfermagem

Como Citar

Vinheiras Alves, P. (2013). Intervenção do enfermeiro que cuida da pessoa em fim de vida com alterações do comer e beber. Pensar Enfermagem, 17(1), 17–30. https://doi.org/10.56732/pensarenf.v17i1.75

Resumo

Este artigo constitui o relatório de um estudo de revisão sistemática da literatura (RSL) e centra-se na intervenção do enfermeiro à pessoa em fim de vida com alterações do comer e beber. À medida que a doença da pessoa em fim de vida progride, há degradação contínua do seu estado e à medida que se aproxima da morte, assiste-se a um desinteresse e recusa de comida e bebida. No entanto, comer e beber tem um peso simbólico de vida na maioria das culturas, sendo a sua diminuição associada a morte, em que as famílias, na maior parte das vezes, não estão preparadas para esta situação, persuadindo e exigindo aos profissionais e ao próprio doente a manutenção da comida e bebida, apesar da recusa deste último, assistindo-se, na hora das refeições, a grande ansiedade do doente e família. Esta RSL tem como objetivo conhecer a evidência científica no que se refere à intervenção do enfermeiro à pessoa em fim de vida com alterações do comer e beber seguindo o método PICO, segundo The Joanna Briggs Institute (2008). Aplicando os critérios de inclusão e de exclusão definidos, foram selecionados 4 estudos que foram analisados tendo emergido dois temas: a intervenção do enfermeiro na tomada de decisão quanto à alimentação e nutrição artificiais à pessoa em fim de vida com alterações do comer e beber, a intervenção do enfermeiro na avaliação e acompanhamento da pessoa em fim de vida com alterações do comer e beber.

Os resultados desta revisão sugerem que a investigação na área da intervenção do enfermeiro à pessoa em fim de vida com alterações do comer e beber é essencialmente de natureza qualitativa, baseada nas perceções e opiniões dos enfermeiros, centrando-se nas temáticas acima referidas, não se conhecendo as intervenções dos enfermeiros neste âmbito, as condições em que ocorrem e os seus resultados, pelo que se conclui que é uma área do conhecimento a explorar. Além disso, também emerge o desfasamento entre as necessidades do doente em fim de vida e da família relativamente ao comer e beber, pelo que existe necessidade de explorar o processo de cuidados à pessoa em fim de vida com alterações do comer e beber e família. Outro aspeto que surge nesta RSL é a dificuldade dos enfermeiros em abordar o assunto com o doente relativamente à perda de peso da pessoa em fim de vida, pelo que carece explorar as razões dessas dificuldades. Além da investigação nesta área ser escassa e as intervenções dos enfermeiros serem pouco claras emerge também, nesta RSL, que o enfermeiro pode ter um papel significativo relativamente ao processo de decisão para a alimentação artificial e hidratação à pessoa em fim de vida no sentido de dar apoio ao doente e família, orientá-los e informá-los, considerando os enfermeiros esse papel como muito importante.

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